A retomada da exportação de carne bovina brasileira para a China, anunciada no ano passado como um divisor de águas para a pecuária, será um dos principais assuntos da visita do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, nesta próxima semana. Ele vem ao Brasil acompanhado de 150 empresários. A expectativa do governo brasileiro é assinar um protocolo sanitário que deve agilizar os negócios.
Os chineses consomem mais suínos e frangos do que bovinos, mas a dimensão do mercado de mais de 1,3 bilhão de pessoas — que consome cada vez mais proteína animal — impressiona fornecedores externos.
Com a abertura do mercado chinês, a expectativa do governo brasileiro é que o valor em vendas alcance patamar próximo a US$ 1 bilhão. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Camardelli, prefere não fazer previsão de valor das exportações de carne bovina com a liberação. Para frangos e suínos, o governo tem a expectativa de elevar em 20% as vendas.
Embargo
O protocolo oficializará o anúncio de fim do embargo chinês à carne vermelha brasileira, anunciado em julho do ano passado pelo presidente Xi Jinping. Para retomar as vendas, o Brasil precisa ir além do aval formal e fazer um trabalho de reposicionamento no mercado chinês.
Com isso em vista, o governo e o setor privado brasileiro articulam, para menos de um mês após a visita de Li Keqiang (provavelmente entre 9 e 12 de junho), uma missão para promover as carnes bovina, suína e de frango na China. A viagem é organizada pela Agência Brasileira de Promoção às Exportações e investimentos (Apex), em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
- A gente ainda não sabe a quantidade de plantas [frigoríficos] que serão liberadas, se aquelas nove iniciais ou mais – diz o presidente da Abiec.
A referência de Antônio Camardelli são os frigoríficos habilitados durante o anúncio do fim do embargo, em julho de 2014.
A China embargou a carne bovina do Brasil em 2012, em razão da descoberta, em território brasileiro, de um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), a doença da vaca louca. Na ocasião, o Brasil havia conseguido entrar há pouco tempo no “restrito e burocrático” mercado chinês.
- É um mercado que retorna, que foi embora quando estávamos começando a entendê-lo – destacou Camardelli.
Segundo ele, o Brasil precisa fazer novo esforço para compreender os chineses. De acordo com o presidente da Abiec, a China será um grande parceiro comercial e a reabertura do seu mercado à carne brasileira é um presente de Natal antecipado.
Fonte: Gazeta do Povo