A redução na disponibilidade de financiamentos na comparação com a edição passada; o aumento dos custos de produção da próxima safra de verão devido a alta do dólar e a instabilidade política do País. Esses fatores atingiram em cheio os negócios no setor de máquinas e implementos agrícolas da Expointer 2015. Conforme relatório divulgado no site oficial da feira, até às 19 horas deste sábado (05/09) as vendas desse segmento somaram R$ 1,350 bilhão – praticamente a metade do volume registrado em 2014. Na feira anterior foram movimentados R$ 2,713 bilhões.
A Semeato lançou a SSM 33 FFI – semeadora de 13 linhas para as culturas de verão: soja, milho e algodão com habilidade para fazer taxa variável de adubo e semente na agricultura de precisão. Outro diferencial é o sistema de monitoramento para todas as linhas de plantio com informações em tempo real que o agricultor pode acompanhar na cabine do trator. O modelo exposto no estande foi vendido já na segunda-feira (28/08), mas a indústria de Passo Fundo/RS deve fechar a participação no evento com recuo de até 25% nas vendas. Conforme o coordenador geral de vendas no Brasil da Semeato, Valdes Canabarro, o mercado já sinalizava para essa queda.
- Já esperávamos esta redução e foi para todo mundo. Com este cenário de incertezas, o pessoal fica com receio de investir – relata Canabarro.
As vendas da linha de silagem para alimentação do gado da Nogueira também caíram em até 30% na comparação com os valores recordes de 2013 e 2014, que foram bem acima da média dos últimos anos. Mas de acordo com o coordenador de marketing da empresa, André Latarini, foi possível repetir os números de 2012.
- Não viemos com a expectativa dos dois últimos anos, devido ao panorama das outras feiras. Os anos anteriores foram bons demais, uma hora aconteceria a retração – avalia Latarini.
O pecuarista de Butiá/RS, Davi Vieira Correa, circula pelo parque de exposições Assis Brasil, em Esteio/RS, com o pé no freio e a certeza de que o momento não é para abrir o bolso.
- Estamos mais dando uma olhada, hoje não tenho interesse em comprar, quem sabe mais pra frente – destaca Correa.
E esse futuro de aquecimento nas vendas está sendo aguardado pelas indústrias e revendas.
- Acredito que no próximo ano o mercado começa a reagir, mas para atingir os patamares de vendas de 2014, vai demorar um pouco mais – projeta o coordenador geral de vendas no Brasil da Semeato.
Enquanto os maiores fabricantes de máquinas e implementos agrícolas sentem os reflexos da crise econômica, algumas empresas menores comemoram as vendas para produtores rurais que não estão dispostos a investir pesado. A Eco Four, que recicla tubos de pasta de dente para fabricar produtos ecológicos como saleiros e cochos para o gado, está satisfeita com a estreia na Expointer.
- Os resultados foram melhores que a Agrishow de Ribeirão Preto/SP. Já vendemos R$ 80 mil, mas devemos fechar em cinco vezes esse valor – revela o diretor, Adriano David.