A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), estendeu nesta quarta-feira (29/6) a licença de venda da substância glifosato, importante ingrediente de defensivos agrícolas, por até 18 meses.
A medida foi tomada após os membros do bloco econômico não chegarem a um consenso sobre a renovação da licença do produto. A decisão era esperada por participantes do mercado, já que o prazo venceria nesta quinta-feira (30).”Após os participantes da EU não chegarem a um consenso em votação, a responsabilidade sobre a permissão de venda passou para a Comissão, que decidiu prorrogar o prazo por período limitado”, afirmou um porta-voz da entidade.
A continuidade da permissão para o glifosato ficou sob risco após a Organização Mundial da Saúde (OMS) e sua Agência de Pesquisa para o Câncer apontarem, no ano passado, que o glifosato “provavelmente” teria potencial risco cancerígeno para humanos. A alegação foi contestada por outras agências de saúde pública, inclusive por um estudo produzido pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA, na sigla em inglês).A nova liberação deverá valer até que a Agência Europeia de Produtos Químicos conclua sua pesquisa sobre o risco cancerígeno oferecido pelo glifosato, o que deve ocorrer no fim de 2017.
Ainda assim, restrições foram impostas, com a proibição de um produto equivalente ao glifosato e obrigações sobre a aplicação antes da colheita, além de recomendações para reduzir o uso do produto em jardins e parques públicos.
- A comissão lamenta que os membros não tenham chegado a uma definição coletiva sobre as condições propostas e informa que fará os esforços necessários para garantir a imposição das restrições o quanto antes – afirmou o porta-voz.
Inicialmente, havia sido proposta um extensão da liberação pelo prazo de 15 anos. Porém, a oposição de governos e grupos de interesse pesaram sobre a decisão do colegiado.
No início de junho, Malta foi o único país a votar contra a extensão de até 18 meses. Alemanha, Itália e França, porém, decidiram se abster da votação, para evitar pressões políticas internas, de modo que a maioria necessária para garantir a liberação não foi atingida.Lobistas da indústria química e de biotecnologia não comemoraram a curta prorrogação.
- Muitos dirão que é um tipo de vitória, mas na realidade estamos decepcionados porque a proposta inicial de 15 anos foi substituída por 18 meses – disse a Associação Europeia de Proteção de Lavouras, que representa, entre outras companhias, Bayer, Monsanto e Syngenta.
Um membro ambientalista do Parlamento Europeu, por outro lado, afirmou que a decisão da Comissão desconsiderou a opinião de governos e cidadãos europeus. Fonte: Dow Jones Newswires.
Fonte: Globo Rural