O elevado patamar de consumo de etanol no ano passado fez com que os preços de entressafra chegassem mais cedo.
O litro de etanol hidratado na porta da usina saiu de R$ 1,30 em setembro para até R$ 1,95 no mês passado, conforme dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Foi uma alta de escada, no entanto, que durou seis meses.
Bastou o setor sair da entressafra e iniciar a safra para os preços despencarem. O litro do etanol hidratado recebido pelo produtor recuou, em apenas quatro semanas, para R$ 1,43. Foi uma descida de elevador.
Essa acelerada queda dos preços na usina ainda não teve reflexos, no entanto, no bolso dos consumidores, que continuam pagando, em média, R$ 2,70 por litro de etanol no Estado de São Paulo, conforme dados da ANP.
A transferência de renda do setor mudou para distribuição e revenda. Na semana passada, a diferença entre o preço pago pelo consumidor e o do etanol na porta da usina era de R$ 1,27.
Descontado o ICMS de R$ 0,33, a margem bruta da distribuição e de revenda era de R$ 0,94 por litro.
O valor da margem, ao sair de R$ 0,44 na primeira quinzena de março para o atual R$ 0,94, teve alta de 114%.
O setor vai ter de redefinir essas margens para toda a cadeia. Resta saber se esse acerto vai ser feito de escada ou de elevador. Um repasse de parte dessa margem para os preços do combustível na bomba traria dois efeitos neste momento de crise econômica e de queda de renda.
Fonte: Folha de S.Paulo