O uso e ocupação de áreas de alta declividade favorecem, quase sempre, perdas de solo por erosão, uma das principais responsáveis pela sua degradação, com consequências prejudiciais à produtividade agrícola e às atividades econômicas relacionadas à agricultura. Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) realizaram um estudo na margem esquerda do Ribeirão das Posses, em Extrema, MG, próximo à nascente principal, que contemplou dois tipos de cobertura vegetal – mata nativa e cobertura de pastagem, em diferentes tipos de solos, para avaliar perdas de água e de sedimentos.
Um dos autores do trabalho, o pesquisador Marco Gomes, explica que a retirada da vegetação nativa, notadamente das florestas, para o uso agrícola sem considerar a capacidade de suporte do solo, tem como consequência imediata a sua exposição e, consequentemente, sua degradação pela erosão hídrica, ocasionando perdas de partículas, agregados, nutrientes e carbono orgânico, além de reduzir a recarga de água. O seu controle é umas das principais medidas para a conservação do solo e da água em uma sub-bacia hidrográfica.
A sub-bacia do Ribeirão das Posses tem importância ambiental não só por estar inserida nos altiplanos da Serra da Mantiqueira em local de grande fragilidade, mas também e, principalmente, por fazer parte do conjunto de nascentes que compõe os principais cursos d’água que abastece o Sistema Cantareira, como também parte da Bacia do rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.
Conforme o pesquisador, a avaliação contemplou um período de 7 meses. Essa análise comparativa entre os solos, considerando as perdas, mostrou que a densidade, a condutividade hidráulica e o carbono orgânico interferem muito no processo, sobressaindo-se em relação a declividade, um parâmetro de grande relevância em estudos dessa natureza.
Para o solo sob cobertura de mata nativa, por exemplo, isso fica mais evidente, pois a declividade muito elevada (55%) não interferiu nas perdas em questão. Porém, quando ocorre mudança para pastagem como também no tipo de solo, as perdas se apresentam com uma relação direta com os parâmetros citados, o que indicou que o uso adequado de acordo com sua aptidão, são premissas fundamentais para a sustentabilidade do sistema.
O pesquisador salienta que, na microbacia estudada, em especial nas áreas de pastagem, as perdas de água requerem uma reavaliação das práticas adotadas para tornar mais eficiente sua infiltração, o que contribui não só para o recarregamento do lençol freático, como também interfere de forma positiva no fluxo preferencial em direção ao curso d’água, tornando seu volume mais estável e uniforme ao longo do ano.
Os autores do trabalho são Marco Gomes, Lauro Pereira, Manoel de Souza e Ricardo Figueiredo, pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente.
Fonte: Embrapa