Por Ana Paula Kowalski – assessora técnica – DTE/FAEP
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) divulgou, no dia 9 de junho, o relatório de oferta e demanda mundial para os principais produtos agrícolas. O mercado manteve certa estabilidade, conservando os ganhos acumulados na semana passada frente a um relatório sem muitas novidades e ainda cauteloso devido à precocidade da safra no Hemisfério Norte.
Milho
As estimativas do milho foram as que mais trouxeram suporte às recentes altas na Bolsa de Chicago. A safra 2017/18 sofreu uma redução de 1,8 milhão de toneladas em relação ao relatório de maio e agora está estimada em 1,03 bilhão de toneladas. O reflexo foi imediato no estoque final da safra, que caiu para 194,33 milhões de toneladas, contra 195,27 milhões da estimativa anterior.
O maior impacto negativo para a produção veio do Canadá, que reduziu a área plantada e, também, a produtividade devido ao excesso de chuvas ocorridas no mês de maio. Também foi reportada redução de produção na União Europeia para 62 milhões de toneladas contra 63,5 milhões de toneladas projetadas em maio.
A safra brasileira 2016/17 foi ampliada em 1 milhão de toneladas, totalizando 97 milhões de toneladas – a Conab estimou a safra de milho em 93,8 milhões de toneladas. Para a temporada 2017/18, manteve-se a projeção de 95 milhões de toneladas.
Trigo
O relatório ampliou a oferta de trigo mundial e dos Estados Unidos, o que não foi suficiente para reverter as expressivas altas acumuladas ao longo da primeira semana de junho em Chicago. O Usda considerou que até o momento as condições são adequadas ao desenvolvimento do trigo no Hemisfério Norte. Porém, o mercado já contempla como fator de redução da produção as projeções climáticas desfavoráveis para as lavouras, especialmente de trigo duro de primavera nos Estados Unidos. Na última semana de maio, também tivemos o primeiro alerta da Bolsa de Cereales da Argentina, com possível redução de área plantada caso não cessem as chuvas em algumas províncias do centro do país ao longo das próximas semanas. Caso não melhorem, estas condições certamente provocarão queda na produção de trigo na Argentina, o que já está no radar de agentes de mercado do país.
O estoque final de trigo da safra 2017/18 foi ampliado para 261,19 milhões de toneladas, com variação de 1% em relação ao relatório anterior. A estimativa de produção subiu para 739,53 milhões de toneladas, com pequeno aumento para a safra norte-americana. As maiores altas nos estoques finais foram reportadas para os países do Leste Europeu, resultado do maior estoque de passagem da safra 2016/17 e, também, do aumento de produção na Rússia, que deve chegar a 69 milhões de toneladas na safra 2017/18.
Soja
O estoque final da soja safra 2017/18 foi o que mais sofreu alteração dentre as três commodities. O aumento foi de 4% em relação a maio, com um montante estimado em 92,22 milhões de toneladas. A produção mundial permaneceu praticamente inalterada em 344,67 milhões de toneladas. Os novos números vieram do estoque de passagem da safra 2016/17, que foi ampliado para 93,21 milhões de toneladas e também de uma redução de 0,3% no fluxo de exportações mundiais da temporada, que deve totalizar 149,06 milhões de toneladas.
A safra recorde brasileira 2016/17 foi crucial para esta ampliação do estoque final de 111,6 milhões de toneladas, em maio, para 114 milhões de toneladas no relatório de junho. Também houve aumento de 0,8% na estimativa de exportação fixada em 62,4 milhões de toneladas.
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Fonte: Sistema FAEP