Nas próximas semanas, os engenheiros da fábrica da Toyota de Indaiatuba, no interior de São Paulo, vão finalizar os testes da linha de produção do novo Corolla, etanol/2/169018/primeiro-hibrido-flex-do-mundo-produzido-no-brasil-sera-o-toyota-corolla”>primeiro carro com a tecnologia híbrida flex do mundo. A novidade é que o sedã trará dois motores: um que rodará com gasolina e etanol, e outro com energia elétrica. Concebido em 2015, o veículo híbrido flex chegará às concessionárias em outubro com a promessa de — quando rodar abastecido com etanol — ser o carro menos poluente a circular no planeta.
Ao usar um combustível oriundo de fonte 100% renovável, o carro emitirá cerca de 30 gramas de gás carbônico por quilômetro — um veículo movido exclusivamente a gasolina libera 145 gramas por quilômetro, e um elétrico, considerando todo o ciclo necessário para a produção de energia, emite em média 65 gramas. Para produzir o modelo híbrido flex, a Toyota investiu mais de 1 bilhão de reais em tecnologia e na modernização da fábrica de Indaiatuba, projeto que envolveu times do Brasil e do Japão.
“O futuro da mobilidade está no etanol. Além de ser uma fonte renovável, ele interage com as novas tecnologias automotivas, como a energia elétrica na forma de combustível”, diz Ricardo Bastos, diretor de relações governamentais da Toyota.
A tecnologia híbrida flex chega ao mercado num momento em que a indústria de etanol está em fase de reconstrução, após uma crise que levou 120 usinas a fecharem as portas. O mercado de etanol sofreu um duro golpe de 2011 a 2014, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, quando a política de preços da Petrobras foi utilizada para tentar controlar a inflação. Por determinação da presidente, os preços do óleo diesel e da gasolina foram protegidos das variações do valor internacional do petróleo. Isso gerou prejuízos de mais de 200 bilhões de reais à Petrobras no período.
A manobra afetou em cheio a indústria sucroalcooleira, que perdeu competitividade e viu o consumo de etanol cair mais de 30%.
“Desde os anos 70, com o ProÁlcool, esse mercado vem apresentando grande volatilidade, resultado da falta de política dos inúmeros governos que passaram por Brasília”, diz Plinio Nastari, presidente da Datagro, consultoria especializada em mercados agrícolas e membro do Conselho Nacional de Política Energética.
Fonte: Revista Exame