drone_portal

UFPR lança novas cultivares de cana-de-açúcar

Desde julho, o Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar
(PMGCA) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) está disponibilizando quatro
novas cultivares para os produtores paranaenses e brasileiros. Desde 1992, a
UFPR faz parte da Rede Interinstitucional para o Desenvolvimento do Setor
Sucroenergético (Ridesa), projeto que envolve 10 universidades federais e desenvolve
tecnologias para impulsionar o setor no país. No total, incluindo as quatro da
UFPR, serão lançadas 21 novas cultivares, em comemoração aos 30 anos de
formação da Ridesa e 50 anos da fundação do Planalsucar.

A Ridesa absorveu o trabalho de pesquisa anteriormente desenvolvido
pelo Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-Açúcar (Planalsucar), criado
em 1971 pelo Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), órgão do Ministério da
Indústria e Comércio. O objetivo era subsidiar investimentos para a cultura no
campo e na indústria, além de disseminar conhecimentos, produtos e serviços
gerados pela pesquisa. O Planalsucar foi extinto em 1990, sendo substituído
pela rede de pesquisa junto às universidades, que incorporaram antigas unidades
da instituição.

A Ridesa é o principal grupo de pesquisa canavieira do país,
cujas variedades correspondem a cerca de 60% da área cultivada com
cana-de-açúcar no Brasil. No Paraná, esse percentual atingiu 76% na safra
2020/21. Segundo o pesquisador João Carlos Bespalhok, que também é professor
titular do Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade da UFPR, as quatro novas
cultivares lançadas possuem perfis diferenciados e incluem maior resistência a doenças,
alto teor de sacarose, diferentes ciclos de colheita e adaptações a vários
tipos de solos e ambientes.

“Nós temos nos debruçado sobre as características das regiões
do Paraná. Por exemplo, grande parte da cana-de-açúcar está localizada no
Noroeste, com solo mais arenoso, ambiente mais restritivo. Então, nesse caso, é
interessante trabalhar com uma variedade mais precoce. Três dessas novas
cultivares tem uma certa flexibilidade de colheita para os agricultores, o que
é muito bom”, explica Bespalhok.

O PMGCA possui parceria público-privada com todas as 25
empresas do setor no Paraná, que auxiliam na condução das pesquisas, fornecendo
informações e recursos financeiros. A UFPR é uma das sete instituições
fundadoras da rede e é responsável por 10 das 79 bases de pesquisa da Ridesa
espalhadas pelo país. Em nível nacional, são 298 usinas conveniadas, o que
representa 80% das empresas brasileiras produtoras de cana, açúcar, etanol e
bioeletricidade.

As cultivares desenvolvidas passam por uma fase de experimentação
dentro das próprias usinas sucroalcooleiras, para testes e avaliações em
diferentes ambientes, considerando o teor de sacarose, resistência ou
tolerância a doenças, desempenho a mecanização de plantio e colheita,
identificação de ciclo de colheita e ambiente de produção e solo que proporcione
indicações para o manejo e se obtenha elevado rendimento agrícola.

“É um processo contínuo de melhoramento, buscando aumentar a
produtividade e a rentabilidade da cultura. Além das características
ambientais, nós desenvolvemos materiais que se adaptem às condições que a
própria indústria disponibiliza”, aponta o pesquisador. A UFPR já iniciou a
série de pesquisas de 2021, visando o lançamento de novas variedades daqui a 15
anos.

Destaque no setor Desde a criação, a Ridesa já produziu 75
cultivares de cana-de-açúcar, denominadas República do Brasil, com a sigla RB.
Além disso, o extinto Planalsucar havia lançado outras 19. Destas 94
variedades, o PMGCA da UFPR foi responsável pelo desenvolvimento de seis.

Em 2010, a UFPR lançou a cultivar RB966928, que conquistou a
preferência dos produtores rurais de diversos Estados, como Paraná, São Paulo,
Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. Atualmente, é a segunda variedade
mais cultivada no Brasil, presente em 14% da área dedicada a cultura.

De acordo com Bespalhok, a RB966928 apresenta elevado teor
de açúcar no início de safra e é indicada para o cultivo em ambientes de médio
a alto potencial. A escolha de uma variedade de cana-de-açúcar com alta
produtividade aliado ao alto teor de sacarose é fundamental para a
rentabilidade dos produtores. “A RB966928 também se destaca por sua excelente
produtividade tanto em plantio mecanizado como em colheita mecanizada. Não são
todas as cultivares que se adaptam tão bem a esse sistema”, observa.

Ainda segundo o pesquisador do PMGCA, esse grande número de
cultivares de cana-de-açúcar é uma característica do próprio setor, que precisa
de matéria-prima disponível praticamente durante todo o ano e em diversas
regiões do Brasil, com características específicas de manejo e clima. “É uma
gama de ambientes muito distintos. Inclusive dentro do mesmo ambiente, é
preciso ter cultivares que amadurecem em épocas diferentes”, conclui.

Confira as características das cultivares lançadas pela UFPR
em 2021:

RB006970: variedade precoce, com alta produtividade e riqueza, não floresce e não isoporiza. Possui potencial máximo de rendimento em ambientes favoráveis e pode ser colhida de abril a setembro, favorecendo o planejamento varietal. Apresenta alta colheitabilidade, boas socarias e excelente longevidade. Apresenta bom desempenho no plantio mecanizado. Tem crescimento rápido, excelente visual de planta, boa resposta a aplicação de maturador. Ótima sanidade às principais doenças;

RB036152: considerada uma variedade funcional, pois agrega rusticidade, elevada sanidade e excelente adaptabilidade e estabilidade de sua produção agroindustrial. Deve ser cultivada preferencialmente em ambientes restritivos, apresentando excelente comportamento e ótima resistência a períodos de estiagem. Apresenta vigor de planta excepcional, com alta velocidade de crescimento. Sua maturação é considerada média a tardia, com colheita de maio a setembro, podendo eventualmente ir até novembro. Possui bom desempenho em relação ao plantio e colheita mecanizada, com boa longevidade e ótimas socarias. Tem respostas positivas a aplicação de inibidor e maturador;

RB056351: variedade precoce, com alta produtividade e riqueza, boa longevidade e raro florescimento. É recomendada para cultivo em ambientes favoráveis e médios, também podendo ser cultivada em ambientes restritivos, com boa produtividade agroindustrial e elevada estabilidade. Possui elevado teor de sacarose. É uma ótima opção de variedade para colheita do início da safra até agosto. Boa performance no plantio e colheita mecanizada, com excelente brotação das socarias. Apresenta boa tolerância a períodos de estiagem e resistente às principais doenças;

RB056380: variedade extremamente precoce e com boa produtividade, que aliada à sua riqueza, tem mostrado ganhos significativos para colheita de março a maio, podendo estender-se até julho. A recomendação é para cultivo em ambientes favoráveis e médios. Tem porte alto, ereta, dificilmente ocorre tombamento, com excelente colheitabilidade, boa longevidade e brotação de socarias. Apresenta florescimento eventual e com pouca isoporização, apresentando boa tolerância a períodos de estiagem. Responde a aplicação de inibidor e maturador. É tolerante às principais doenças.

A notícia UFPR lança novas cultivares de cana-de-açúcar apareceu pela primeira vez em Sistema FAEP.

Fonte: Sistema FAEP



avatar

Envie suas sugestões de reportagens, fotos e vídeos de sua região. Aqui o produtor faz parte da notícia e sua experiência prática é compartilhada.


Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.