As variações climáticas dos últimos dias dificultam a implantação do trigo no Rio Grande do Sul. Segundo informações do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo, aproximadamente 85% da área destinada à cultura (50 mil ha) foi semeada até o momento, faltando os municípios no entorno de Lagoa Vermelha. Segundo técnicos da Emater/RS-Ascar que atuam na região, a arrancada inicial da cultura não é boa devido ao excesso de chuvas, o que causa lixiviação dos fertilizantes e erosão do solo.
Na região dos Campos de Cima da Serra, as áreas de trigo implantadas mais cedo apresentam boa germinação, com boa perspectiva de estabelecimento das plantas. Entretanto, a semana foi de estagnação da semeadura devido à alta umidade do solo. Até o momento, o trigo está semeado em 88% do total da área prevista para esta safra, cujas estimativas indicam aproximados 700 mil hectares.
Cevada – Cultura com implantação tecnicamente finalizada no Estado, apresentando boa emergência, boa sanidade e desenvolvimento inicial adequado; a exceção se aplica ao que ocorre em algumas lavouras situadas no Planalto, em decorrência do excesso de chuvas anteriores, que dificultaram a germinação e o aproveitamento dos fertilizantes. Os agricultores estão se mobilizando à procura de fertilizante nitrogenado para aplicação em cobertura.
Aveia branca grãos – O clima atual está favorecendo a cultura nas áreas de cultivo. O controle de pulgões e plantas invasoras está sendo feito conforme necessidade. Áreas semeadas no pós-safra de soja apresentam crescimento rápido, iniciando a elongação, com as primeiras lavouras implantadas em floração.
HORTIGRANJEIROS
Alho – Na região da Serra, no momento que seria o auge no plantio das lavouras, as chuvas constantes e a consequente alta umidade do solo vêm restringindo a evolução esperada na área cultivada, principalmente quanto à entrada de máquinas e à confecção dos canteiros por meio da enxada rotativa. A previsão para a próxima semana é de continuidade das chuvas, agravando ainda mais o quadro e retardando o avanço da implantação. Boa parte dos bulbos-sementes continua em processo de vernalização nas câmaras frias, prática preconizada para melhorar o rendimento e a uniformização das lavouras. Ainda há algum estoque de bulbos armazenado nos galpões, aguardando melhor oportunidade de comercialização, porém a cotação não deslancha e o produto deverá ser posto à venda para evitar perdas na qualidade do alho pela brotação do embrião.
FRUTÍCOLAS
Citros – A colheita de frutas cítricas chega ao auge na região do Vale do Caí, principal produtora de citros de mesa do RS. Entre as bergamotas, está chegando ao final a colheita da cultivar Caí e começa a colheita da cultivar Pareci. Neste grupo estão também as cultivares Montenegrina e Montenegrina Rainha, que serão colhidas a partir de agosto. Também está em plena colheita a bergamota Ponkan, da espécie Citrusreticulata, cujo preço ao citricultor tem sido superior aos da Caí nos últimos anos, estimulando os citricultores a aumentarem os pomares desta cultivar.
Em relação às laranjas, está em final de colheita a cultivar céu precoce e em início a céu tardia; o citricultor recebe em média R$ 13,00/cx. para ambas. A colheita da variedade Shamouti caminha para o final, e a de umbigo Bahia está finalizada. O preço pago ao citricultor teve redução para todas as cultivares de laranja já em colheita, em decorrência do grande volume de frutas cítricas no mercado. Também começou a colheita da laranja Valência, fruta cítrica com a maior área de cultivo no Rio Grande do Sul. A Valência é destinada à elaboração de suco, tanto nos lares, bares e restaurantes, como na indústria.
Na Serra gaúcha, segue firme a colheita da safra dos cítricos, com frutas de boa coloração, sabor e aspecto externo. A ocorrência de frio frequente, embora com umidade constante, favorece a intensificação da coloração das frutas, o consumo, a manutenção da sanidade dos pomares, principalmente quanto à ausência da pinta preta. Praga principal das frutas cultivadas na região e que vinha atormentando a vida dos citricultores, a mosca das frutas também teve sua presença afetada, mantendo os frutos indenes ao ataque e aos respectivos danos. Precificação estável, com tendência de baixa.
CRIAÇÕES
Bovinocultura de Corte – A semana que passou foi de dias nublados e com cerração, baixa insolação, elevada umidade do solo e do ar, formação de geadas e amplitude térmica – como na região Norte, que apresentou temperatura mínima de 5,8°C e máxima de 24,5°C –, impedindo o crescimento das pastagens implantadas. Foi evitado o pastoreio a fim de preservar as pastagens do pisoteio animal. Também ocorre o crestamento do campo nativo, em função da sequência de geadas ocorridas. Portanto, em oferta para os animais somente as pastagens de inverno, que precisam de dias ensolarados para atingir seu pleno desenvolvimento. Alguns produtores lançam mão do uso do sal proteinado para ajudar no aproveitamento dos pastos fibrosos.
Quanto ao manejo sanitário do rebanho, ainda há infestação por carrapatos, embora venha diminuindo devido às baixas temperaturas. São intensificados os diagnósticos de gestação, com indicação de baixos índices de prenhez, conforme esperado, devido aos efeitos da estiagem. Entre pecuaristas mais estruturados, há quem tenha realizado entoure ou inseminação artificial no período de inverno. Já há registro de nascimento de terneiros.
Ovinocultura – Estamos em plena fase do terço final de gestação das ovelhas tipo carne e em início de parição das raças laneiras, como a Ideal e Merina. A fase de parição dos cordeiros deverá se estender pelos próximos meses, de acordo com o manejo de cria adotado em cada propriedade. Registra-se boa sobrevivência dos cordeiros nascidos até o momento. Alguns produtores já assinalam os cordeiros. No manejo do rebanho de cria, alguns produtores reservam um potreiro para a maternidade, com boa oferta de forragem e abrigo para os recém nascidos, preferencialmente próximo à sede, para facilitar o acompanhamento da parição e o controle de predadores.
De maneira geral, os rebanhos ovinos apresentam boa condição corporal; porém, em algumas regiões ocorre perda no estado corporal em função de menor oferta e qualidade das pastagens nativas. Do ponto de vista sanitário, os ovinocultores enfrentam ataque de parasitas, com incidência elevada de verminose nos animais mais jovens. Os produtores realizam manejos estratégicos para o controle da verminose ovina, com dosificações de acordo com a necessidade ou conforme a condição corporal do rebanho. Comercialização Há pouca oferta de cordeiros e capões para abate; a comercialização se concentra em ovelhas velhas e com problemas reprodutivos, que estão sendo manejadas em pastagens cultivadas de inverno ou comercializadas para invernadores que tenham boas pastagens.
Fonte: Emater/RS