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TRIGO IRRIGADO

O período indicado para o plantio do trigo irrigado no Cerrado vai de 10 de abril a 30 de maio. Quando a lavoura é plantada nesse intervalo de tempo, a cultura atinge seus melhores resultados. E se o produtor puder optar por plantar na primeira quinzena de maio, a produtividade e a qualidade industrial dos grãos serão ainda melhores. Essa é a recomendação do pesquisador da Embrapa Cerrados, Júlio Albrecht, para plantios no Brasil Central – Minas Gerais, Goiás, oeste da Bahia, Distrito Federal e Mato Grosso. Em 2016, a área plantada com trigo na região do Cerrado e no Sul de Minas Gerais deverá somar em torno de 110 mil hectares.

A primeira quinzena de maio é considerada ideal, pois os extremos desse período (início de abril e final de maio) trazem alguns riscos. O de plantar cedo é o da maior incidência de brusone.

- É comum o desenvolvimento da doença quando o plantio é cedo. O agricultor terá que ter mais cuidado e fazer mais aplicações com fungicidas – alerta Albrecht.

Por outro lado, ao deixar para plantar nos últimos dias de maio corre-se o risco da colheita atingir o período das chuvas, prejudicando a qualidade industrial dos grãos.

Além da escolha correta da data de plantio, para que o produtor alcance resultados ainda mais positivos, ele precisa escolher a variedade mais adequada para sua realidade. Se ele optar por plantar em abril deverá escolher a BRS 394 ou BRS 254, por serem mais tolerantes a brusone. Caso seja necessário fazer o plantio mais tardio, a sugestão é utilizar variedades como a BRS 264 que possui um ciclo mais precoce ou a BRS 394 que é mais precoce que a BRS 254 e tem como característica grãos mais duros e mais tolerantes às chuvas.

Atualmente, cerca de 80% das lavouras de trigo da região são plantadas com a cultivar BRS 264 (cultivada tanto na safrinha/sequeiro, quanto no sistema irrigado).

- Essa cultivar proporcionou a expansão do trigo no Cerrado, em função da sua qualidade, precocidade e alta produtividade. É um trigo altamente produtivo e o mais precoce do Brasil – afirma o pesquisador.

O trigo do Cerrado é o primeiro a ser colhido no Brasil (entre agosto e setembro). Nesse período, por conta da escassez do produto no mercado por ser a entressafra da produção nacional, os preços geralmente estão com os valores máximos durante o ano. Para 2016, a expectativa é de que se chegue a R$52 a saca de 60 kg de grãos.

A mais recente cultivar de trigo para o Cerrado foi lançada em 2015 pela Embrapa: a BRS 394. Já no primeiro ano de cultivo, o produtor de semente Genésio Antonio Muller, na região do PAD/DF, alcançou 127 sacos por hectare. Já o produtor Sebastião Conrado, de Cristalina (GO), conseguiu 124 sacos por hectare de grãos com qualidade industrial para panificação. Em experimentos conduzidos pela Embrapa Cerrados na região de Cristalina e Unaí (MG) esta nova cultivar de trigo alcançou produtividades de 180 sacos por hectare de grãos com excelente qualidade para panificação. A produtividade média do trigo na região do Cerrado está em torno de 98 sacos/ha.

- Acreditamos que, na medida em que os produtores forem conhecendo melhor a nova cultivar e aprimorando o manejo, eles alcançarão produtividades ainda maiores – ressaltou.

Manejo – em função da temperatura e da umidade no ar, o plantio deve ser feito em área com altitude superior a 500 metros. Já foi observado que quanto maior a altitude maior a produtividade. O espaçamento entre as plantas deve ser de 17 a 20 centímetros. A população de plantas deve ficar em torno de 350 a 370 plantas nascidas por metro quadrado para as cultivares BRS 394 e BRS 254, já a cultivar BRS 264, necessita de uma população um pouco mais alta, em torno de 380 a 420 plantas nascidas por metro quadrado. O pesquisador da Embrapa Jorge Chagas destaca o cuidado com o estabelecimento inicial da população que exige densidade alta de sementes.

- A população deve ficar de acordo com a recomendada, pois esse é um dos fatores que garante a boa produtividade final – afirma.

Outra observação do pesquisador é a adubação nitrogenada em cobertura. As alternativas são aplicar todo o nitrogênio antes do plantio ou 20 quilos de Nitrogênio na base e o restante em cobertura até 15 dias após a emergência das plantas. Após esse período, a cultura responde menos a adubação em termos de produtividade. O nitrogênio total aplicado (base mais cobertura) deve ficar em torno de 100 a 130 quilos de Nitrogênio por hectare. Os triticultores, de acordo com Chagas, estão preferindo aplicar antes do plantio para diminuir o número de operações e evitar aplicação do nitrogênio em cobertura no mesmo período dos herbicidas e do redutor de crescimento.

Os triticultores também devem ficar atentos quanto ao uso do redutor de crescimento. A recomendação é que se aplique o redutor na fase de primeiro nó visível das plantas de trigo, nas horas com temperaturas mais amenas do dia, como intervalo de pelo menos cinco dias entre outras aplicações como herbicidas e nitrogênio. Para o melhor aproveitamento do potencial da cultura é preciso também que os pivôs estejam regulados de acordo com as indicações do fabricante do equipamento de irrigação.

- É muito importante que o manejo da irrigação seja feito de acordo com a necessidade da cultura, que exige uma distribuição de água adequada ao estágio de desenvolvimento da planta durante todo o ciclo – ressalta o pesquisador.

Fonte: Embrapa



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