O grupo 3corações, líder em vendas de café torrado & moído do Brasil, prevê uma safra abundante no país no ano que vem, consumo crescente e projeta fortes investimentos no mercado brasileiro, onde seus negócios têm crescido em ritmo de dois dígitos ao ano, disse à Reuters o presidente da companhia.
À frente de uma empresa que deve faturar quase 5 bilhões de reais neste ano e de olho em um mercado de produtos de maior valor agregado, Pedro Lima fala com entusiasmo sobre iniciativas da 3corações para fomentar a produção de café de qualidade, que cada vez mais atrai consumidores. Mas ele também pensa no todo.
“Estamos nos cafés diferenciados, cafés em microlotes… para onde o consumidor for, vamos seguir”, disse Lima, comentando que o interesse dos brasileiros por grãos melhores foi ampliado com o auxílio de um programa da associação da indústria brasileira de café, de aprimorar a qualidade de toda a produção.
Com 27 por cento do mercado de torrado & moído no Brasil, mais de 60 por cento no segmento de cappuccino e em segundo lugar em vendas no país em solúvel, atrás da Nestlé, o grupo 3corações espera contar com uma grande safra brasileira no próximo ano, até para ajudar a companhia a atingir seus objetivos.
Segundo Lima, filho de João Alves de Lima, fundador da empresa que originou o grupo —hoje uma joint venture 50/50 com o israelense Strauss Group Ltd—, a safra de 2019 tem potencial de ser a maior de um ano de baixa do ciclo bianual do arábica.
“A nossa expectativa, de empresa verticalizada, com time de especialistas em todo o país, é de uma safra de 55 milhões de sacas em 2019”, disse Lima, o que seria uma queda de 5 milhões de sacas ante o recorde deste ano.
Do total, a safra de café arábica do Brasil deve atingir, segundo Lima, 35 milhões de sacas em 2019, ante cerca de 44 milhões em 2018), enquanto a de café robusta deve crescer para 20 milhões de sacas no próximo ano, versus 16 milhões de sacas em 2018, à medida que áreas produtoras consolidam uma recuperação após anos de seca.
“Talvez seja a maior safra de ano de baixa”, disse ele, ao ser questionado sobre a colheita que se inicia no segundo trimestre de 2019. Segundo dados do governo, que em geral apontam um volume menor que o mercado, a maior safra de baixa produtividade do país se deu 2013 (49,15 milhões de sacas).
“Isso deve deixar os preços estáveis”, disse o presidente da 3corações, considerando também os estoques formados no Brasil na safra abundante deste ano.
SALTO NO FATURAMENTO
Os grandes volumes produzidos no Brasil, admitiu Lima, ajudaram nas margens da empresa neste ano, que também deve registrar um salto de cerca de 10 por cento no faturamento bruto, para aproximadamente 4,8 bilhões de reais, na comparação com 2017.
“Bruto, a ideia é chegar em 4,8 bilhões. Líquido, a ideia é chegar em 3,9 bilhões.”
Com tais resultados e de olho em uma recuperação econômica, o grupo deverá investir montantes de aproximadamente 320 milhões de reais em 2019, praticamente o mesmo patamar deste ano.
Tais aportes, entre outros objetivos, visam capturar as oportunidades do mercado de cafés especiais, que cresce em um ritmo muito mais forte do que o mercado em geral, ainda que represente ainda cerca de 3 por cento dos volumes vendidos, indicou Lima.
Uma das mais recentes iniciativas da 3corações na área de especiais, nas versões torrado & moído, grãos e cápsulas, é a linha Rituais, com “blends” 100 por cento arábica do Cerrado Mineiro, Mogiana Paulista, Sul de Minas, além do orgânico e “Florada”.
Este último, integrante de um programa da 3corações para “empodeirar” as cafeicultoras, ao mesmo tempo em que ensina as melhores práticas de produção, em um processo que culmina com um concurso para os grãos mais apreciados do Brasil produzidos por mulheres.
“É um trabalho para melhorar a cafeicultura brasileira… e, claro, elas vão se tornar fornecedoras da empresa”, comentou Lima, cuja empresa é dona de uma série de marcas, como Santa Clara, Pimpinela, Kimimo, Letícia, Fino Grão, Itamaraty, Iguaçu, 3corações, além da TRES, solução de café expresso e com mais de 20 sabores de bebidas quentes.
Com 25 centros de distribuição espalhados pelo Brasil, seis plantas fabris, duas unidades de compra e beneficiamento, a empresa também exporta café de algumas de suas marcas para os principais mercados da América Latina e Estados Unidos.
Fonte: Reuters