Produtores rurais do Paraná têm sido alvo de tentativas recorrentes de golpes aplicados por estelionatários. A dinâmica é sempre a mesma. Um dos golpistas telefona a um agropecuarista, se passando por funcionário de um cartório de títulos e protesto. Em seguida, o suposto cartório diz que há uma dívida pendente do produtor e que, se não for paga imediatamente, ele seria “negativado” e, por conseguinte, deixaria de ter acesso a crédito e a financiamento.
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“Eles [os golpistas] fazem uma pressão psicológica, dizendo que a dívida precisa ser quitada naquele dia, antes do fechamento bancário e que sem o pagamento imediato o título será protestado”, explica o gerente do Departamento Jurídico do Sistema FAEP/SENAR-PR, Klauss Dias Kuhnen.
As dívidas alegadas pelos estelionatários variam de R$ 2 mil a R$ 3 mil. Em geral, os falsos cartórios dizem aos produtores que os supostos débitos teriam sido contraídos com uma empresa de insumos agrícolas de Bauru, cidade do interior de São Paulo. Mesmo com os produtores garantindo que jamais compraram deste fornecedor, o golpista insistia pelo pagamento. Para isso, passavam os dados bancários para pagamento imediato e um telefone para contato.
“Os produtores que ligavam para este número eram atendidos por uma pessoa que se dizia funcionário do cartório, mas que falava que o responsável não estava. Mas ele [o suposto funcionário] diz que a dívida existe e que precisa ser paga ainda naquele dia, sob pena de ter o título protestado”, conta Kuhnen.
Um dos municípios que, recentemente, teve produtores que receberam ligações dos golpistas foi Cascavel, no Oeste do Paraná. Até agora, o sindicato rural atendeu a mais de 20 agropecuaristas da região, que pediam orientação, após terem sido procurados pelos supostos cartorários. Como muitos dos casos não são comunicados, a entidade estima que o número de ocorrências seja exponencialmente maior. Nenhum dos que procuraram a entidade chegou a fazer o depósito na conta indicada pelos estelionatários, mas há relatos de que outros produtores tenham caído no golpe.
“Além da tentativa de golpe, em si, outra coisa que preocupa é que eles têm acesso aos dados dos produtores, como CPF e RG. Ou seja, eles estão articulados e espalhando esse tipo de conduta”, diz a advogada do Sindicato, Doralice Fagundes Machioro.
Segundo o Departamento Jurídico da FAEP, as tentativas de golpe não se concentram em uma região específica, mas foram registradas em diversos pontos do Estado – provavelmente, como estratégia de as tentativas criminosas não ficarem conhecidas. “Eles atuam fazendo ligações em uma região do Paraná, depois mudam para outra, para que isso não ganhe um contorno tão relevante, para que eles possam continuar aplicando os golpes sem serem descobertos”, observa Kuhnen.
Orientação
Caso o agropecuarista receba uma ligação deste tipo, a orientação do Departamento Jurídico da FAEP é não fazer o pagamento. “Os produtores devem procurar seus contadores, para se informar se, realmente, tem algum título a ser protestado. Os sindicatos rurais e a própria FAEP também estão à disposição, em caso de dúvida”, ressalta Kuhnen. “Vale dizer que cartório de título não entra em contato por telefone, muito menos para tratar da possibilidade de o eventual devedor resolver seu débito. A função do cartório é protestar os títulos, não intermediar cobrança”, complementa.
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Fonte: Sistema FAEP