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Tecnologia no agronegócio: Maringá se firma como ecossistema de startups

Por Antonio C. Senkovski

O Paraná tem se consolidado como um ambiente propício ao surgimento de novas startups. São diversos os polos de inovação que se espalham pelo Estado e movimentam a economia com novos modelos de negócio e soluções que, via de regra, contam com muita tecnologia embarcada. A região de Maringá, no Noroeste do Estado, por exemplo, se destaca nesse contexto como um “ecossistema de startups” – muitas delas na área de agronegócio. O título consta em um relatório da Associação Brasileira de Startups (ABstartup), produzido de modo colaborativo e que reúne dados sobre diversos aspectos.

O documento aponta que é necessário haver uma série de instituições e mecanismos para que um ambiente se configure nessa categoria. São constituídos, basicamente, seis pilares, que abrangem os itens cultura, densidade e diversidade, capital, ambiente regulatório, talentos e acesso a mercados. Dentro desses tópicos, por exemplo, uma região com ecossistema de startups precisa necessariamente contar com universidades, programas de incentivo governamental, ambientes físicos, formas de financiamento, entre outros aspectos.

Uma startup da região que demonstra o quanto é importante ter um ambiente favorável à inovação é a Farm GO, que está no mercado há cerca de quatro anos. Francis da Silva, um dos sócios-fundadores, lembra que a ideia de montar a companhia surgiu após o fracasso de um negócio tradicional na área de informática. “Estamos no Paraná, um dos maiores produtores do país. Avaliamos o mercado e vimos que uma plataforma que otimizasse a tomada de decisão era um caminho. Fomos ampliando, começamos a entrar na fase de monitoramento de doenças também e agora somos uma plataforma completa de agricultura digital”, comenta.

Hoje, a organização monitora mais de 2,5 mil áreas, com a geração automática de mais de 18 mil mapas, com um total de cinco colaboradores. Entre os clientes estão multinacionais do agro e grandes cooperativas do Estado. “Uma coisa que nossa ferramenta tem ajudado é na aproximação entre engenheiro agrônomo e produtor rural. Às vezes, um agrônomo atende muitas áreas e não conseguiria dar uma atenção tão detalhada a todas. Com nossa ferramenta é possível detectar uma anomalia em determinado talhão, gerar uma tarefa e solicitar ao produtor que verifique o local antes que ocorra um dano significativo”, explica Silva.

Em uma fase anterior de maturação, a startup Farmers busca se consolidar no mercado de consultoria de agronegócio. “A Farmers surgiu em 2015 e de lá para cá tem tido crescido muito rápido, porque demanda foi surgindo, até pelo fato de estarmos em uma região com um agronegócio forte. Agora estamos em uma fase de alavancar a ideia sem fazer mais do mesmo das soluções que já existem. Queremos montar algo consistente, diferente do que há no mercado, que seja atrelado também à venda”, revela o fundador da empresa, Leonardo Atsushi Kami. Para conseguir cumprir com essa missão, o executivo terá ajuda de um dos pilares que contribuem para Maringá aparecer como ecossistema de startups: a Incubadora Tecnológica de Maringá. O ambiente é uma organização civil sem fins lucrativos formada por meio de convênios que envolvem instituições privadas e governamentais. Com uma estrutura de 15 mil metros quadrados, hoje estão incubadas 26 empresas
no local, com capacidade de ampliação para até 40.

“O interessante é que como o complexo tem várias empresas funcionando no mesmo espaço físico, elas mesmas fazem negócio entre si. Um trabalha com madeira, outro com
metais, outro já automatiza o processo e por aí vai. A ideia é isso mesmo, essa troca de expertises entre as organizações que funcionam aqui dentro”, compartilha Marcelo Farid, coordenador do grupo de apoio estratégico da incubadora e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

 

Universidades

As universidades são apontadas pela ABstartup como ambientes-chaves na formação de ecossistemas como o de Maringá. Dentro da UEM, por exemplo, existe o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), que atua na gestão da política de inovação e propriedade intelectual da instituição de ensino, responsável por receber e analisar as solicitações de proteção das tecnologias com potencial inovador desenvolvidas por seus pesquisadores, para posterior depósito junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). “Hoje, a instituição possui 14 cartas-patentes concedidas e possui ainda outros 102 pedidos de patentes que estão no INPI sendo analisados, dos quais 15 foram realizados somente em 2018. A UEM conta ainda com 30 softwares registrados no instituto, desses, 12 foram encaminhados em 2018”, revela o professor Angelo Marcolino Junior, chefe da divisão de propriedade intelectual do NIT.

Cultura de startups

Para o consultor de inovação e negócios digitais do SEBRAE-PR Nickolas Zeni Kretzmann, a cultura de querer inovar é um fator determinante para Maringá aparecer como um polo de desenvolvimento de startups. Ele lembra que o conceito começou a surgir em 2010 e passou por uma fase de amadurecimento até 2016, quando o volume de negócios dessa natureza cresceu substancialmente. De 2017 a 2019, Nickolas revela ter atendido 565 empresas com ideias de startups nas mais diversas áreas, das quais
243 viraram projetos e apenas 42 negócios de fato.

“Criar negócios hoje em dia é mais fácil, mas fazer dar certo é outra questão. Esses negócios para crescerem de forma rápida precisam de uma série de fatores”, pondera. “Mas, muitas têm promovido mudanças significativas nas estruturas tradicionais, o que exige atenção constante dos empreendedores”, aconselha.

 

Paraná tem mais de 600 startups

A ABstartups mantém uma ferramenta que reúne dados de empresas em todo o Brasil com esse perfil. Segundo a entidade, o Paraná possui registro de mais de 600 startups nos mais diversos municípios. No agro, são mais de 100 startups, nas mais diversas áreas que envolvem a atividade, como agricultura, bovinocultura, piscicultura e silvicultura, por exemplo.

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Fonte: Sistema FAEP



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