Alcides Torres, diretor da Scot Consultoria, disse na última sexta-feira (9), em Manduri (SP), que a tecnologia é o caminho para que pecuaristas não desistam da atividade. Ele fez a palestra de encerramento do Encontro de Técnicos do programa Bifequali TT (Transferência de Tecnologia), promovido pela Embrapa Pecuária Sudeste em conjunto com técnicos da CDRS (Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável) na fazenda Ataliba Leonel.
O programa Bifequali TT treina técnicos em pecuária de corte para que eles prestem assistência a produtores de vários Estados brasileiros, de acordo com o coordenador Adilson Malagutti, da Embrapa. O encontro presencial da equipe acontece uma vez por ano. Em 2018, foi em Fernandópolis (SP).
Na palestra, o diretor da Scot traçou um panorama do mercado internacional e posicionou a pecuária brasileira, que terá oportunidades de crescimento se o produtor adotar tecnologias de forma rigorosa. Segundo ele, há pecuaristas desistindo da atividade e o governo está acenando que o agro precisa caminhar com as próprias pernas, o que deve reduzir as possibilidades de financiamento público para o setor.
Intensificação
O encontro reuniu cerca de 20 técnicos, que durante três dias tiveram acesso a novidades tecnológicas sobre pecuária de corte. De quarta a sexta (7 a 9), eles discutiram sobre a coleta de dados zootécnicos e econômicos de propriedades em uma planilha do Bifequali que está sendo ajustada e melhorada constantemente; o custo de um bezerro desmamado; e a viabilidade de estratégias nutricionais para a seca na cria.
O técnico Braz Costa de Oliveira Júnior relatou a experiência de trabalhar de forma associada a outros consultores, valorizando a atuação em equipe.
“É preciso ter a cabeça aberta para encarar as mudanças. Se possível, explorar os talentos de cada um e fazer o que se gosta.”
Também assistiram a uma palestra do pesquisador Sérgio Raposo, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), sobre mitos e fatos da mineralização de bovinos de corte.
O pesquisador esclareceu dúvidas como “sal mineral é tudo igual?”, “vale a pena suplementar a dieta com sal mineral na época de chuvas?”, “o sal estraga quando molha?” e “a ureia atrapalha a reprodução?”, entre outras.
Na tarde de quinta-feira, todos participaram de uma dinâmica para explorar o tema “degradação de pastagens”. Individualmente, os técnicos registraram seus conceitos sobre o tema e indicaram critérios que consideram para indicar reforma ou substituição de pastagens. Em seguida, discutiram esses critérios em pequenos grupos e priorizaram aqueles considerados mais relevantes.
O material será avaliado pela analista Milena Telles, também da Embrapa de São Carlos, que está coordenando outro projeto, o Infopasto. A ideia é fornecer subsídios para a carteira de projetos de pesquisa sobre pastagens da Embrapa.
Visitas
Durante o encontro, os técnicos puderam conhecer a fazenda Ataliba Leonel, onde são produzidas sementes comercializadas pela CDRS. Toda a estrutura de beneficiamento e classificação das sementes foi apresentada. Em seguida, foram visitadas áreas com plantio de aveia branca, sorgo, feijão guandu e milho variedade.
Segundo os anfitriões, para cada quilo de material que chega para o beneficiamento, sai, em média, meio quilo de sementes. Juliano Amadeu Palma, da CRDS, disse que elas são vendidas nas Casas de Agricultura espalhadas pelo Estado de São Paulo.
Na tarde de sexta, o grupo visitou uma fazenda de ciclo completo em Arandu (SP), onde o produtor trabalha desde a cria até o confinamento. No local, os participantes puderam ver diferentes tipos de forrageiras – algumas até que sofreram com geada recentemente, mas já estão se recuperando. Parte de uma área plantada com eucalipto está sendo transformada em pasto, para ampliar a recria. Tecnologias como pastejo rotacionado e integração lavoura-pecuária (ILP) são adotadas na fazenda.
José Alberto Portugal, supervisor de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste, acompanhou o evento e afirmou que a troca de experiências entre os técnicos do Bifequali TT reflete na qualidade da assistência que será oferecida aos produtores.
“Todos ganham. A pesquisa, se souber explorar esses encontros, retroalimenta a agenda de trabalho; os técnicos, porque conseguem buscar juntos soluções para problemas do dia a dia que vão vivenciar; e os produtores, que certamente vão receber uma assistência de melhor qualidade.”
O Encontro de Técnicos do Bifequali TT teve apoio da Guabi, GlobalGen, Potensal e Scot Consultoria.
Fonte: Embrapa