Roratto produz 3.000 hectares de soja

SUPERSAFRA NOS CAMPOS GAÚCHOS

Com a previsão inicial de La Niña – fenômeno climático que reduz as chuvas no sul do Brasil, poucos agricultores acreditavam que a colheita de soja alcançasse o resultado de uma supersafra que se confirma na medida que as colheitadeiras avançam o ritmo nas lavouras gaúchas. Conforme projeção da AgRural Commodities Agrícolas, o rendimento médio no Rio Grande do Sul será recorde de 52 sacas por hectare, chegando a uma produção de 16,8 milhões de toneladas. O produtor rural de Augusto Pestana no noroeste gaúcho, Claudiovan Ricardo Muller, nunca havia colhido tanta soja – a produtividade atingiu 73 sacas/ha.

- Foi o ano que a gente teve a maior safra, foi um ano excepcional – admite. 

O sócio-proprietário da Roratto Cereais e Transportes em Santo Ângelo, Cristiano Roratto, acredita que a produtividade nas lavouras da região fique na faixa de 55 sacas/ha a 60 sacas/ha – semelhante a última colheita. Mesmo com um clima favorável, a ferrugem asiática atacou as lavouras no final de fevereiro e início de março.

- Teve produtor que se descuidou com a ferrugem, deixou de fazer uma aplicação de fungicida e a ferrugem apareceu e ele deixou de colher mais. Além disso, o trigo extraiu muitos nutrientes da terra e o agricultor acabou não colocando mais adubo – revela o cerealista e produtor de 3.000 hectares em Santo Ângelo, Santo Antônio das Missões e São Borja.

Já para o agricultor, Marcos Manica, de Catuípe – região noroeste do Estado, o clima foi o melhor dos últimos 15 anos e o rendimento médio está variando entre 65 sacas/ha e 80 sacas/ha.

- Desde todo este tempo que eu estou trabalhando na lavoura foi o melhor período. Ano passado tivemos um veranico de 23 dias em janeiro, que deu quebra em algumas variedades e, este ano, o clima se comportou muito bem – ressalta.

No Brasil, a colheita é também de números abundantes: a expectativa é de um crescimento de 15,4% na produção, devendo atingir 110,2 milhões de toneladas, com aumento de 14,7 milhões de t em relação à safra anterior e ampliação de 1,4% na área, que deve chegar a 33,7 milhões de hectares., conforme estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Já a Agroconsult é mais otimista e aposta numa colheita nacional em 113,3 milhões de toneladas – a maior de todos os tempos e 18% acima da registrada na temporada 2015/16 que ficou em 96,3 milhões de toneladas. Essa produção é resultado da produtividade histórica nas lavouras brasileiras de 55,8 sacas por hectare contra 48,2 sacas por hectare da safra passada. Pelo menos, sete estados estão batendo recorde de produção e, pela primeira vez, três deles atingiram a média de 60 sacas por hectare: Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso também registram recordes de produtividade.

O CEO da Drakkar – uma das principais empresas de agricultura de precisão do Brasil – o doutor em ciência do solo, Alan Acosta, revela que nos 250 mil hectares que prestam consultoria no Rio Grande do Sul o rendimento médio será acima de 80 sacas/ha.

- Quem não produziu acima de 70 sacas/ha precisa repensar suas práticas de manejo. Nós tivemos clientes colhendo 90 sacas/ha nesta que caminha para ser a maior safra da história. É fruto do trabalho de longo prazo do agricultor gaúcho em melhorar as tecnologias e no momento que o clima foi favorável, essas tecnologias se sobressaem – analisa o engenheiro agrônomo   

Safra histórica não só no Brasil, mas também na América do Sul – de acordo com estimativa da Safras & Mercado, as perdas na Argentina não foram tão significativas como foi previsto inicialmente e a colheita deve chegar a 56 milhões de toneladas. Além do Brasil, que na projeção da Safras deve colher 111,5 milhões de toneladas, o Paraguai registra recorde de produção em aproximadamente 10 milhões de toneladas e o Uruguai colhe 3,5 milhões de toneladas.

PRODUÇÃO RS – 17 milhões de toneladas

ÁREA – 5,48 milhões de hectares

PRODUTIVIDADE – 52 sacas/ha

Produção América Latina

Brasil – 111,5 milhões toneladas

Argentina – 56 milhões de toneladas

Paraguai – 10 milhões de toneladas

Uruguai – 3,5 milhões de toneladas

Projeção: Safras & Mercado



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