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Startups paranaenses encontram nicho na pecuária

As novas
relações de produção deram início a uma profunda transformação no meio rural.
Ainda que não seja uma realidade para todo o setor, a revolução digital
encontrou no setor agropecuário um potencial a ser explorado de tal maneira,
que as tecnologias se tornaram aliadas para o desenvolvimento do campo e suas
formas de produção.

De olho
nestas transformações, as startups, empresas em fase inicial que possuem uma
proposta de negócio inovadora e com um grande potencial de crescimento,
ocuparam um novo nicho de mercado. As AgTechs, termo utilizado para empresas de
tecnologia aplicada ao setor rural, passaram a viabilizar soluções e modelos de
gestão para os agricultores e pecuaristas.

O Brasil
também está colhendo os frutos desta tendência mundial. De acordo com a AgTech
Garage, um dos principais hubs de inovação no agronegócio no país, houve um
aumento de, pelo menos, 150% no número destas startups entre 2016 e 2018.
Ainda, no 2º Censo AgTech Startups Brasil, realizado em parceria com a
Esalq/USP e com apoio do Sistema CNA, 12 das 184 AgTechs que participaram do
estudo são paranaenses.

Outro estudo
realizado pela Associação Brasileira de Startups (ABS) mostra que, no total,
70% do território nacional têm startups que trabalham com agronegócio e, 37%
dos Estados brasileiros possuem, no mínimo, três AgTechs. A região Sul se
destaca pela maior representatividade, onde o Paraná aparece com 10% das
AgTechs brasileiras.

Ou seja, o
agronegócio é um ecossistema propício ao desbravamento por meio das startups,
principalmente no Paraná. E a inegável vocação do Estado para o agronegócio é
uma vantagem a ser aproveitada. Na pecuária, uma série de startups paranaenses
já está à disposição dos produtores. Confira algumas delas, que podem colaborar
na gestão da propriedade.

Gestão intuitiva

A Leigado
surgiu em 2016, no município de Dois Vizinhos, no Sudoeste do Estado, com o
objetivo de oferecer um software de gestão na pecuária de leite. De acordo com
Giandro Masson, um dos sócios-fundadores, a ideia se manifestou a partir da
convivência em propriedades rurais da família e amigos, que enfrentam
empecilhos no manejo do gado leiteiro e no gerenciamento do negócio.

“Sempre
acompanhei de perto essa área. Meu sogro é produtor de leite e via as
dificuldades que ele tinha. Para ter acesso a uma informação simples sobre um
animal, ele puxava uma pilha de papéis e perdia muito tempo”, diz. Na época, já
existiam alguns softwares destinados à pecuária de leite, mas o sistema não era
intuitivo, o que dificultava o manuseio por parte dos produtores.

A startup
duovizinhense disponibiliza um software que, além de englobar toda a parte
técnica de gestão dos animais, possui a administração financeira e de estoque.
Os produtores também têm acesso a um aplicativo que pode ser utilizado de forma
offline para fazer o lançamento dos dados. “Mesmo sem conexão, o produtor
consegue utilizar o sistema. Depois tudo é sincronizado”, aponta Masson.

O software
permite a automação do manejo do rebanho e da produção de leite na propriedade.
O pecuarista pode fazer ajustes de temperatura, controlar os equipamentos à
distância e até ter uma previsão de data para secagem do animal. “Os animais
deixam de produzir por gestão ineficiente. Com o sistema, temos relatos de
aumento de até 20% da produção. O software vai transformar dados em informação
para fazer um controle melhor da propriedade”, explica o criador do sistema.

Ainda, o
software da Leigado garante uma boa gestão com tecnologia acessível, para
transformar a propriedade em uma empresa, estimulando a sucessão familiar. “O
jovem precisa entender que não precisa estar com a mão na massa. É possível
participar da gestão de outra maneira”, destaca.

As
funcionalidades do sistema voltadas para o manejo incluem produção, como
qualidade do leite, média de produção e dias em lactação; reprodução, como
diagnóstico de gestação, intervalo entre partos e idade do primeiro parto;
características zootécnicas do rebanho, como o histórico completo dos animais;
e sanidade, que abrange itens como medicações agendadas, protocolos e
ocorrência de enfermidades. Além disso, o produtor pode fazer o controle
financeiro da propriedade e do estoque dos seus produtos.

Atualmente, a
startup atende uma média de 400 propriedades, com clientes em 17 Estados e
também fora do país – Portugal, Bolívia e México.

Definir padrões

Também no
município de Dois Vizinhos, Everton Somenzi é um dos sócios-fundadores da
Farmin e da MooTalk. A Farmin surgiu em 2015 com foco em desenvolvimento de
soluções para gestão da pecuária de corte. Com um time de veterinários e
zootecnistas, o software permite o monitoramento do rebanho.

O objetivo é
melhorar a qualidade do rebanho (caprinos, ovinos e bovinos) pelo monitoramento
de índices zootécnicos. Com os dados coletados no campo e os registros de rotina
do manejo, o software da Farmin consegue apontar as melhores decisões. O
sistema funciona de modo offline, por meio de um smartphone ou tablet.

Desta forma,
o produtor consegue detectar problemas com antecedência e ter um histórico de
cada animal, que auxiliam na melhoria da produtividade do rebanho. “Por
exemplo, é possível identificar se um animal está com o ganho de peso abaixo da
média do rebanho, detectar a prenhez de uma matriz ou mesmo saber qual o
reprodutor mais apto e as fêmeas mais receptivas”, explica Somenzi.

A partir da
Farmin, então, surgiu a MooTalk, desta vez para a pecuária de leite. Ainda em
fase de testes, um brinco com chip em cada animal permite monitoramento do
rebanho em tempo real, coletando informações zooténicas, de produção e
reprodução. Nas propriedades onde acontecem os testes, a estimativa é de
aumento de lucratividade em, pelo menos, R$ 100 por animal.

“O bovino de
leite é muito de padrões e, por isso, estamos criando um volume de dados para
conseguirmos desenhar esses padrões e entender melhor o comportamento do
rebanho. Queremos detectar os instintos naturais do animal e fazer bom proveito
disso”, esclarece, Somenzi.

Soluções diversificadas

Nos Campos
Gerais, no município de Castro, a Confort’Agro buscou unir soluções para
produtores de aves, suínos e gado de leite. Desde a sua criação, o software
permite o monitoramento de ambiência dos aviários, granjas e currais, com
controle de temperatura, sensação térmica, velocidade de ar e outras
funcionalidades. O produtor pode acessar o sistema, de forma remota, e fazer as
alterações necessárias. “Tudo pode ser feito pelo celular, com câmera para ver
movimentação dos animais e acesso ao controlador em tempo real”, explica Márcio
Perin, sócio-fundador da empresa. “Quanto melhor o controle da ambiência, menor
o desgaste de energia do animal. Quanto menor o desgaste por homogeneidade
térmica corporal, menos gasto de energia e toda energia absorvida pelo alimento
vai ser transformada em produção”, acrescenta.

Ainda, na
alimentação, existem silos de armazenagem e sistemas de pesagem em que, com um
chip no animal, é realizada a distribuição de ração de acordo com o peso e a
necessidade de cada cabeça.

Além de
soluções para a pecuária, por meio de parcerias, a Confort’Agro também trabalha
com biodigestores, tratamento de dejetos e produção de energia solar. “Hoje, o
produtor quer um produto que não dê trabalho, possa instalar, automatizar ao
máximo com o menor custo de mão de obra”, afirma.

Perin explica
que a empresa também entrega projetos completos de acordo com a viabilidade de
infraestrutura. Os produtores, principalmente que trabalham com avicultura,
estão cada vez mais interessados na energia solar, devido à redução dos custos
de produção que essa tecnologia proporciona. Ainda que não seja uma tecnologia
diretamente relacionada à gestão da atividade pecuária, o impacto é
extremamente significativo.

“Todo produtor busca, principalmente, o custo-benefício sobre a aquisição, que traz mais longevidade e tranquilidade a atividade”, finaliza.

Leia mais notícias no Boletim Informativo.

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Fonte: Sistema FAEP



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