O sojicultor planejou, projetou, mas a estiagem não deixou. Novamente, a semeadura da safra mato-grossense está concentrada, com cerca de 50% da área estimada, em 9,20 milhões de hectares (ha), coberta somente na primeira semana deste mês. Esse acúmulo pode prejudicar, caso haja necessidade de escalonamento de colheita, bem como infestação ou alta incidência de pragas e doenças. Com as plantas se desenvolvendo no mesmo período, o combate fica mais complicado e as perdas podem ser mais acentuadas.
Como apontam os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a semeadura da safra 2015/16 ganha ritmo na cadência das chuvas e como as precipitações seguem irregulares, o trabalho no campo reflete na mesma proporção a falta delas e por várias vezes, desde 15 de setembro, vendo interrompido por falta de umidade no solo. Da segunda quinzena de setembro até a semana passada, o plantio do novo ciclo contabiliza, em Mato Grosso, oito semanas de trabalhos que totalizavam até a última sexta-feira, 83,7% da superfície estimada, plantada. Em relação ao ano passado, a diferença foi bruscamente reduzida e agora aponta para menos de 0,5 ponto percentual (p.p.). A região oeste, liderada por Sapezal, encerrou a semana com quase 95% da área semeada, seguida pela médio norte, com 92,5%.
Como destaca o Imea, dentro dessa realidade de semeadura concentrada em curto e tardio período, estima-se que a colheita da soja deverá atingir 68,6% da área semeada até o final de fevereiro. “As chuvas elevadas em janeiro são vantajosas às lavouras semeadas semeadas de forma mais tardia, como essas de novembro, que estarão em seu estádio de enchimento do grão, podendo colaborar com ganhos de produtividade, porém, o excesso de chuva durante os trabalhos de colheita podem refletir nas culturas de segunda safra, bem como no rendimento da própria soja. O excesso de chuva em janeiro e fevereiro pode vir a atrasar o plantio do milho e até mesmo do algodão, pois as fortes chuvas que marcam esse período, retém a soja no campo, ocasionando um atraso generalizado.
"A primeira previsão do Imea de potencial de soja apta para ser colhida aponta para 68,6% até o fim de fevereiro. Se for consolidado, será uma colheita maior ante as safras passadas. Mesmo assim, os riscos da nova safra continuam, com as atenções para o clima cada vez maiores", frisam os analistas.
Agrural
Para o Estado, a analista da AgRural, Daniele Siqueira, destaca que algumas lavouras já têm redução de potencial produtivo. “No médio-norte, há relatos de antecipação de ciclo, com talhões já florescendo em Ipiranga do Norte. Em Lucas do Rio Verde, áreas plantadas no fim de outubro sofrem com o tempo quente e seco e fala-se em replantio de até 5% da área total. No sul, choveu apenas em Campo Verde. Em Rondonópolis, talhões em germinação podem ter perda no vigor. No leste, o plantio segue lento devido à falta de umidade. Em Sapezal, no oeste, há dificuldade para o controle de lagartas”.
Fonte: Diário de Cuiabá
Fonte: Canal do Produtor