O mercado internacional de commodities inicia a semana trabalhando em campo negativo e os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago acompanham esse movimento na sessão desta segunda-feira (20). As baixas, por volta das 7h30 (horário de Brasília), eam de 13,50 a 16 pontos, sendo mais intensas nos vencimentos mais distantes. O vencimento novembro/16, referência para a nova safra dos EUA, era cotado US$ 11,32 por bushel.
Segundo analistas internacionais, o mercado da soja começa pressionado pelas especulações climáticas, principalmente no curto prazo, no Meio-Oeste americano. Para esta semana, as previsões indicam tempo mais úmido, porém, com as chuvas chegando ainda de forma irregular. No final de semana, fortes precipitações chegaram a algumas áreas do Corn Belt e as temperaturas vêm caindo um pouquinho, dando uma trégua aos produtores.
Assim, ainda de acordo com analistas, a tendência é de que os investidores retirem parte dos prêmios de risco climático dos preços, os quais levaram as cotações aos últimos rallies de alta na CBOT. Olhando mais adiante, no entanto, ainda há riscos para a safra norte-americana no médio e longo prazo de seu desenvolvimento, com as chuvas podendo ser reduzidas e com uma nova elevação das temperaturas, segundo o Commodity Weather Group.
E ainda hoje chega o novo reporte semanal de acompanhamento de safras trazido pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no final da tarde, às 17h (Brasília), após o fechamento do pregão. No anterior, o departamento indicou o plantio quase concluído e 74% das lavouras em boas ou excelentes condições.
Além da questão climática, a semana começa ainda com alguma aversão ao risco por parte dos fundos de investimento, uma vez que nos próximos dias será votada a permanência ou não da Grã-Bretanha na União Europeia e o movimento está gerando também muita especulação e expectativa no mercado financeiro. A exceção das baixas entre as commodities nesta segunda-feira vem do algodão em Nova York, subindo 0,59%, e o petróleo com alta de 1,52%.
Veja como fechou o mercado na última semana:
Soja tem semana marcada por realização de lucros, mas fundamentos seguem positivos
Apesar das boas altas registradas pelo mercado da soja nesta sexta-feira (17) na Bolsa de Chicago, a semana foi severa para os futuros da soja, os quais passaram por pregões de intensa volatilidade e baixas significativas. Os fundamentos de ofera e demanda seguem inalterads, porém, o cenário de clima nos Estados Unidos e a movimentação do financeiro nos últimos dias ajudou a determinar a direção das cotações.
No balanço semanal, as baixas das posições mais negociadas ficaram entre 0,96% e 1,59%, fazendo com que o julho/16 – que já sai dos negócios no próximo mês – terminasse com US$ 11,59 por bushel. Já o novembro/1, que é referência para a safra americana e o mais negociado agora, foi a US$ 11,48 por bushel.
Oferta e Demanda
Nos últimos meses, os preços da soja vêm registrando uma expressiva escalada na CBOT diante das perdas que foram contabilizadas na safra 2015/16 da América do Sul – as quais poderiam chegar, segundo especialistas, a 12 milhões de toneladas – e que intensificaram a demanda global pela soja norte-americana. Fato é que o quadro mundial de oferta e demanda se mostra cada vez mais ajustado, o que exige ainda mais da nova safra dos Estados Unidos nesse primeiro momento e, em seguida, da sulamericana.
Os números das exportações dos Estados Unidos se fortaleceram bastante nas últimas semanas refletindo esse movimento, e um momento em que a soja dos Estados Unidos passa a ser mais competitiva do que as demais fornecedores globais, principalmente o Brasil, em função de uma oferta ligeiramente maior e de prêmios mais baixos pagos nos principais canais de escoamento em relação aos portos brasileiros.
Enquanto isso, a demanda não dá sinais de desaquecimento e essa força se expande para todo o complexo da olaginosa. No Brasil, assim como nos EUA, os volumes de exportação de farelo de soja vêm surpreendendo os traders. Somente nesta sexta-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou a venda de 524 mil toneladas de soja para a China e destinos não revelados, com volumes das safras 2015/16 e 2016/17.
Clima nos EUA
A possibilidade de os próximos dias serem de tempo mais quente e seco, apesar das chuvas que chegam ao Corn Belt nesse momento, ajuda a renovar o fôlego das cotações e foi, inclusive, um dos principais fatores de alta para os preços no pregão desta sexta-feira em Chicago, segundo o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Para os períodos dos próximos 6 a 10 e 8 a 14 dias no Meio-Oeste americano indicam calor e um tempo mais seco, porém, mais intensamente em partes do Oeste e Sul do cinturão, como indicam os mapas a seguir. Já no intervalo dos próximos 30 dias e 90 dias, atualizados pelo NOAA – departamento oficial de clima nos EUA – indicam temperaturas acima da média, e chuvas dentro ou acima do normal para o período.
Mercado Financeiro
No mercado financeiro, a semana foi de intensa aversão ao risco com o foco dos investidores sobre a permanência da Grã-Bretanha na Zona do Euro – o que será votado na semana que vem – e o impacto que esse movimento pode ter no cenário internacional. As especulações e expectativas fizeram com que muitos investidores, ao longo dos dias, liquidassem parte de suas posições entre commodities agrícolas e buscassem ativos mais seguros.
Paralelamente, no início da semana, as atenções foram divididas com a reunião do Federal Reserve, onde foi definida a manutenção da taxa de juros nos Estados Unidos. A informação teve pouca influência sobre o andamento dos negócios, porém, ajudou a manter alguma estabilidade no dólar. O banco central norte-americano, no entanto, sinalizou duas possíveis altas da taxa, sendo uma ainda este ano e outra em 2017.
Frente ao real, o dólar perdeu 1,43% nesta sexta-feira, porém, fechou a semana com queda de 0,31%, e valendo R$ 3,4203. Até a véspera, a moeda norte-americana acumulava alta de 1,14 por cento, pressionada por preocupações com o referendo britânico, segundo informou a Reuters.
"O mercado reverteu na sexta-feira boa parte do pessimismo com o referendo que marcou a semana. O Brasil reagiu bastante porque está sensibilizado, com volume menor", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold em entrevista à agência de notícias.
Mercado Brasileiro
No mercado brasileiro, os preços fecharam a semana sem uma direção definida. Os preços formados para a soja nacional apresentam algum descolamento de Chicago neste momento, porém, ainda se beneficiam das boas altas que são registradas na bolsa norte-americana. A comercialização, por isso, caminhou de forma mais lenta nos últimos dias.
As cotações, principalmente no interior do Brasil, têm respeitado as condições internas de cada região, onde muitas praças de comercialização chegam a pagar prêmios para a oleaginosa que oscilam entre US$ 1,60 e US$ 1,90 sobre os preços praticados na CBOT diante da pouca oferta disponível. Enquanto isso, nos portos, os prêmios variam de US$ 1,20 a US$ 1,40.
Dessa forma, a maior parte das praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas fechou a semana com estabilidade. Algumas outras como Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis, ambas no MT, Barretos e Itapetininga, em SP, e no Oeste da Bahia, registraram valorizações de 1,22% a 12,50% na saca de soja. Outras como São Gabriel do Oeste/MS, recuaram. As referências têm variado entre R$ 78,00 e R$ 92,00.
Nos portos, a soja disponível fechou com R$ 98,50 em Paranaguá, estável, enquanto em Rio Grande perdeu 1,59% para R$ 93,00. Já a soja da safra nova acumulou um a baixa de 1,09% no terminal paranaense, para ficar com R$ 91,00 e 1,08% no gaúcho, para R$ 91,50 por saca.
Fonte: Notícias Agrícolas
Fonte: Canal do Produtor