Os produtores de soja brasileiros estão se beneficiando da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Neste ano, a saca está mais valorizada e as exportações cresceram. Mas os produtores relatam que há incertezas para os próximos meses.
Em abril, os EUA impuseram tarifas às importações de bens chineses, que revidaram. Os asiáticos, maiores consumidores mundiais de soja, passaram a comprar mais do mercado brasileiro.
Desde julho, 87% de toda a soja embarcada pelo Brasil foi para a China.
Daquele mês até outubro foram exportadas 24 milhões de toneladas, 52% mais do que no mesmo período do ano passado.
O faturamento chegou aos US$ 9,5 bilhões, uma alta de 62%. O valor da saca ao produtor também foi um dos melhores dos últimos anos.
Incertezas
Apesar da expectativa de uma boa safra, os produtores estão preocupados com o comportamento do mercado a partir de janeiro, quando começa a colheita no país.
Mateus Tochetto plantou 2.900 hectares em Campo Grande e espera uma produtividade média de 70 sacas por hectare.
Até agora, ele negociou 35% da produção, a um preço médio de R$ 70 a saca. E diz que não vendeu mais porque os valores dos contratos para entrega da soja no ano que vem já começaram a cair.
“Essa safra não é para amador. Vai ser uma safra que vai ter altas emoções até o final… Você não vai conseguir ter um parâmetro de preço de maio até maio do ano que vem”, explica. “Cada notícia pode alterar totalmente o preço.”
Para o corretor de grãos Eduardo Flores, ainda existe muito mercado para a soja nacional. Mas tudo vai depender de como vai se desenrolar a relação comercial entre EUA e China.
Já o economista Ricardo Veloso entende que, num médio prazo, pode haver prejuízos ao mercado internacional.
“O Brasil não conseguirá exportar porque a tendência é de ocorrer uma desaceleração na economia chinesa. Então, a China não aguentará pagar os preços internacionais dessa soja, vai demandar menos e a gente vai ter queda do valor dessa soja a médio prazo”, avalia.
China e EUA devem discutir essa situação no final desta semana, na reunião do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, na Argentina.
Fonte: Globo Rural