Por Toninho Senkovski
Dono da maior economia agro do Paraná, Toledo, na região Oeste, tem um sindicato rural que contribui para que o município tenha atingido e mantenha, ano após ano, seus números faraônicos. Gigantes das proteínas animais e grãos, os produtores rurais locais são engajados na representatividade rural. São mais de 700 sócios em um quadro que segue em ritmo de crescimento nos últimos anos. E para se manter nesses trilhos, a diretoria da entidade aposta em transparência. Um dos frutos mais recentes dessa estratégia de sucesso é a construção de uma sede própria, com investimento de mais de R$ 3 milhões.
Para se ter ideia da importância de Toledo para o agro paranaense, o
município tem o maior Valor Bruto de Produção (VBP) do Paraná. Em 2019,
conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), o setor agropecuário local
movimentou R$ 2,7 bilhões. Os grandes destaques da economia local são os suínos
de corte (R$ 789,03 milhões) e aves de corte (R$ 578,96 milhões), cadeias que
irradiam dividendos pela geração de empregos. Das 17,7 mil carteiras assinadas
pela indústria em Toledo, 8,7 mil são de vagas em agroindústrias alimentícias.
Mas além das proteínas animais, a diversificação é uma marca registrada do
agronegócio local. Milho (R$ 258,3 milhões), soja (R$ 211,9 milhões), leite (R$
112,8 milhões) e vários outros produtos, como as hortaliças, fazem da economia
de Toledo ainda mais dinâmica. E com um agronegócio tão robusto e cadeias
complexas, o Sindicato Rural de Toledo tem a missão de reunir e encaminhar as
demandas dos produtores com suas especificidades. Justamente nesse ponto que se
assenta um dos maiores trunfos da entidade.
Recém-reeleito para o cargo de presidente do sindicato rural do município
para mais três anos, Nelson Paludo sempre apostou em ouvir as demandas de quem
está no dia a dia do campo desde que assumiu o comando da entidade, há 20 anos.
Na visão do líder sindical, que também acumula a função de presidente da
Comissão Técnica de Cereais, Fibras e Oleaginosas da FAEP, a principal missão
de uma entidade representativa é estar afinada com os anseios dos seus sócios.
Assim, uma das primeiras coisas ao assumir o sindicato foi fazer uma
série de reuniões com as lideranças de localidades rurais. “Convocamos grupos
de vários distritos, ouvimos todo mundo para ver as necessidades reais. Nosso
planejamento é feito junto com os associados. Não podemos gastar energia à toa,
então temos que perguntar, ver e ouvir que está atrapalhando, o que os produtores
precisam e como podemos ajudar”, recomenda Paludo.
Prestação de serviços
Nesses encontros, surgiu a demanda que é um dos grandes destaques da
atuação do sindicato até hoje e colabora para a conquista de novos sócios.
Desde 2008, a entidade viabilizou para os associados e seus familiares um plano
de saúde em conjunto. Atualmente, há duas opções de operadoras (Unimed e Sempre
Vida), com preços em média 40% mais baratos em relação à contratação direta.
“Hoje, temos cerca de 2,2 mil beneficiados. O sindicato é responsável por
reunir os valores com os sócios e repassar para as empresas dos planos”,
explica o presidente.
Outro destaque na prestação de serviços está na negociação com operadoras
de celular para disponibilizar linhas exclusivas aos associados. Hoje, o
sindicato conta com cerca de 600 usuários, com as operadoras Tim e Vivo. “Sai
bem mais em conta para o produtor. De ano para ano, nós vamos renegociando o
plano. Estamos há 10 anos com esse serviço”, lembra Paludo.
O Sindicato Rural de Toledo também atua com a prestação de serviços de
contabilidade aos produtores, com preço diferenciado para os sócios. Além
disso, auxilia agricultores e pecuaristas no que for preciso em relação a
documentações, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), Declaração de Imposto de
Renda, Imposto Territorial Rural (ITR), Cadastro de Atualização do Rebanho,
entre outros procedimentos de documentação demandados pelos agropecuaristas
toledenses.
Nova sede
A proposta da construção da nova sede não surgiu da cabeça de um único
membro da diretoria. Paludo recorda que a sede antiga, no centro da cidade,
atendeu bem à demanda dos produtores por décadas. Mas com o crescimento da área
urbana e o aumento do fluxo de veículos, quem precisa ir à sede passou a ter
problemas. “Quando realizávamos cursos do SENAR-PR, por exemplo, era um
transtorno para as pessoas acharem vagas para estacionar. Era preciso deixar o
carro longe”, comenta.
O novo prédio fica numa avenida ampla, em um terreno com cerca de 8 mil
metros quadrados. A construção de dois pavimentos levou cerca de dois anos para
ficar pronta. São 1,2 mil metros quadrados, com destaque para um auditório
moderno, capaz de abrigar 150 pessoas. Além disso, diversas salas devem abrigar
outras entidades representativas de produtores, como de aves e suínos. A ideia
é que o produtor tenha todos os serviços que precisa em um único lugar e, quem
sabe até mesmo unificar as taxas a serem recolhidas pelos associados dos
sindicatos e dessas outras entidades.
Futuramente, o lote também vai poder abrigar outras construções que
poderão ser alugadas e gerar mais renda ao sindicato. A própria sede antiga, no
centro da cidade, já está alugada. “É um dinheiro que vai ajudar a manter
nossas contas saudáveis, já que as despesas de manutenção na nova sede são
maiores”, reflete o presidente.
Foco nos sócios
Com a nova sede, mais conforto e comodidade para chegar ao sindicato, a expectativa de Paludo é o que o ritmo de crescimento do quadro de associados se intensifique. Apesar de a pandemia ter reduzido a renda, a entidade está em equilíbrio financeiro atualmente. “Temos uma gestão muito transparente e o melhor modo de conquistar novos associados é pela confiança. Quando os produtores confiam e começam a falar entre si sobre o sindicato, aí é que nós ganhamos novos parceiros”, ensina. “É preciso insistir e fazer as coisas da forma mais transparente possível. Quando assumi, tínhamos menos de 50 associados e, com trabalho, foi melhorando. Não tem algo que modifique de uma hora para a outra. A chave está na persistência”, revela.
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Fonte: Sistema FAEP