Quando, no fim de 2017, a Reforma Trabalhista entrou em vigor, colocando fim à contribuição sindical obrigatória, o presidente do Sindicato Rural de Prudentópolis, Edimilson Roberto Rickli, ficou preocupado. Ele ponderava que as mudanças provocariam a queda da arrecadação e, por conseguinte, a entidade teria dificuldade de manter sua estrutura. Desde então, o sindicato passou por uma reestruturação administrativa e deu a volta por cima. Uma das políticas da casa foi apostar na profissionalização dos produtores rurais, em uma estratégia de descentralizar sua atuação, levando os cursos do SENAR-PR cada vez mais para perto das comunidades. E deu certo.
“Eu acredito que o principal trabalho do sindicato é a mobilização, levando conhecimento principalmente ao jovem produtor, para que este permaneça no campo com rentabilidade e qualidade de vida. Para que isso aconteça, ele precisa de conhecimento, de tecnificação. É nisso que acreditamos”, diz Rickli.
Localizada no Centro-Sul do Paraná, Prudentópolis é o quinto maior município do Paraná em extensão territorial, o que faz com que haja muitas comunidades rurais afastadas, como o distrito de Jaciaba, a 70 quilômetros do centro da cidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 53% dos prudentopolitanos vivem no meio rural. Por tudo isso, o sindicato rural avaliou que seria mais efetivo estar próximo dos produtores rurais. Nessa perspectiva, a entidade passou a levar os cursos às comunidades, realizando-os onde fosse possível: em salões de igrejas ou galpões de propriedades.
Com a aproximação, em 2021 – mesmo com as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus –, o sindicato rural promoveu 77 cursos do SENAR-PR no município. Para este ano, a meta é passar das 100 capacitações. Ainda há formações realizadas na sede da entidade, como o curso de inseminação artificial, mas a ideia é se focar no campo.
“Como temos um município de grande extensão, a gente tem procurado levar os cursos à comunidade, não trazer ao sindicato. Principalmente, nas comunidades mais distantes. Com essa descentralização, o produtor está mais perto de casa, não precisa se deslocar”, aponta o presidente do sindicato.
Município essencialmente agrícola, Prudentópolis tem sua força centrada na produção rural. Além da produção de grãos (soja, milho e trigo) e da bovinocultura, a cidade também tem na fruticultura, principalmente de maracujá, uma importante atividade econômica. De uns anos para cá, os cursos do SENAR-PR têm ajudado os produtores a diversificarem suas atividades, apostando cada vez mais em alternativas como morango, abacaxi e melancia.
Em outra frente, as capacitações tecnológicas têm tido grande procura. Recentemente, por exemplo, o SENAR-PR formou uma turma em operação de drones. Isso sem falar na ação do sindicato de contribuir para o desenvolvimento do turismo rural no município – que é reconhecido por suas trilhas e cachoeiras gigantes.
“Os produtores têm demandado cursos de mecanização agrícola, mas também estamos tendo muita procura por capacitações na área de tecnologia, além de títulos relacionados ao turismo rural, que está tendo bastante interesse no município. O SENAR-PR tem tido um papel importante no desenvolvimento rural do município”, aponta o mobilizador do sindicato, José Luiz Berger Camargo.
Afinado a esse conceito, o sindicato rural também começou a promover encontros aprofundados sobre temas específicos, com uma série de oficinas e palestras com técnicos, professores e especialistas. Os dois primeiros – um sobre pecuária moderna, outro sobre agricultura moderna – foram levados a campo em 2021. Neste ano, a entidade já realizou o segundo evento sobre agricultura. “A gente tem levado essas oportunidades de conhecimento aos produtores como alternativa de desenvolvimento e para que eles possam melhorar sua produção e ampliar a rentabilidade”, explica Rickli.
Virada de chave
A reestruturação administrativa foi efetivada ao longo da pandemia. Os três funcionários foram demitidos e, em contrapartida, o sindicato rural contratou dois novos colaboradores – um para a mobilização, outro para a área administrativa.
Por outro lado, graças à estratégia de descentralização, a entidade reduziu sua necessidade por espaço físico. Assim, a diretoria pôde ampliar a fonte de receita, alugando anexos que estavam ociosos na sede. Quatro salas estão alugadas – para um laboratório de análises, para um médico e para um advogado. Isso ajudou o sindicato a colocar a casa em ordem.
“Eu mesmo abri mão da minha sala. Não temos a ‘sala do presidente’. Eu não preciso. A nossa gestão é mais eficiente. Muita coisa eu resolvo por telefone com os colaboradores. Quando venho presencialmente uso a sala de eventos. Funciona melhor”, garante Rickli.
Outro eixo de atuação importante do sindicato é a prestação de serviços aos produtores rurais, que vão desde assessoramento em contratos de comodato, arrendamento, parceria ou locação a apoio no processo de aposentadoria ou salário-maternidade rural. Além disso, a entidade também atua na emissão de Certificado de Cadastro do Imóvel Rural (CCIR), de Guia de Trânsito Animal (GTA) e no Imposto Territorial Rural (ITR), entre outros.
“Tudo de que o produtor precisa, ele encontra no sindicato. A gente tem toda uma base de apoio que vem do Sistema FAEP/SENAR-PR, que sempre nos mantém atualizado”, reconhece Breno da Rosa, colaborador do sindicato. “Os produtores são a base da economia de Prudentópolis. A gente se sente satisfeito em ajudar, por exemplo, um produtor a se aposentar ou a entrar com pedido de auxílio-doença. Eles podem contar com a gente para tudo”, acrescenta.
Com mais de 50 anos de história, o Sindicato Rural de Prudentópolis mantém relação estreita com o Sistema FAEP/SENAR-PR. Cinco das comissões técnicas da FAEP (de Cereais, Fibras e Oleaginosas; de Meio Ambiente; de Suinocultura; de Bovinocultura de Corte; e de Bovinocultura de Leite) contam com membros do sindicato. Além disso, a diretoria tem em seu histórico a luta pela representatividade.
“Dos nossos cinco diretores, quatro são descendentes de ex-presidentes ou ex-diretores do nosso sindicato. São pessoas que cresceram sabendo da importância do sistema sindical para o nosso campo. Por isso, nos empenhamos tanto em levar essa história adiante”, declara Rickli.
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Fonte: Sistema FAEP