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Sindicato de Centenário aposta em união e planejamento para vencer a crise e fortalecer a representatividade

Quando
falamos de associativismo no meio rural, sustentabilidade e representatividade
são dois lados da mesma moeda. Desta forma, sindicatos que representam
efetivamente seus associados e provam sua importância no dia-a-dia da família
rural, via de regra, conseguem manter a estrutura, mesmo após o fim da
contribuição sindical obrigatória.

No caso do
Sindicato Rural de Centenário do Sul, na região Norte do Estado, a estratégia
para a manutenção e para a continuidade da estrutura sindical está calcada em
dois pilares principais: planejamento adequado e investimento na qualificação
dos colaboradores para melhor atender aos associados.

No que se
refere ao planejamento, o Sindicato de Centenário do Sul estava preparado para
cenários adversos. “Aqui a gente se adiantou à crise. Há uns três, quatro anos
antes do fim da contribuição [sindical obrigatória], começamos a nos preparar e
fizemos uma reserva de caixa”, conta o presidente da entidade, Walter Lima.
Desta forma, diretoria e funcionários apertaram os cintos por um período para
que não faltassem recursos no futuro.

A estratégia
deu certo. “Conseguimos passar pelo primeiro ano sem a contribuição sem fechar
as contas no vermelho. Hoje temos uma reserva que permite nos adaptarmos a um
sistema que temos que cobrar pelos serviços”, observa Lima.

Diante do
desafio imposto pelo fim da contribuição sindical compulsória (que passou a ser
facultativa a partir da reforma trabalhista de 2017), o Sistema FAEP/SENAR-PR
estruturou o Programa de Sustentabilidade Sindical. Foram realizadas diversas
reuniões em todas as regiões do Paraná, onde, de um lado as lideranças locais
apresentaram suas demandas e anseios, de outro, a FAEP desenvolveu um programa
para ajudar as entidades a seguirem seus caminhos frente a esta nova realidade.
Todos os sindicatos que mostraram interesse receberam uma equipe da Federação,
que realizou um diagnóstico das entidades e auxiliou na estruturação de medidas
para a sustentabilidade financeira e institucional das mesmas.

Nova realidade

Nessa transição,
o sindicato passou a cobrar por alguns serviços prestados aos produtores da
região, como Imposto de Renda, Cadastro Ambiental Rural (CAR), Imposto
Territorial Rural (ITR), Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), Dirf,
Caged, e outras siglas que fazem parte da rotina da classe rural.

Para isso,
foram estabelecidos três faixas de preço, um valor cheio para os
não-associados, metade do preço para aqueles que pagam a anuidade do sindicato
e taxa zero para aqueles que continuam pagando a contribuição sindical para a
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). “Os produtores que
colaboram com o sindicato têm benefícios por acreditarem no sistema sindical”,
pondera o dirigente.

As demandas
diárias que chegam ao Sindicato Rural de Centenário do Sul são todas atendidas
por quatro funcionários. Investir na capacitação e na contratação de
profissionais qualificados para a tarefa foram outras estratégias da entidade,
que tem nos seus recursos humanos um importante ativo para conquistar a sustentabilidade.
“A essência está nas pessoas. Claro, tem que ser qualificado, mas não só no
serviço, como pessoa também, saber como abordar o associado e um parceiro. Tem
que ter bom caráter”, resume o presidente do sindicato.

Há mais de
seis anos trabalhando no Sindicato Rural de Centenário do Sul, Nilson Zaia tem
como princípio nunca deixar um atendimento sem resposta. “Se um produtor traz
uma demanda que eu não sei como resolver, eu pego o telefone e tento de alguma
maneira descobrir. O primeiro lugar onde eu vou buscar auxílio é na FAEP”,
conta o funcionário, que tem à mão o contato dos técnicos do Sistema
FAEP/SENAR-PR para ajudá-lo naquilo que desconhece. “Quando a demanda é urgente
e não consigo falar com o técnico certo, recorro aos meus amigos dos outros
sindicatos rurais”, completa.

Estrutura lucrativa

Outra fonte
de recursos vem da estrutura existente na sede campestre do sindicato. Em 2003,
a entidade integrou a estrutura até então pertencente a um clube de boiadeiros.
No local foi construído o Recinto de Leilões Seike Yano (em homenagem a um
antigo dirigente do sindicato), onde são realizados leilões mensais de gado,
que rendem ao sindicato uma receita de R$ 60 mil por ano. “Isso representa
cerca de quatro meses de funcionamento do sindicato”, aponta Lima.

A estrutura
de leilões conta com 62 mangueiras com capacidade total de 800 animais por
evento. Na área de cinco hectares também existem 10 baias de cavalo, espaço
para treinamento de laço, um salão de festas com capacidade para 700 pessoas,
uma arena para rodeio e um palco equipado com camarins e uma lanchonete que dão
ao espaço toda estrutura necessária para diversos tipos de evento. Estas
estruturas podem ser alugadas convertendo-se em mais uma fonte de recursos para
o sindicato.

Outro ponto importante
para a manutenção e o crescimento das estruturas sindicais são boas parcerias.
“Parceria é fundamental. Quando você tem uma boa parceria com o prefeito ajuda
na mobilização de curso. Você pode exercer influência nas coisas que nós sempre
lutamos e sempre temos problema, como a questão das estradas. Quando você tem
uma boa parceria com o delegado consegue alavancar coisas na área de
segurança”, avalia.

Mas
permeando todas estas estratégias está a boa relação com a base dos associados.
“O fluxo mudou, não é mais de cima para baixo. Vem da base. Precisamos escutar
as demandas da base e trabalhar para que ela tenha benefícios. A
sustentabilidade não está somente na parte financeira, também está na
representatividade e na capilaridade das entidades sindicais”, conclui o
presidente do sindicato.

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Fonte: Sistema FAEP



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