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Sindicato de Castro aposta em fortalecimento político e diálogo com produtores

O município de Castro, nos Campos
Gerais, tem no agronegócio sua força motriz. Paralelamente, o sindicato rural
local, que já possui mais de meio século de existência, também marca um papel
fundamental na história do desenvolvimento do setor. Ao longo dos seus 53 anos
de atuação, a entidade contribuiu significativamente para a organização dos
produtores rurais e esteve na linha de frente pela defesa do agronegócio da
região.

Mesmo após o fim da contribuição
sindical obrigatória, o Sindicato Rural de Castro vem conseguindo manter o
trabalho bem articulado, provendo suporte e atendendo às demandas dos
produtores rurais. A estratégia, segundo o presidente da entidade, Eduardo
Medeiros Gomes, tem a representação política como um dos alicerces. “Essa é a
nossa tradição: representamos todos os produtores. Hoje nós fazemos um trabalho
muito mais de cunho político e representativo. Também temos um bom vínculo com
as cooperativas, atuando por meio dessa contribuição política. Então, quando
surgem assuntos que nos competem, é aqui que se trata. Manter essas relações
também nos dá um suporte positivo porque todo mundo se une”, afirma Medeiros.

No cargo há cerca de cinco anos,
Medeiros revela que manter o equilíbrio das contas é uma das prioridades da
entidade desde a sua criação. Ainda que o fim da contribuição sindical tenha
acendido o alerta em termos de planejamento financeiro, o Sindicato Rural de
Castro sempre esteve preparado para cenários adversos. “As gerações anteriores
se preocuparam em fazer reservas que nos permitem o mínimo de conforto para
manter o sindicato. E esse comportamento também foi passado para frente com as
novas gestões”, conta o dirigente.

Com um total de 208 produtores
rurais associados, a arrecadação anual da entidade gira em torno de R$ 100 mil,
sendo a maior parte proveniente de patrimônio imobiliário, ou seja, aluguel de
espaços comerciais. Deste valor, o presidente garante que, pelo menos, 30% vão
para a reserva financeira. Ainda, as despesas são ajustadas a partir da
arrecadação, de modo que seja alcançado o melhor custo- -benefício e sempre se
gaste menos que a renda total. “Esse é o legado que recebemos e que deve
permanecer. Os serviços que ofertamos são autossustentáveis. O que é feito em
termos de SENAR-PR também. Isso nos dá uma pequena margem, que nos deixa
trabalhar”, assinala Medeiros.

Prestação de serviços

Ainda que a defesa política do
setor seja o foco do trabalho, a entidade também conseguiu se tornar referência
no atendimento prestado aos produtores no dia a dia. A lista de serviços
ofertados abrange uma série de itens, como Imposto Territorial Rural (ITR),
Imposto de Renda, Cadastro Ambiental Rural (CAR), Certificado de Cadastro de
Imóvel Rural (CCIR), Declaração de Posse, entre outros.

De acordo com o colaborador
Leandro Felipe Diniz, um dos responsáveis por esses atendimentos, o fluxo de
produtores é constante e muitos aparecem por indicação de vizinhos ou
conhecidos. “Eles vêm porque o sindicato resolve o problema, e resolvemos
mesmo. Quando temos dúvidas, contamos com o auxílio da FAEP”, assegura Diniz.

O Sindicato Rural de Castro
também investe em algumas ações para trazer novos associados, afinal, um dos
princípios que norteiam a entidade é o planejamento. Nesse sentido, o Programa
de Sustentabilidade Sindical (PSS), desenvolvido pelo Sistema FAEP/SENAR-PR,
está auxiliando na elaboração de estratégias para a continuidade do trabalho.

Debate com os produtores

Além de manter o vínculo com as
cooperativas e outras associações de interesse, o Sindicato Rural de Castro apostou
no estreitamento do relacionamento, de maneira individual, com os produtores.
Todas as quartas-feiras é servido um café da manhã na sede, com a presença da
diretoria, para debater as demandas que surgiram. O convite por meio das redes
sociais é aberto a todos os produtores, seja associado ou não.

“Nós estamos sempre abertos a
ouvir qualquer demanda. O momento do café traz reconhecimento porque estamos
divulgando as nossas ações e as pessoas percebem. Mas a gente tem que ter
consciência que o nível de participação não vai mudar de uma hora para outra. É
preciso ter a preocupação de entender o sistema de adesão”, observa o
presidente.

A iniciativa vem, aos poucos, se
consolidando como estratégia de divulgação do trabalho realizado pelo sindicato
rural, além de agilizar a resolução de problemas pontuais e levar os produtores
para dentro da entidade. O agricultor João Carlos Taborta, associado há cerca
de um ano, é exemplo de que as ações para conscientização e mobilização dos
produtores podem trazer resultados efetivos.

“Minha esposa me inscreveu no
curso de ‘Liderança Rural’ da FAEP e passei a ter uma visão diferente como
produtor. O sindicato abriu portas que eu não tinha acesso antes de estar aqui.
Eu, que sou de família de produtores rurais, entendi que nós precisamos do
sindicato e, por isso, a gente precisa trazer o pessoal para dentro, para
participar e fortalecer”, afirma o agricultor, que hoje é figura frequente na
sede da entidade e presença confirmada nas reuniões.

Taborta faz parte de um importante
nicho que o sistema sindical busca atingir: jovem, engajado e com espírito de
liderança. Dessa forma, o produtor fez o caminho inverso e passou a participar
ativamente da entidade após o fim da contribuição sindical obrigatória. “Com o
curso de Liderança Rural, eu pude entender a importância do sindicato para os
produtores e explorar ideias de como fortalecer o sistema. Daí em diante foi
crescendo a minha vontade de fomentar a ideia do sindicato”, conta Taborta.

Em outro nicho, o produtor de
leite Geraldo Tadeu Prestes participa ativamente do sindicato há mais de 15
anos. Ele faz parte do grupo que viu de perto as diversas ações realizadas ao
longo dos últimos anos, tanto que ajuda na mobilização de novos associados.

“Sou sindicalizado por causa do meu
pai. Hoje meu irmão faz parte da diretoria, então, posso dizer que essa
participação veio da família. Por causa dessa relação próxima, eu sei que muito
suporte que o produtor recebe é pelo sindicato. Na greve dos caminhoneiros, em
2019, a entidade foi indispensável para a intermediação para que não se
acentuasse a crise em relação ao trato dos animais, fundamental para manutenção
da produtividade e reduzir prejuízos”, elenca o produtor.

Além de estar sempre a par das
ações de representação política, Prestes também participa de outras atividades
desenvolvidas pelo sindicato, como o café da manhã, cursos e eventos, momentos
importantes para adquirir novos conhecimentos e fortalecer o relacionamento com
outros produtores.

“Eu participei do workshop ‘Agro Pro’,
uma experiência ótima, pois dá uma visão sobre a interação com outros parceiros
produtores. Nós não somos concorrentes, mas aprendemos com as experiências um
do outro”, relata. “É uma reflexão de que não estamos sozinhos, de como o
produtor necessita de um sindicato, uma voz ativa para continuar sua atividade.
A gente tem que entender que essa é a casa do produtor rural. O sindicato é um
guarda-chuva armado para que ele possa se abrigar, por isso é importante que
seja forte”, salienta Prestes.

Referência na atuação

A prioridade do Sindicato Rural
de Castro é manter o trabalho de representação política que consolidou a
entidade como referência na região e no Estado, conciliando às novas ações de
engajamento. Para isso, o presidente Eduardo Medeiros Gomes acredita que é
preciso reformular a necessidade de recursos a partir desta visão.

“Eu penso que o foco é a
representação política. A legitimidade está na figura do sindicato. A gente não
pode perder essa visão de representante de uma classe, dos interesses
econômicos e de bem-estar desse grupo, tão importante no Paraná”, reforça.

O aumento de associados e das
arrecadações, na visão de Medeiros, é uma meta que será alcançada a longo
prazo. “Não é fácil obter contribuições de maneira voluntária. Mas nós
acreditamos no reconhecimento do nosso trabalho, que inclusive já temos, e que
virá espontaneamente em maior número com o passar do tempo. Nosso foco, hoje, é
um trabalho muito mais de cunho político e representativo. Acho que a gente tem
que se reinventar nesse sentido”, aponta.

De acordo com Medeiros, os
recursos financeiros se fazem mais necessários para fornecer o apoio que a
entidade precisa para manter essa representação política dentro do sistema
sindical. “Nós acompanhamos e atuamos muito com a Federação, porque existem os
especialistas em cada área e a gente tem esse suporte”, afirma.

O Sindicato Rural de Castro
carrega na bagagem uma série de ações que foram fundamentais para a melhoria da
vida do produtor rural, como parcerias com o poder público para asfaltamento de
estradas e intercedência junto às autoridades para resolução de questões
relacionadas ao meio ambiente. Nesse sentido, o presidente relembra a origem
dos sindicatos rurais e seu papel no desenvolvimento do campo ao longo dos
anos.

“Eu acho que esse modelo foi
muito importante porque passamos por uma fase necessária, quando mais da metade
da população vivia no campo. Assim, o sindicato, inclusive, promovia ações de
governo em termos de assistência pública. Mas a realidade mudou. Então, eu
imagino que, na prática, a gente devia voltar a olhar como eram as nossas associações.
O presidente é uma pessoa que, por voto, representa os produtores naquele
local. Isso é mais importante que o espaço físico”, avalia Medeiros.

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Fonte: Sistema FAEP



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