Mesmo com redução de 6% dos pomares, a produção de laranja em São Paulo e Minas Gerais, principais estados da cultura, foi de 300,6 milhões de caixas na safra 2015/2016. No entanto, as projeções negativas sobre o clima rebaixaram a estimativa para a próxima safra, que deve ser 18% menor, para 245,74 milhões de caixas.A redução da área do parque citrícola foi de 27,8 mil hectares nos 349 municípios dos dois estados, de acordo com balanço divulgado pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). Atualmente, a área plantada de laranja é de 416 mil hectares.
A produtividade média por árvore diminuiu 19%, com a estimativa de 1,40 caixas por árvore, na comparação com 1,73 caixas por árvore na safra passada.
Na avaliação do gerente do Fundecitrus, Juliano Ayres, o aumento da temperatura nos meses setembro e outubro derrubaram a produtividade de setor.
Com as altas temperaturas em várias regiões, a planta sofreu um estresse muito forte, comprometendo a produção e o número de frutos por árvore , declarou Ayres.
O diretor executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus BR), Ibiapaba Neto, espera um rendimento da fruta superior para 2016/2017.
Em 2015/2016, começamos estimando um rendimento de 265 caixas para fazer uma tonelada de FCOJ equivalente, e terminamos com de 300. No ano anterior, a gente achava que seria 260 e terminamos com 240, um rendimento muito melhor , disse.
O estudo da Fundecitrus aponta também a precipitação pluviométrica por conta do El Niño. No período de 2011 a 2014, a média de chuvas ficou em 1.363 milímetros. Em 2015, a média foi de 1.615 milímetros, fator que também prejudicou a produção.
Produtores
A redução na área plantada e a queda da projeção para 2016/ 2017 é resultado de preços baixos nas últimas safras, segundo o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flavio Viegas.
Mesmo com a recuperação dos preços, o produtor não tem margem [de lucro]. Então, está difícil para ele manter o negócio e o pomar adequadamente cuidado. A perspectiva era de quebra de safra mesmo, e deve continuar em queda. O pomar não vai se recuperar tão cedo , afirma.
Segundo Viegas, o brasileiro tem comercializado o suco de laranja a US$ 4 ante os US$ 12 do norte-americano. Isso tem feito com que os pequenos e médios produtores deixem a citricultura e busquem novos segmentos. Até mesmo os grandes estão com dificuldades para se manter , avaliou.
Pela localização geográfica, esses antigos citricultores acabam investindo em cana-de-açúcar. Poucos têm outras alternativas, até pela geografia e opções de mercado , concluiu Viegas.
Pragas
A incidência de pragas é um fator que cada vez mais preocupa o setor. No balanço do Fundecitrus, dos 18% da plantação com incidência de greening – tipo de inseto que prejudica a colheita -, a perda direta soma 4%.
Para o membro do Conselho da consultoria Markestrat, Marcos Fava Neves, a situação fitossanitária da citricultura brasileira é estável. Esse número tem crescido, mas está muito abaixo da situação da Flórida , pontuou.
Segundo ele, 90% das plantas doentes no estado americano têm alta severidade. Uma citricultura que produzia 150 milhões de caixas está produzindo 70 milhões , disse.
A maior perda dos pomares brasileiros por erradicação ou abandono foi na cidade de Matão (SP), com redução de 6.429 mil hectares (-18%).
Variedades
O número de árvores com variedades, que representa 97% dos pomares, também encolheu cerca de 3%, de 197,8 milhões na safra 2014/2015 para 192 milhões em 2015/2016.
Mais de 90% do cinturão citrícola são formados por quatro variedades, e a Pera Rio lidera com 35% das árvores.
Fonte: DCI
Fonte: Canal do Produtor