Quando
falamos de café, é impossível não falar do Paraná. Apesar de a cultura já não
ter a mesma força de décadas atrás, o setor cafeeiro do Estado vem se
reestruturando para manter- -se relevante no mercado. A aposta em alta
qualidade é a nova cara do café paranaense, que recebe destaque pela produção
de cafés especiais, principalmente no Norte Pioneiro.
A Feira
Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Ficafé), que
aconteceu nos dias 2 a 4 de outubro, em Jacarezinho, contribui para esse
cenário. A programação trouxe debate acerca de tendências para a cafeicultura,
abordando temas como oportunidades do mercado internacional, desafios da
comercialização, aspectos técnicos da produção, entre outros temas. Ao longo
dos três dias, o evento também contou com 12 oficinas ofertadas pelo Sindicato
Rural de Jacarezinho, com apoio do Sistema FAEP/SENAR-PR e Sicredi. Houve ainda
uma parceria com o Probat Leogap e Tarfill. Com os temas “Torra de Cafés
Especiais” e “Manutenção de Roçadeira e Derriçadeira”, as oficinas receberam
cerca de 180 participantes, entre produtores rurais e visitantes da feira. O
Sistema FAEP/SENAR-PR também esteve presente com estande, com o objetivo de
levar informações sobre os cursos ofertados pela instituição.
“O Paraná, com
uma safra estimada em 1 milhão de sacas, pode ter sua produção comparada à de
países como a Costa Rica, um dos principais produtores de cafés especiais do
mundo. Isso mostra a importância da cafeicultura paranaense e das ações do
Sistema FAEP/SENAR-PR para o fortalecimento desta importante cadeia produtiva”,
destaca Jéssica Welinski de Oliveira D’Angelo, técnica do Departamento Técnico
(Detec) do Sistema FAEP/SENAR-PR.
Qualificação de produtores
Para o
presidente do Sindicato Rural de Jacarezinho, Eduardo Sérgio Assumpção
Quintanilha Braga, a promoção de oficinas durante o evento foi uma importante
estratégia para fomentar a capacitação dos cafeicultores. “São assuntos que os
produtores pedem e tentamos atender da melhor forma. É uma lavoura difícil e
que exige mão de obra qualificada. Então, os produtores têm interesse e querem
se capacitar”, afirma.
A oficina de
“Torra de Cafés Especiais”, ministrada pelo barista e mestre de torra Daniel
Munari, mostrou o processo que acontece na outra ponta da cadeia, que permite a
valorização do produto. “É fundamental fazer esse link entre as pontas. Com
conhecimento, o produtor tem um diferencial, condições de atender melhor o
mercado. O contrário também acontece, pois colocar o mercado próximo à produção
é uma forma de incentivar a valorização deste produtor”, salienta Munari.
Durante a
oficina foi demonstrado como alcançar a potencialidade do grão, abordando cada
etapa da torra, além de degustação. “O café especial é uma bebida superior,
mais aromático, com doçura natural e acidez equilibrada”, explica Munari.
Já a oficina
de “Manutenção de Roçadeira e Derriçadeira”, com o instrutor Emerson Massoqueto
Batista, trouxe os aspectos técnicos em relação à operação do maquinário para a
produção de café, dando ênfase à segurança do trabalhador. “O curso teve uma
repercussão muito boa. A capacitação dos produtores é fundamental para a
operação das máquinas, na questão do uso do EPI [Equipamento de Proteção
Individual], pois o desconhecimento de um simples detalhe pode trazer muitos
riscos para quem opera e até mesmo outros presentes no campo”, observa Batista.
CT de Cafeicultura debate estratégias para
2020
No dia 3 de
outubro, durante a Ficafé, aconteceu a reunião da Comissão Técnica (CT) de
Cafeicultura da FAEP. Na ocasião, os presentes elaboraram ações estratégicas
para a cafeicultura paranaense para o próximo ano. “O passo seguinte é promover
uma reunião com os presidentes das associações de café do Paraná para
viabilizar uma integração entre os cafeicultores paranaenses e estruturar
melhor a questão da comercialização, principalmente de café especial”, destacou
o presidente da CT da FAEP, Walter Ferreira de Lima.
Segundo Lima,
o setor é formado por muitos produtores de pequeno porte, e, portanto, sem a
integração, existem dificuldades para atingir o volume necessário para as
exportações, tanto no mercado interno quanto externo. “Muitos mercados exigem
constância de entrega, então isso acaba sendo um problema para produções
menores em que o produtor está sozinho. Por isso, uma das nossas preocupações é
desenvolver uma política paranaense do café”, acrescenta.
A reunião também abordou aspectos relacionados ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do café, com palestra ministrada pelos auditores fiscais da Delegacia Regional da Receita Estadual de Jacarezinho, Evandro C. Diniz e José Antonio V. de Figueiredo. De acordo com o presidente da CT, esse é um tema de muito interesse para os produtores, pois o café é praticamente o único produto agrícola em que há incidência do imposto. Durante a palestra, os auditores solucionaram as dúvidas dos presentes em relação à tributação do ICMS na operação interestadual, na operação interna e a obrigatoriedade da Nota Fiscal de Produtor Eletrônica (NFP-e) na operação interestadual a partir de 2020.
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Fonte: Sistema FAEP