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SEM FORÇA BRUTA

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, afirmou que a demarcação de terras indígenas no país

- Não vai acontecer na força bruta – afirmou.

Em uma longa série de postagens em sua conta no Twitter, ela defendeu ainda que, apesar da atual situação das contas públicas, o estado compre terras para delimitar as áreas indígenas ou fazer assentamentos.

- Não queremos a barbárie instalada no país. O Estado de Direto pacifica as sociedades. O Estado pode comprar terras dos produtores pra fazer o que quiser: terra indígena e assentamento – escreveu a ministra.

As manifestações foram feitas um dia depois da aprovação, na Comissão Especial da Câmara, do substitutivo daProposta de Emenda Constitucional 215 (PEC/215). O texto estabelece que as demarcações devem ser definidas por lei, não mais por decreto. Apoiada pela bancada ruralista e criticada por lideranças indígenas e movimentos sociais, a medida, na prática, transfere para o Congresso Nacional o poder de decisão sobre a delimitação de áreas reservadas para os povos indígenas no Brasil. O texto ainda deverá passar pelo Plenário da Casa.

Uma das principais lideranças ruralistas do país, Kátia Abreu, presidente licenciada da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), é crítica de longa data da forma como o processo de demarcação de terras indígenas vem sendo conduzido no Brasil. E quando passou a integrar o governo, suas posições não deixaram de ser vistas com ressalvas. Logo no início do ano, o então ministro de Relações Institucionais, Pepe Vargas, chegou a dizer que

- Como ministra, Kátia Abreu não deverá se manifestar em torno dessas questões – e que – com certeza, ela sabe as funções de seu Ministério.

Suas novas postagens no Twitter são algumas das mais duras manifestações públicas sobre a questão indígena desde quando assumiu o Ministério da Agricultura, com críticas a quem, segundo ela,

- Incita a luta de índios contra não índios no Brasil – afirmou.

Sem citar nomes, afirmou que existem “os que se dizem protetores dos índios”, mas “os fazem escravos de sua causa”. De outro lado, negou que os ruralistas tenham ódio dos indígenas, alegando que a demarcação de terras ou criação de assentamentos no país prejudica grandes e pequenos produtores.

- Os ruralistas têm ódio de quem incita os índios contra não índios. Os ruralistas têm muito ressentimento daqueles que incitam o ódio e a contenda entre brasileiros. Como se no país não existisse leis! –  escreveu, acrescentando que – a contenda por terras não é dos fracos contra os fortes. Talvez os grandes consigam gritar mais alto. Tem assentados que perderam suas terras.

Kátia afirmou que os produtores rurais, sejam grandes ou pequenos, não “roubaram” terras dos indígenas, mas compraram e foram titulados pelo estado. Desta forma, também teriam direitos, mas, na visão da ministra,

- São vítimas da omissão, falta de regramento, preconceito e ódio – afirma ela.

- Porque não reivindicam as terras do descobrimento? Não teriam apoio da sociedade pois ali se criaram grandes cidades com grandes populações. É mais fácil fazer dos produtores isolados no interior do Brasil seus algozes.Acusa-los de inimigos dos índios e ladrões de suas terras – tuitou a ministra, dirigindo-se ao que chama de “falsos” defensores da causa indígena.

Jogos indígenas

Nas postagens, a ministra também rebateu críticas feitas à sua presença, na semana passada, na cerimônia de abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em Palmas, capital de Tocantins. A realização das competições tem servido também como cenário de protestos das lideranças contra a atual política indigenista do governo e a própria PEC 215.

Em resposta, via Twitter, Kátia Abreu disse que suas convicções a respeito da questão não a impedem de apoiar a realização dos Jogos.

- Alguns até imaginaram que eu trabalharia contra a sede dos jogos em Palmas. Lutei e apoiei a sede em Palmas – escreveu, sem citar quem seriam esses “alguns”.

Fonte: Globo Rural



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