E se, de repente, a produção brasileira de grãos desabasse dos 210 milhões de toneladas previstos para este ano para algo entre 40 e 100 milhões de toneladas?
Com certeza sofreriam muito os agricultores e o país inteiro. Haveria desemprego: o setor agrícola emprega 13% da força de trabalho do país, e parte desse contingente certamente seria desmobilizado. Mundo afora, muita gente passaria dificuldades – afinal, o Brasil é o segundo maior fornecedor global de alimentos e produtos agrícolas, atrás apenas dos Estados Unidos, e deve assumir a liderança até 2024, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentos e Agricultura (FAO).
Tudo isso aconteceria se o Brasil deixasse, da noite para o dia, de usar agrotóxicos em suas lavouras. E os danos tendem a ser maiores na sequência, pela proliferação de inimigos que hoje são controladas com o uso de produtos químicos. “Em cinco anos o desequilíbrio provocado seria muito grande, porque as pragas teriam uma capacidade de reprodução e domínio monstruosa”, diz o professor Marco Gantonio Gandolfo, diretor do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp), engenheiro-agrônimo e doutor em Agronomia, com pesquisas na área de pulverização agrícola. “Isso poderia inviabilizar a agricultura do Brasil em pouco tempo.”
De fato, o uso de produtos químicos na agricultura tem muitos inimigos, mas é difícil imaginar a produção no nível que temos hoje sem esse tipo de auxílio. Em especial no Brasil, onde o clima é especialmente favorável tanto à produção agrícola como à reprodução de agentes que podem causar danos às plantações. “Se formos comparar a produção agrícola brasileira com a norte-americana, que é referência para o mundo pelo potencial produtivo que eles têm e pela forma como eles exploram esse potencial, os Estados Unidos tem um período do ano onde tudo é gelo. Esse é um controle natural fantástico”, afirma Galdolfo. No Brasil isso não existe. Por isso, o uso desses produtos é indispensável.
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Fonte: Sistema FAEP