DINHEIRO-WEB

SEGURADORA MIRA AGRICULTORES

Com operações em várias partes do mundo, a americana Markel Corporation vinha atuando no Brasil apenas no resseguro, o mecanismo de gestão de risco das próprias seguradoras. Mas a companhia resolveu expandir sua atuação para o seguro e viu na agropecuária a porta de entrada para este segmento no mercado brasileiro.

A subsidiária brasileira da empresa, Markel Seguros, colocou à venda um seguro agrícola contra risco climático. O produto está registrado desde maio. A promessa é de levar ao agricultor um atendimento “caso a caso” com apólices referenciadas apenas no perfil e na realidade da produção de cada cliente.

- É a principal diferença em relação ao que existe hoje. Nossas referências não serão as médias da região de produção, mas o que o produtor efetivamente consegue no campo – garante Leonardo Paixão, presidente da Markel Seguros, acrescentando que o produto foi criado no Brasil.

De início, o seguro de risco climático está restrito às culturas de soja, milho (primeira e segunda safra), algodão e cana-de-açúcar. Mas já existem planos de expandir o atendimento para outros segmentos, como café e citros.

O prêmio – preço para o segurado – e as faixas de cobertura são calculados com base na produtividade e custo de produção. A confirmação do sinistro – ocorrência que motiva o pagamento do seguro – e a indenização contratada serão feitos na pós-colheita.

- É preciso apenas encontrar uma faixa de cobertura que represente o risco que ele pretende cobrir. Normalmente, fica próxima do custo de produção  – explica Leonardo, acrescentando que, se o produtor tem fazendas em mais de uma região, pode ser feita uma só apólice, agregando a cobertura dos diferentes locais.

O executivo não adianta expectativas. Os primeiros números devem ser consolidados no final da safra 2017/2018. Ele revela apenas que, entre seguro e resseguro, o aporte financeiro feito para dar suporte a esse produto permite uma tomada de risco superior a R$ 1 bilhão.

Com ou sem subvenção

A Markel foi fundada em 1930. Sediada em Richmond, no Estado norte-americano da Virgínia, tem 75% dos negócios nos Estados Unidos. Seguros e resseguros são o principal, mas há investimentos em outros setores, como construção civil e consultoria. Tem patrimônio líquido calculado em US$ 8,5 bilhões e administra ativos de US$ 26,4 bilhões.

A chegada da empresa no Brasil se deu por meio da aquisição da Alterra Insurance Company, que atuava apenas com resseguros na América Latina. Em janeiro de 2017, foi aberta a seguradora no mercado brasileiro para atuar apenas na gestão de riscos no setor agropecuário, onde enxerga grande potencial de negócios.

No Brasil, o seguro rural ainda é bastante associado à subvenção federal e ainda pouco representativo em relação à produção do país. Dados do Ministério da Agricultura (Mapa) mostram que, do orçamento de R$ 400 milhões do Programa de Subvenção ao Seguro Rural para 2016, foram investidos R$ 398,6 bilhões.

Esse volume, no entanto, permitiu uma cobertura de apenas 5,6 milhões de hectares de agricultura, pecuária e florestas. Para se ter uma ideia, só na safra de grãos 2015/2016, foram plantados 58,33 milhões de hectares. Ainda conforme o Mapa, apenas 2,3% do Valor Bruto da Produção (VBP) nacional estavam cobertos no ano passado, sendo 3,5% do total da agricultura e 0,1% da pecuária.

Mirando, principalmente, produtores rurais de maior porte e tecnificação, a Markel quer ganhar mercado na grande parcela que não é atendida pelo seguro, diz Leonardo Paixão. E não espera contar com a subvenção federal para dar suporte aos resultados.

- Se o produtor obtiver a subvenção, nosso produto é compatível. Mas não ter a subvenção não impede que ele contrate nossa apólice. Nosso produto não foi desenhado pensando na subvenção – diz ele.

Revendas

Para chegar ao cliente, a Markel incluiu as revendas de insumos em sua estratégia de comercialização. Fechou uma parceria com a Associação Nacional das Distribuidoras de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav). A entidade tem cerca de 1,4 mil associados em cerca de 400 municípios.

As distribuidoras atuarão como promotores do seguro de risco climático. Para essas empresas, a vantagem é, indiretamente, ter uma proteção maior contra o risco de não cumprimento de contratos por parte de um cliente cuja safra foi frustrada pelas más condições do clima.

- À medida que somos financiadores, assumimos riscos, mas não temos a certeza de que o produtor tinha um seguro. Dessa forma, beneficia o produtor e o distribuidor – explica o presidente-executivo da Andav, Henrique Mazotini.

Como a legislação prevê que só corretoras podem vender seguros, a Garantia Agropecuária será a responsável pela corretagem das apólices por intermédio das revendas. A empresa está no mercado desde 2005 e já era parceira da Andav, fornecendo para associados seguros voltados para as distribuidoras, como empresariais e de transportes.

- A revenda vai nos indicar produtores para negociar conosco. Esse seguro, inclusive, poderá ser usado como garantia para esse produtor ter mais acesso a recursos – explica o diretor presidente da corretora, Juarez Dias. A partir dessa parceria, a expectativa da empresa é de que a modalidade agrícola passe a representar pelo menos 70% dos negócios.

Fonte: Revista Globo Rural



avatar

Envie suas sugestões de reportagens, fotos e vídeos de sua região. Aqui o produtor faz parte da notícia e sua experiência prática é compartilhada.


Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.