O pecuarista Aldo Rezende Telles Jr., de Brasnorte, no noroeste de Mato Grosso, chegou a ter um quarto das pastagens de sua propriedade degradadas. Baixa produção de forragens, infestação de plantas daninhas e proliferação de cupinzeiros eram algumas das características dessas áreas. Hoje em dia, mal se reconhece o cenário.
O caminho para reverter o processo foi substituir os métodos tradicionais por novos conceitos, como a integração lavoura-pecuária. No ano passado, na fazenda do pecuarista foram cultivados mil hectares de soja, 700 de arroz e 130 de milho. Todas as culturas foram plantadas juntamente com a variedade de capim massai.
Após a colheita, as áreas são transformadas em pasto para a recria dos animais. Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Corte Armindo Kichel, especialista no sistema, os ganhos produtivos quando se consorcia pecuária e lavoura chega a ser cinco vezes maior do que com métodos tradicionais.
Nesse tipo de sistema, diz o especialista, a soja produz de 5 a 15 sacas a mais por área, e a pastagem recuperada produz entre 6 e 7 vezes mais que na produção individual. A vantagem adicional é a diversificação de atividades.
“Se eu tenho riscos climáticos ou problemas no preço do grão, ainda me sobram os animais. Então esse sistema é mais lucrativo do que você possuir apenas a pecuária ou a agricultura em uma mesma área”, diz Kichel.
Menos custos
Além de aumentar o potencial produtivo das pastagens, o sistema de integração ajuda a reduzir os custos na pecuária. Na fazenda de Telles Jr., os resíduos da agricultura são reaproveitados e servem de base para alimentação de três mil bovinos terminados no semiconfinamento.
O pecuarista afirma que, antes de adotar o sistema, era radicalmente contra o confinamento, pois precisaria comprar todos os produtos usados na alimentação do gado, resultando em ganhos reduzidos. “Com a integração, nós temos a carne e boa parte da alimentação. Nós transformamos tudo em proteína e, consequentemente, em reais”, explica
Cuidados
De acordo com o pesquisador da Embrapadeve-se ter alguns cuidados antes de implantar a integração lavoura-pecuária na propriedade. Para recuperar as pastagens com agricultura, é preciso avaliar se a área tem clima, solo e topografia que permitam a produção de grãos.
O pecuarista pode realizar ele mesmo a integração das atividades ou em parceria com agricultores. Kichel afirma que recuperar pasto com lavoura e depois retornar com pastagem é uma operação extremamente rentável. O pecuarista que fizer isso terá uma pecuária de alta qualidade e grandes colheitas.
“Temos áreas de Mato Grosso produzindo 30-40 arrobas na recria de animais e resíduos para semiconfinamento. É um sistema econômico, sustentável e produtivo”, diz o pesquisador.
Fonte: Canal Rural
Fonte: Canal do Produtor