As usinas de cana do Centro-sul do Brasil devem processar entre 605 milhões e 630 milhões de toneladas na safra 2016/2017, que começou, oficialmente, em primeiro de abril. A informação foi divulgada, nesta quarta-feira (27/5) pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
A entidade que representa as usinas pondera, no entanto, que há elementos que podem levar à revisão das expectativas ao longo da safra. Canavial envelhecido, indefinição das condições climáticas e dúvidas sobre a lavoura colhida na entressafra, que corresponde a 9% do total, são citados no comunicado oficial como fatores de risco para as operações neste ano.
- O número de variáveis fora do controle e de difícil previsão dificultam uma maior assertividade sobre a produção – ressalta Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica, na nota.
Só nos primeiros 15 dias do mês de abril, as usinas moeram 38,24 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, bem mais que no mesmo período na safra 2015/2016, quando foram 13,05 milhões. Segundo a Unica, o clima seco nas regiões produtoras permitiu o maior tempo de trabalho nas unidades.
Além disso, há um maior número de usinas em operação quando se compara com o mesmo período em 2015. Durante a primeira quinzena deste mês, a quantidade passou de 137 para 205 plantas industriais. Em abril de 2015, eram 165.
Açúcar e etanol
A produção de açúcar para a safra 2016/2017 deve ficar entre 33,5 milhões e 35 milhões de toneladas, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar. As projeções indicam crescimento de 2,28 a 3,78 milhões de toneladas em relação aos 31,22 milhões da safra 2015/2016.
A produção de etanol deve variar entre 27,5 bilhões e 28,7 bilhões de litros. Deste volume, entre 10,8 e 11 bilhões serão de etanol anidro e entre 16,7 e 17,7 bilhões de litros de etanol hidratado.
Considerando só o período de 1 a 15 de abril de 2016, a proporção de matéria-prima direcionada à fabricação de açúcar atingiu 40,99%, com 1,43 milhão de toneladas produzidas. A produção de etanol, alcançou 1,29 bilhão de litros, sendo 891,29 milhões de hidratado e 387,29 milhões de litros ao etanol anidro.
- Os diferentes cenários para a safra 2016/2017 indicam a possibilidade de avanço na produção de açúcar sem comprometimento da oferta recorde de etanol observada no último ano – diz Pádua.
Já as vendas de etanol pelas usinas do Centro-Sul totalizaram 1,01 bilhão de litros na primeira metade de abril. O volume ficou bem próximo do mesmo período em 2015, de 1,10 bilhão de litros. Do total, 39,69 milhões de litros foram para exportação.
No mercado interno, informa a Unica, foram 968,85 milhões de litros vendidos, sendo 376,60 milhões de etanol anidro e 592,25 milhões de hidratado. Na avaliação da entidade, o mercado, especialmente no hidratado, mostra uma recuperação quando se compara com março deste ano, mas os volumes são inferiores aos de abril de 2015.
- A intensa queda no preço do etanol hidratado recebido pelos produtores ao longo das últimas semanas finalmente começou a ser repassada aos consumidores, ampliando o incentivo ao consumo do biocombustível e a perspectiva de ampliação da demanda nos próximos meses – diz Antônio de Pádua Rodrigues.
Fonte: Revista Globo Rural