Nos últimos anos, o reposicionamento técnico das sementes tem permitido uma espécie de revolução silenciosa nos cereais de inverno, principalmente no trigo, cevada e aveia. Apesar dos contratempos com o clima, o melhoramento genético das cultivares em relação à resistência diante dos fenômenos climáticos como seca e geada e o controle de doenças está impactando diretamente no aumento da produtividade das lavouras.
Os dados de quatro safras cheias da série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) comprovam o avanço no rendimento das lavouras de inverno (veja o infográfico na página 13). O trigo exemplifica esta situação, tanto no Brasil como no Paraná. Em 2003, o rendimento nacional médio da safra do cereal do pão atingiu 2.227 quilos por hectare, saltando para 2.939 kg/ ha na atual temporada. No Paraná, o desempenho das lavouras é ainda mais expressivo, de 2.350 quilos por hectare em 2003 para 3.055 kg/ha em 2016. “Apesar de o agricultor depender do clima, houve avanço tecnológico, principalmente no surgimento de novas variedades adaptadas, que impacta diretamente neste crescimento. Baseado nas produtividades estimadas no início das safras, sem perdas, na série 2001 a 2016, o crescimento de produtividade é de 2% ao ano”, calcula Carlos Hugo Godinho, engenheiro-agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab).
O produtor Lincoln Campello se enquadra nas estatísticas da Conab. Ao longo das últimas três décadas, desde que assumiu a administração do negócio da família, o agricultor registra, safra a safra, avanços de produtividade nas lavouras de trigo na propriedade em Candói, região Centro-Sul do Paraná. Apesar de adotar religiosamente o calendário agrícola, realizar o manejo correto do solo e investir na modernização do maquinário, Campello aponta o melhoramento genético das sementes como fator primordial para o baú da colheitadeira estar mais cheio a cada temporada.
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Pesquisa
No Paraná, centros de pesquisa espalhados por algumas das principais regiões produtoras de cereais fazem o papel de ‘anjo da guarda’ dos produtores que apostam na produção de inverno. Muitas das variedades que hoje ocupam milhares de hectares do Estado saíram de laboratórios e campos experimentais para ganhar a escala comercial e permitir a conversão de tecnologia em lucro aos produtores. “Nos últimos 12 anos, houve uma evolução grande na seleção de cultivares adaptadas a região. A cevada, por exemplo, só a Embrapa desenvolvia sementes. A cooperativa Agrária firmou parcerias internacionais que permitem, ano a ano, colocar novas linhagens à disposição dos produtores”, destaca o coordenador da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa), Leandro Bren.
O melhoramento genético da semente também vem ao encontro dos anseios da indústria, que precisa da matéria-prima para manter sua produção em franco desenvolvimento. A cooperativa Agrária, responsável por 35% de todo o malte brasileiro, precisa mais do que a produção dos cooperados para manter a sua maltaria operando com capacidade máxima. “[Só os associados] não dão conta. Como precisa fomentar a produção de cevada fora da área da cooperativa, a Agrária trouxe material genético de países como Chile e França, que puderam ser adaptados à região”, diz Bren.
Vitrine
Para encurtar o caminho entre os centros de pesquisa e os produtores, a WinterShow, promovida pela Agrária e a Fapa, funciona como vitrine para a apresentação dos materiais genéticos dos cereais de inverno disponíveis no mercado. O evento, que acontece entre os dias 18 e 20 de outubro, na Fapa, em Guarapuava, reúne tecnologias diferenciadas, que envolve incremento de produtividade, manejo de resistência e controle de doenças. “A Wintershow tem como propósito a difusão de tecnologia. Os estandes são parceiros de pesquisa e tecnologia que trazem resultados para o campo, e disponibilizam produtos aos agricultores”, explica Leandro Bren.
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Fonte: Sistema FAEP