Com um PIB de R$ 1,2 trilhão projetado para 2015, o agronegócio brasileiro mantém as expectativas de bom desempenho no desalentado cenário econômico nacional. No ano passado, as exportações do agronegócio geraram superávit comercial de US$ 80 bilhões, enquanto os outros setores da economia tiveram déficit de US$ 84 bilhões na balança comercial. As vendas externas do agronegócio totalizaram US$ 96,8 bilhões, com recuo de 3,2% na comparação com os US$ 99,97 bilhões registrados em 2013, segundo dados do Ministério da Agricultura.
As projeções para 2015 indicam que a produção agropecuária brasileira deve continuar crescendo, mas os desafios que o país enfrenta para ajustar sua economia aos novos tempos mostram que a manutenção do ritmo de expansão das exportações do setor não é uma tarefa fácil.
- A economia brasileira no seu todo vivenciou um início de ano negativo – destaca Geraldo Barros, coordenador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
Segundo ele, no primeiro quadrimestre de 2015, o faturamento em dólar dos produtos exportados pelo setor caiu 14% em relação ao mesmo período de 2014, principalmente devido à queda do preço em moeda americana. No período, as exportações somaram US$ 25,5 bilhões.
- O volume exportado reagiu com mais força em março, mas o incêndio nas imediações do corredor de exportação em Santos, aliado ao resultado negativo do mês de fevereiro, pesou sobre o resultado dos quatro primeiros meses do ano. Para os próximos meses, caso se mantenha a desvalorização cambial, pode haver maior incentivo para o crescimento das quantidades exportadas – diz Barros, observando, no entanto, que o faturamento em dólar pode não atingir o mesmo patamar alcançado em 2014.
Por grupos de produtos do agronegócio, as projeções dos exportadores para 2015 indicam um possível crescimento da soja (farelo e óleo), apesar da queda de 34% de janeiro a abril em relação ao mesmo período de 2014.
Na produção animal, a carne bovina ainda deve sofrer o impacto da seca sobre o rebanho. Para frango e suínos, há espaço para crescimento, mas as exportações dependerão das condições concretas da demanda externa.
Na agroindústria, modestos avanços são esperados para café, açúcar, etanol e óleos vegetais. Nos quatro primeiros meses de 2015, segundo dados do Ministério da Agricultura, as exportações de café demonstraram melhor desempenho, com expansão de 23,5%.
- A produção mundial vem se mantendo alinhada com o consumo, não há sobras de café. Isso dá ao Brasil uma vantagem comparativa, pois temos capacidade para movimentar um volume expressivo de café, de boa qualidade. Embarcamos em média de 3 milhões de sacas ao mês, nos últimos três anos – diz Guilherme Braga, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
No caso do milho, apesar das oscilações negativas (no ano passado, o produto registrou queda de 22,4% do volume exportado), as projeções são amplamente favoráveis, pelo menos em longo prazo.
- O milho vai ser o cereal de maior demanda no mundo. Como os grandes produtores mundiais já estão na fase de esgotamento de sua produção de milho, como Estados Unidos e Europa, o Brasil, com terras e tecnologia, é o país em melhores condições de ocupar esse espaço – afirma o ex-ministro Alysson Paulinelli, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho).
Outro produto com boas perspectivas é o tabaco, produzido em grande parte na região Sul. No primeiro trimestre de 2015, as exportações de tabaco do Brasil cresceram 45% em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando 21,2 mil toneladas. A Souza Cruz é uma das principais exportadoras do produto, com uma fatia de 25%. Nos primeiros três meses deste ano exportou 25,9 mil toneladas, com 28% de aumento ante o mesmo período de 2014.
- O tabaco já representa 13% do total das exportações do agronegócio brasileiro, e rende em divisas, em média, US$ 2,5 bilhões por ano – informa Dimar Frozza, diretor de tabaco da empresa.
Fonte: Suinocultura Industrial