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Recuperação da economia ainda é frágil, apontam economistas

Depois de entrar na pior crise da sua história, o Brasil dá sinais de que a economia começa a se recuperar. Mas a trajetória de retomada que foi constatada em 2017 ainda precisa ser vista com cautela nas projeções para 2018. A análise foi feita durante o evento Perspectivas da Economia para 2018, realizado nesta quarta-feira (30), no Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR), em Curitiba. Ao todo, seis instituições representativas dos principais setores produtivos e institutos de estatística do Estado participaram do evento, entre elas a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP).

O economista do Departamento Técnico Econômico (DTE) da FAEP, Pedro Loyola, informou aos participantes que os principais produtos agrícolas do Paraná tiveram queda de preços (acesse o link para saber mais sobre o assunto). “Isso nos preocupa porque os custos de produção aumentam a cada ano que passa. O que ainda segura os produtores é que a soja tem pagado a conta e eles ainda estão capitalizados por virem de bons preços e boas safras em ciclos anteriores. Mas se essa situação de queda de preços se repetir por mais um ano, podemos começar a ter problemas mais sérios”, disse. “Uma tendência que observamos é que o complexo carnes tende a ultrapassar o complexo grãos nos próximos anos, com maior valor agregado em produtos para exportação”, completou.

Fábio Dória Scatolin, economista membro do CORECON-PR, fez uma contextualização e mostrou que o Brasil, após a Segunda Guerra Mundial, tem ciclos de desenvolvimento seguidos de crises. “Analisando os dados, claramente você vê o que acontece agora também no período militar e se voltar um pouco mais também no governo de Juscelino Kubistchek. Aqui você pode incluir o pós-governo Lula também. São três fases de expansão muito claras e três fases de contração bem definidas. Nesses três períodos tivemos crises políticas bastante significativas e similaridades: inflação, déficit público e desemprego. E mais, todos eles têm um elemento que é a crise externa internacional (1957 crise do café, 1981 crise do petróleo e agora o fim do grande ciclo de commodities)”, analisa.

Scatolin aponta que a luz no fim do túnel no momento atual é que em termos globais a economia já superou a crise de 2008 e vive um momento de retomada sincronizada. Com boas taxas de crescimento de PIB por boa parte das nações, segundo ele, o Brasil tem uma janela de oportunidade nas exportações. “Para aproveitar essa chance, o agronegócio também precisa investir e modernizar seus processos, ir para a indústria 4.0 e todas essas discussões que temos em outros setores. É necessário repensar nossos modelos de crescimento”, aconselhou.

Indústria e comércio

Essa discussão de modernização em processos foi um dos pontos mencionados também por Roberto Zurcher, economista da Federação da Indústria do Estado do Paraná (FIEP). Em sua visão, se em outros setores se fala em regressão, o que a crise no Brasil levou ao segmento industrial foi “destruição”. “Vamos passar muitos anos ainda para voltarmos ao patamar que estávamos. Mas precisamos enfatizar que a indústria do Paraná é forte, cresce mais do que a média brasileira. Hoje, os principais produtos que puxam esse resultado positivo são celulose, veículos, máquinas e equipamentos, produtos químicos e madeira”, listou.

Consultor econômico da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), Vamberto Santana mostrou números animadores em relação ao varejo. Segundo ele, a liberação de recursos como o FGTS das contas inativas no início do ano, os R$ 16 bilhões do PIS/PASEP mais recentemente e ainda a liberação dos lotes do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) dão um fôlego ao setor. “A demanda passa por uma série de sinais positivos, com um salário real maior devido à queda de inflação e juros menores. Mas os comerciantes de modo geral estão atentos e sabem que precisam correr atrás de inovações no setor”, disse.

Órgãos de pesquisa

O supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), Sandro Silva, também participou do encontro. Ele apresentou indicadores de geração de emprego e mostrou que depois da crise o trabalho informal vem ganhando espaço em relação ao total de vagas. Também participou do evento Daniel Nojima, diretor do centro de pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), que tratou sobre o desempenho da economia do Estado e o papel do agronegócio para que o PIB feche com saldo positivo em 2017.

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Fonte: Sistema FAEP



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