O aumento dos impostos federais PIS e Cofins sobre os combustíveis (diesel, gasolina e etanol) está encarecendo ainda mais os custos de produção dos agricultores em Goiás. Reajustado em R$ 0,21 por litro, o óleo diesel deve gerar uma despesa extra de R$ 58,907 milhões na safra 2017/18 de grãos e fibras (soja, milho, feijão, sorgo, girassol e algodão) no Estado.
Esse cálculo do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária Goiana (IFAG Econômico) considera o consumo de diesel nas operações com maquinário dentro das propriedades nas fases de pré-semeadura, plantio, condução e colheita das lavouras.
– Os resultados apresentados mostram apenas um primeiro impacto direto que, com certeza, será ampliado com o repasse desse aumento nos custos pelas empresas de insumos – alerta em nota técnica o analista do IFAG Econômico, Alexandro Alves.
Para os produtores rurais é preocupante a estratégia do governo de incrementar a arrecadação subindo os tributos sobre combustíveis, insumos básicos no agronegócio.
- O diesel move todo o nosso setor, desde o transporte dos insumos à operação nas lavouras e os fretes. Nãosuportamos pagar mais essa conta, principalmente nesse momento de preços achatados das principais commodities – adverte o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO), Bartolomeu Braz Pereira. – É uma medida errônea, que afeta não só os produtores, mas toda a sociedade brasileira, e precisa ser revista. -
Impactos
Somente na próxima safra estadual de soja o impacto negativo pode chegar a R$ 35,302 milhões, levando em conta a projeção de uma área de 3,327 milhões de hectares a ser plantada. Isso representa um custo adicional de R$ 10,61/hectare para abastecer máquinas e implementos agrícolas com óleo diesel. No caso do milho safrinha, cuja área projetada para 2018 é de 1,350 milhão de hectares, a oneração deve ser de R$ 15,261 milhões ou R$ 11,30/hectare. Os cálculos do IFAG Econômico compararam o preço médio atual de R$ 3,09/litro de diesel e o anterior, de 2,88/litro.
O reajuste no valor do óleo diesel também deve esmagar ainda mais as margens dos produtores que estão colhendo a safrinha de milho em Goiás e encontrando preços abaixo do mínimo (R$ 19,21/saca).
- Como o milho é uma cultura que produz muito por hectare, gasta-se mais com a colheita e com o frete. Então isso vai impactar muito os nossos custos, pois já estávamos trabalhando sem renda. Logicamente vai dificultar não só o final dessa safra, mas também o preparo da próxima – lamenta Bartolomeu.
Presidente do Sindicato Rural de Rio Verde, Luciano Jayme Guimarães confirma que os produtores da região estão indignados com essa elevação de impostos.
- O governo escolhe os momentos de maior consumo no País para aumentar as taxas. Todo aumento [no preço] de combustíveis tem acontecido durante a safra e penalizado muito os produtores. -
Cálculo do reajuste
O reajuste no preço do diesel nas bombas é resultado da elevação da alíquota do PIS e Cofins de R$ 0,2480 para R$ 0,4615 nas refinarias e a cobrança de uma tarifa, antes zerada, de R$ 0,1964 nas distribuidoras.
- Os cálculos do governo mostram que para cada R$ 0,01 a mais de tributo sobre o diesel, a arrecadação sobre R$ 350 milhões por ano, o que provocou a inevitável decisão de implantar imediatamente o aumento – informa a nota do IFAG Econômico.
Fonte: Aprosoja GO