Mato Grosso é um dos estados mais atingidos pelas queimadas neste ano. De janeiro a agosto, foram registrados mais de 15 mil focos de incêndio. Além das florestas, áreas de plantio e pastagem também sofreram com o fogo.
No norte do estado, as queimadas na beira de estradas têm sido constantes. E, quando o fogo não é controlado, o incêndio pode chegar até as áreas de lavoura justamente no período em que os produtores rurais se preparam para o plantio da safra de verão, que começa no dia 15 de setembro.
Foi o que aconteceu com o agricultor Sidnei Hübner, que produz em 310 hectares no município de Sorriso. A área estava pronta para o cultivo, mas o fogo se alastrou pela palhada seca, deixando o solo prejudicado para o plantio.
O fogo também passou bem perto da casa onde ele mora com a família. Glaucia Peske, esposa do produtor, e os filhos do casal ainda não conseguiram esquecer o incêndio.
A 30 km da propriedade de Hübner, mais prejuízos. O agricultor Argino Bedin perdeu 440 hectares que também estavam prontos para o plantio.
Bombeiros, vizinhos e funcionários da fazenda levaram mais de dois dias para conter a chamas. Foram usados três caminhões-pipa e aviões para controlar o incêndio.
Bedin ainda não conseguiu calcular os prejuízos na área onde ele planta soja e milho há mais de 40 anos.
O agrônomo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Emílio de Azevedo explica que o solo queimado pode levar anos para se recuperar.
Foi o que o produtor rural Eloi Bedin passou. A fazenda dele pegou fogo em 2011 e precisou de seis anos para conseguir recuperar totalmente o solo.
Ele explica que nesse período a produtividade caiu muito na área. Antes do fogo colhia 63 sacas de soja por hectare, depois da queimada só 56. Isso gerou um prejuízo de cerca de R$ 500 mil no período.
Fonte: Globo Rural