No último dia de debates (30/07) do Congresso Internacional do Leite 2015, realizado em Porto Alegre/RS, inovação e sustentabilidade foram os assuntos do primeiro painel da manhã. Benefícios do consumo de lácteos para a saúde humana – evidências científicas; probióticos para a indústria de laticínios e novos produtos para a indústria brasileira de laticínios foram os temas abordados pelos palestrantes.
A professora adjunta do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos (PPGCTA) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Neila Silvia dos Santos Richards, apontou os queijos diferenciados (por exemplo: com fibras, com lactobacilos) como alternativa interessante para a indústria do Rio Grande do Sul.
- São produtos que o gaúcho habitualmente consome no dia-a-dia. Sugiro então um queijo fresco para o café da manhã ou lanche da noite – destaca a professora.
Outro novo produto para a indústria de laticínios recomendado pela palestrante foi o leite aromatizado com suco de frutas como o mirtilo que é produzido no Estado.
A manteiga é um produto muito demandado na Rússia e a manteiga brasileira não é fermentada, processo que aumenta a acides, diminui o PH e tem maior conservação, pelo alto conteúdo de gordura. A Europa também consome muito essa manteiga, especialmente a Holanda, Alemanha, Bélgica e Inglaterra.
- Até 2017, 50% dos lácteos importados pela a Rússia serão brasileiros, especialmente queijo, manteiga e leite em pó – reitera.
No final das apresentações, foi aberto o debate com perguntas do público aos palestrantes, ao presidente do painel, Virgilio Frederico Perius que preside o Sistema Ocergs/Sescoop/RS e ao moderador, Alexandre Guerra – presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do RioGrande do Sul (Sindilat/RS).
Três pontos centralizaram as questões: o mercado cada vez mais segmentado, com a produção, por exemplo, do iogurte para redução do colesterol. Em função das fraudes descobertas pelo Ministério Público do RS, o consumo de leite pasteurizado aumentou um pouco, tanto que em São Paulo tem leite sendo vendido em garrafas de vidro em alguns condomínios. Mas, segundo a professora da UFSM, não há tanta diferença entre o leite pasteurizado e o UHT (embalado em caixinha). O principal diferencial está nos lactobacilos, benéficos para a flora intestinal, que permanecem vivos no processo de pasteurização. O terceiro aspecto levantado nas perguntas da plateia foi referente a legislação. Neila concorda que a fiscalização peca em alguns aspectos, mas só é possível a mudança com diálogo e a união de todos os envolvidos no processo, inclusive o fiscal.
- Precisamos se unir para mudar o que está errado na lei, mas precisamos ter o fiscal como uma visita desejada e, para isso, é necessário arrumar a minha “casa” (indústria) para recebê-lo – finaliza.