A moagem de cana-de-açúcar pelas usinas na região centro-sul do Brasil totalizou 38,63 milhões de toneladas na primeira metade de maio, retração de 9,71% ante a mesma quinzena da safra anterior, com o setor lidando com produtividades menores e um atraso nas operações em 2019/20, informou nesta quinta-feira a associação das indústrias, a Unica, apontando ainda reflexo negativo na produção de açúcar e etanol.
No acumulado da safra 2019/2020 (iniciada em abril) até o dia 15 de maio, a moagem atingiu 84,15 milhões de toneladas de cana, queda de 18,27% sobre o ano anterior.
Segundo o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, com um atraso inicial em meio a chuvas, “a safra 2019/2020 registra retração na moagem de aproximadamente 20 milhões de toneladas, cuja recuperação dependerá muito do aproveitamento do tempo nas próximas quinzenas”.
De acordo com a Unica, foi registrado ainda uma redução no rendimento industrial de 4,5 quilos de açúcar por tonelada de cana processada, quando comparada com a produção da mesma quinzena da safra anterior.
“Esses elementos indicam uma safra mais alcooleira até o momento”, afirmou Rodrigues, lembrando que a demanda interna pelo biocombustível segue aquecida.
No acumulado desde o início da safra, a produção de açúcar alcançou 2,97 milhões de toneladas, queda de 28,4% na comparação anual.
Já o volume acumulado de etanol na safra atingiu 4 bilhões de litros, queda de 17%, com a produção de anidro em 954 milhões de litros e a de hidratado, o tipo que é usado nos carros flex, em 3,06 bilhões de litros.
Os dados da moagem também refletem uma seca em dezembro e janeiro, que atrasou o desenvolvimento da cana.
A qualidade da matéria-prima processada na primeira quinzena de maio, mensurada a partir da concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), registra sensível retração de 6,7%, atingindo 119,65 kg por tonelada em 2019, disse a Unica.
A associação também citou dados apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) a partir de uma amostra de 114 empresas, que indica redução de 1,39% na produtividade agrícola do canavial colhido em abril na comparação com o mesmo período da safra anterior, para 82,20 toneladas por hectare.
“Portanto, até o momento os dados não indicam aumento da produtividade agrícola. A retração de rendimento, acrescida da menor qualidade da matéria-prima, resulta em uma redução próxima a 480 quilos de ATR por hectare colhido até 15 de maio”, disse a Unica.
Além da questão da produtividade, o número de usinas que já entraram em operação na safra é menor ante a temporada passada, somando 236 até 15 de maio, versus 248 até igual data do último ano. Para a segunda quinzena deste mês, a expectativa é de que 11 usinas iniciem safra.
VENDAS EM ALTA
Com o etanol hidratado mais competitivo frente à gasolina, o volume total (incluindo anidro) comercializado pelas unidades produtoras do centro-Sul somou 1,32 bilhão de litros na primeira quinzena de maio, crescimento de 15,89% na comparação anual.
No mercado interno, a venda de etanol hidratado permaneceu aquecida, totalizando 934,72 milhões de litros, o maior volume já registrado para uma primeira quinzena de maio na série histórica. Essa quantidade representa um aumento de 21,53% sobre o montante apurado no mesmo período de 2018.
Em relação ao comércio de etanol anidro (que é misturado à gasolina), houve um crescimento de 16,35% em relação à mesma quinzena do ano passado, para 382,36 milhões de litros, refletindo as transferências do aditivo para o consumo pela região Norte-Nordeste.
Desde o início da safra, as vendas de etanol pelo centro-sul somaram 3,83 bilhões de litros, com destaque para as vendas internas de hidratado que acumulam alta de 30,85% nesse período.
Fonte: Notícias Agrícolas