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QUEBRA NA SAFRA DO CAFÉ

Além do atraso registrado em relação à normalidade, os trabalhos de colheita, à medida que se desenvolvem pelo cinturão produtor brasileiro de café, revelam aos produtores um cenário indesejado, que é o menor rendimento dos frutos e a queda na produtividade. Desde a virada de 2013 para 2014, o CNC vem alertando para os possíveis impactos que a continuidade das adversidades climáticas poderia causar e, atual e infelizmente, esse cenário vem se consolidando.

A respeito da safra atual, notamos que a falta de chuvas na florada, em setembro e outubro do ano passado, e o veranico, entre dezembro de 2014 e fevereiro deste ano, foram tão intensos que os pés de café não conseguiram reverter o cenário e sofreram os efeitos colaterais dessa deficiência hídrica, apresentando grãos menores e miúdos na colheita, o que reduz a produtividade das lavouras, já que são necessários mais grãos para se encher uma saca de 60 kg. No entanto, o mercado tem a visão equivocada de uma grande safra em andamento.

O CNC, em contato com as cooperativas cafeeiras, recebeu informações que, em média, neste ano, têm sido demandados 25% a mais de café. Normalmente, são utilizadas medidas de 480 litros para o preenchimento de uma saca, porém este ano a média chegou a medidas de 600 litros. Além disso, apenas cerca de 15% dos cafés colhidos são mais graúdos, apresentando peneira 17 acima, ao passo que, em um ano safra normal, o percentual seria superior a 30 pontos.

Esse cenário também é identificado, em menor proporção, nas regiões onde há cafezais irrigados. Isso porque o nível de precipitações abaixo da média reduziu o volume de água disponível, fazendo com que os elevados índices de evapotranspiração — ocasionados pelas altas temperaturas — fossem superiores ao volume hídrico disponível para a irrigação, o que gerou uma quantidade além do normal de cafés miúdos.

O recebimento de café por parte das cooperativas brasileiras é um claro indicador da perda de produtividade nas lavouras. Sabemos que o atraso na colheita também interfere na quantidade recebida, haja vista que a anormalidade do clima gerou diversos estágios de maturação, mas o fator principal é, de fato, o alto índice de grãos menores. Segundo cálculos do CNC, na safra 2015, as cooperativas têm apresentado queda de 20% no recebimento do café em relação à temporada antecedente.

No que tange à colheita, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulgou comunicado, na quinta-feira (30), informando que os trabalhos já se encerraram nas áreas produtoras de conilon. Sobre a variedade arábica, a instituição apontou que as principais regiões do Brasil chegaram ou superaram levemente a metade do previsto, com exceção para a Mogiana Paulista, cuja cata se encontra em níveis levemente superiores a 40%.

Por fim, o Conselho Nacional do Café destaca, ainda, que o clima não voltou à normalidade nas áreas produtoras do Brasil, o que, certamente, deverá impactar de forma negativa o volume a ser colhido em 2016. Entretanto, é necessário aguardarmos o término da colheita atual e o início das próximas floradas para que possamos apurar melhor o desempenho que poderá ser apresentado no ano que vem.

Nesta semana, o Diário Oficial da União (DOU) trouxe a publicação dos primeiros contratos assinados entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e os agentes financeiros interessados em operar os recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) na safra 2015. Desde terça-feira (28), o Governo já disponibilizou um montante de R$ 1,293 bilhão, volume que corresponde a 31,27% do orçamento total do Fundo — R$ 4,136 bilhões — e está destinado às linhas de financiamento de Estocagem, Custeio, Aquisição de Café (FAC) e Capital de Giro para Cooperativas e Indústrias de Torrefação e Solúvel, conforme ilustra gráfico abaixo (clique para ampliar).

Diante da ausência de novidades nos fundamentos do mercado, o movimento das cotações futuras do café arábica tem sido influenciado principalmente pelo dólar e por indicadores técnicos. O verão no hemisfério norte mantém a demanda desaquecida e os produtores também seguram as vendas, no aguardo de preços mais remuneradores.

No Brasil, a moeda norte-americana encerrou a sessão de ontem a R$ 3,3710, com variação de 0,7% em relação à última sexta-feira e atingindo o maior valor desde março de 2003. Os principais fatores que influenciaram a taxa de câmbio foram a definição dos juros básicos das economias nacional e dos Estados Unidos, as especulações sobre o futuro do programa de swap cambial do Banco Central do Brasil e as preocupações quanto ao desempenho econômico da China.

Na ICE Futures US, o vencimento setembro do Contrato C encerrou a quinta-feira a US$ 1,249 por libra-peso, acumulando discreta valorização de 265 pontos em relação ao fechamento da semana passada. As cotações do robusta, negociadas na  ICE Futures Europe, não registraram variação significativa. O vencimento setembro/2015 fechou o pregão a US$ 1.648 por tonelada, acumulando discreta queda de US$ 2 desde a última sexta-feira.

No mercado físico nacional, o Cepea avalia que houve aquecimento pontual dos negócios devido à recuperação dos preços observada nos últimos dias. A desvalorização do real ante o dólar ajudou a potencializar a alta internacional das cotações do Contrato C. Ontem, os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 428,62/saca e a R$ 313,01/saca, respectivamente, com variação de 3,4% e 0,8% em relação à semana anterior.

Fonte: CNC



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