Embora sejam a “menina dos olhos” do agronegócio, os projetos de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) não têm deslanchado, como se esperava, com subsídios públicos. Grande parte dos projetos em andamento é mantida com recursos dos próprios produtores, que acreditam na viabilidade da estratégia para aumentar o aproveitamento das terras integrando as várias atividades, mas não conseguem contratar os recursos anunciados pelo governo, que no ano safra 2014/2015 chegaram a cerca de R$ 9,5 bilhões.
Os recursos são liberados pelo Banco do Brasil, que opera o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro- -Oeste (FCO) e, desde 2010, também o FCO ABC (agricultura de baixo carbono), em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Para a safra 2014/2015 foram anunciados R$ 4,9 bilhões para investimento em agricultura de baixo carbono e custeio na aquisição de touros e matrizes.
A outra fonte é o BNDES, que ofertou R$ 4,5 bilhões para o Programa ABC. Os recursos são direcionados para investimento e podem ser contratados por intermédio de bancos credenciados em todo o País. Dependendo do projeto, 30% do valor contratado podem ser utilizado para aquisição de genética.
- A partir do próximo ano- -safra poderemos contar também com a Caixa Econômica Federal, com a linha ABC-BNDES – diz a consultora e zootecnista Maria Eloá Rigolin.
Ela é diretora executiva da Produzoo, sediada em Ivinhema, a 300 km de Campo Grande, MS, e que presta serviços na execução de projetos de ILPF.
- Se o produtor já trabalha com excelência em uma das três áreas, ou consegue arrendar o pasto para a agricultura, por exemplo, reduz os custos com a instalação da integração e aumenta as chances de aprovar seu projeto. Por meio de visitas, o banco monitora o projeto para confirmar se o plano apresentado está em andamento. Caso o produtor não comprove, com notas fiscais e da execução do trabalho, que as etapas estabelecidas estão sendo cumpridas, pode ter o contrato ressarcido e a obrigação de quitar imediatamente o valor já contratado”, avisa Rigolin.
“A ferramenta é fantástica. São várias linhas de créditos que contemplam a agricultura de baixo carbono com juros baixos e prazo para pagamento viável. Mas quem consegue acessá- -las?” questiona Maria Eloá. Com 15 anos de experiência no segmento, a consultora estima que, de cada dez projetos que a Produzoo formata para acessar os financiamentos públicos, apenas três são aprovados. Para ela, falta conhecimento, de parte a parte.
– Nosso primeiro desafio é o convencimento dos produtores, especialmente dos mais tradicionais, de que a tendência é a ILPF e de que haverá cada vez menos espaço para a monocultura – aponta Maria Eloá.
Ela atende produtores, pecuaristas principalmente, em Mato Grosso do Sul (Ivinhema, Ribas do Rio Pardo, Campo Grande e Angélica) e Paraná (Paranavaí e Diamante do Norte). “A outra ‘peleja’ é nos bancos”, continua.
– A consultoria elabora a proposta e o projeto técnico de viabilidade econômica, com todas as garantias exigidas, e entrega a documentação na instituição financeira. A avaliação pode levar mais de 90 dias e, muitas vezes, a aprovação, quando é concedida, chega depois dos prazos viáveis para o início de um plantio – argumenta ela.
– Trabalhamos com uma atividade que depende do clima – justifica Maria Eloá. Em 2014, a Produzoo obteve a aprovação de apenas um projeto de ILPF, após 20 meses de espera.
Fonte: Portal DBO