O Brasil deverá produzir um recorde de 97,8 milhões de toneladas de soja em 2015/16, alta de 3,2 por cento ante 2014/15, mas boa parte deste volume adicional ficará estocado no país, com pouca repercussão nos volumes exportados, estimou nesta segunda-feira a associação que reúne as grandes indústrias e tradings do setor.
Os embarques do grão deverão subir apenas 0,8 por cento em 2016 e o processamento cairá 0,2 por cento, enquanto os estoques de soja ao final do próximo ano deverão saltar 110 por cento, disse a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
As reservas de soja no país ao fim de 2016, projetadas em 4,39 milhões de toneladas, serão as maiores desde 2011 e voltarão ao patamar médio do período entre 2005 e 2010.
A recuperação dos estoques será em decorrência de um crescimento de embarques do Brasil no menor ritmo em quatro temporadas e de uma estabilização no esmagamento.
As exportações brasileiras foram projetadas em um recorde de 52,8 milhões de toneladas, ante um volume revisado de 52,4 milhões de toneladas.
- Tem disponiblidade de soja fora do Brasil – disse à Reuters o analista econômico da Abiove, André Aguiar, referindo-se à grande oferta principalmente do maior concorrente do Brasil, os Estados Unidos, que estão começando a colheita de uma safra perto de recorde, de 107 milhões de toneladas.
As exportações também não crescerão muito no Brasil em 2016 porque o volume de 2015 está cada vez mais elevado.
Em agosto, a Abiove havia previsto embarques para este ano de 50,3 milhões de toneladas. O ajuste de 2,1 milhões na previsão deve-se ao bom desempenho das vendas externas nos últimos meses, favorecido pela competitividade proporcionada pelo real desvalorizado, explicou Aguiar.
Em relação ao processamento doméstico de soja do Brasil, a associação das indústrias prevê uma pequena queda, para 40 milhões de toneladas.
- Temos um desequilíbrio no acúmulo de créditos tributários no país. Não tem como avançar muito no esmagamento enquanto isso não for resolvido – destacou o analista da Abiove.
Projeções Divergentes
A previsão de safra de 97,8 milhões de toneladas é conservadora, se comparada à de analistas e outras entidades do setor.
Uma pesquisa da Reuters com 14 diferentes fontes, apontou na semana passada, para uma projeção média de 99,5 milhões de toneladas. A estimativa da Abiove desta segunda-feira ficaria à frente de apenas outras três previsões.
- Nessas primeiras projeções a gente acaba pegando uma média do que as empresas estão enxergando. Algumas estão prevendo uma safra maior, perto de 100 milhões, mas outras estão com um perfil conservador – disse Aguiar, negando-se a revelar outros detalhes das projeções das empresas associadas.
A safra brasileira está começando a ser plantada nos principais Estados produtores, como Paraná e Mato Grosso.
O clima nesta temporada, sob influência de um forte El Niño, poderá tornar mais difíceis as projeções de safra, uma vez que o fenômeno climático provoca grandes volumes de chuvas no Sul, irregularidade nas precipitações no Centro-Oeste e seca no Nordeste.
Fonte: Reuters