Um grupo de mulheres de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), está seguindo os passos do empreendedorismo rural. Após participarem do Programa Mulher Atual, promovido pelo Sistema FAEP/SENAR-PR, o trabalho de conclusão do curso resultou na criação de uma feira de produtos artesanais.
“O curso tem como requisito obrigatório uma ação empreendedora que deve ser baseada na sustentabilidade. Nós tínhamos muitas mulheres com perfil empreendedor na turma, mas, até então, sem tirar os planos do papel. O curso fortaleceu o grupo e revelou o potencial dessas mulheres”, afirma a instrutora do SENAR-PR, Joelma Kapp.
A primeira edição da Feira Agro Mulher ocorreu em setembro de 2022, em um centro de equitação, em Campo Largo, durante uma competição. A mesa de produtos para comercialização era composta de pães, bolachas, geleias, conservas, vinhos, sucos, bolos, doces, cervejas, artesanatos e flores – tudo produzido pelas mulheres do grupo. Com o sucesso, o plano é continuar com o projeto, montando uma feira itinerante no município.
“Fizemos projetos para angariar recursos para montar a feira. Estamos nos planejando para continuar divulgando os nossos produtos e gerando renda para que todas as mulheres continuem investindo nos seus negócios”, aponta Rebeca Dias de Alcantara Cidade, empreendedora e facilitadora do grupo.
O Sindicato Rural de Campo Largo aparece como um importante parceiro nessa trajetória. “Estivemos presentes em algumas etapas do Mulher Atual, valorizando e destacando a importância da participação das mulheres. O sindicato está à disposição do grupo para auxiliar nos projetos desenvolvidos”, destaca a presidente da entidade, Marilis Borgo Karachenski.
Rota turística
Num segundo momento, existe a proposta de criar uma rota turística na Colônia Mariana, em Campo Largo. Antes mesmo do Programa Mulher Atual, o grupo de mulheres da região já se reunia para viabilizar capacitações que pudessem auxiliar na profissionalização das propriedades no ramo turístico.
O primeiro curso ocorreu em 2019. A capacitação “Produção artesanal de alimentos – geleias, doces de corte e doces pastosos” serviu de pontapé inicial para que as mulheres continuassem buscando novos cursos do SENAR-PR, como conservas, molhos e temperos, panificação, mandioca e derivados do leite. O grupo, então, começou a viabilizar cursos na área de turismo rural e estabelecer contato com a prefeitura para apoio ao projeto.
O Mulher Atual veio na sequência, por sugestão da instrutora do SENAR-PR, que já havia ministrado outros cursos ao grupo. “O SENAR-PR foi importante ao longo do processo. As mulheres têm crescido pessoal e profissionalmente. Sem o auxílio da entidade, nada disso teria acontecido”, destaca Rebeca.
A empreendedora, que já possui uma agroindústria em funcionamento, passou a fornecer ajuda e orientação para as demais mulheres do grupo. “É um processo que leva tempo. Nem todas as mulheres têm a cozinha devidamente regularizada. A feira ajuda a gerar recursos e concretizar esse sonho”, diz.
A rota turística da Colônia Mariana ainda está em desenvolvimento. A empreendedora Rita de Cássia Garzaro Ferreira está construindo um restaurante rural na propriedade e, segundo ela, é resultado dos cursos do SENAR-PR.
“Eu quero preparar comida caseira, feita em fogão a lenha, e continuar fazendo pães e conservas para vender no local. A ideia é ter produtos para vender de todos os cursos que fiz”, adianta Rita, que já possui um pequeno negócio de venda de pães, bolachas, cucas e massas de macarrão.
Os planos da empreendedora não param por aí. No futuro, ela quer investir na comercialização das verduras produzidas no sítio, em um pequeno haras e, quem sabe, em uma parceria com os pais para produzir vinho. “Queremos que as pessoas da cidade venham conhecer a realidade da roça”, almeja. “O Mulher Atual mudou meu lado empreendedora. Tudo está saindo do papel”, complementa.
Na avaliação de Angela Niczsche, que também participou do Mulher Atual e de outros cursos do SENAR-PR, as mulheres não se davam conta do próprio potencial. “A maioria ainda está na informalidade por causa da burocracia, principalmente em relação aos quesitos fitossanitários. Mas todas querem se profissionalizar. O Mulher Atual deu o suporte necessário, fortalecendo a rota turística”, relata.
Angela, que é médica veterinária e possui um consultório, participou da feira como um teste, o que permitiu um retorno positivo em relação às bolachas e tortas alemãs que colocou à venda. “Tenho que aprender mais sobre precificação, rotulagem e outros fatores. Eu e meu filho pensamos em abrir um café colonial, por isso estamos fazendo todos esses cursos. O que hoje seria uma renda extra, pode se tornar o carro-chefe”, planeja.
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Fonte: Sistema FAEP