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PRODUZIR FRUTAS PARA RECUPERAR TERRAS DEGRADADAS

Agricultores de base familiar engajados na produção de frutas nos municípios de Porto Grande e Ferreira Gomes, no estado do Amapá, são parceiros de uma iniciativa com potencial para transformar áreas degradadas em pomares repletos de abacaxi, açaí, banana e cupuaçu. Por meio do projeto “Tecnologias sustentáveis para o fortalecimento da fruticultura na Amazônia (TecFrut)”, a Embrapa instalou ao longo de 2019 nove experimentos de cultivo destas frutíferas, em localidades de produtores, totalizando 35 visitas técnicas para monitoramento dos plantios. O projeto é liderado pela Embrapa Roraima, com financiamento do Fundo Amazônia, e no Amapá a equipe é liderada pelo pesquisador Antonio Claudio Almeida de Carvalho, coordenador e responsável pelas áreas de consórcio Acaí/Cupuaçu; Aderaldo Gazel, responsável pela cultura do abacaxi, Jackson Santos, responsável pela cultura da banana e Edyr Batista, responsável pelo cupuaçu; além dos pesquisadores Nagib Melém e Silas Mochiutti que coordenam os experimentos de adubação e manejo de açaí de terra-firme, respectivamente.

Seguindo o ciclo de chuvas na Amazônia, é no início do ano que acontece o plantio. Período de inverno na região. Portanto, no primeiro trimestre de 2019 começaram os trabalhos voltados para experimentação junto com os agricultores. Antes disso, houve um cuidado com os preparativos. Em 2018, fizeram a seleção das áreas, preparos das mudas e planejamento das atividades. Ainda na primeira etapa foi elaborado um levantamento para conhecer experiências dos agricultores no cultivo consorciado de açaí e o cupuaçu, e em seguida identificados os produtores interessados nesse sistema de cultivo; ao mesmo tempo em que eram produzidas as mudas para implantar as Unidades de Referência Tecnológicas (URTs).

“Visando difundir essas práticas importantes para a fruticultura do Amapá, a equipe programou para 2020 uma ação de transferência de tecnologias dirigidas a extensionistas rurais, agricultores e estudantes, englobando curso de formação, palestras, dia-de-campo e visitas técnicas monitoradas”, destacou Carvalho.

Recuperação de cupuaçuzais atacados pela vassoura-de-bruxa

Com relação ao cupuaçu, foram instaladas três Unidades Demonstrativas em áreas de produtores dos pólos Colônia Agrícola do Matapi e Perimetral Norte (município de Porto Grande), incluindo o trabalho de recuperação dos cupuaçuzais atacados com a doença vassoura-de-bruxa. Os produtores parceiros, Antônio Gadelha e Aumari Catarino Candido (Colônia do Matapi) e Pedro Paula da Luz (Perimetral Norte) foram selecionados a partir de critérios como possuem áreas tituladas; facilidade de acesso às propriedades e a distância entre elas a fim de facilitar as visitas técnicas e participação em treinamentos; e o perfil de liderança dos agricultores.

Os resultados têm sido relevantes. O relatório de atividades de 2019 ressalta que “em áreas totalmente infestada de vassoura-de-bruxa, as plantas que tiveram copa refeita com os novos clones, estão totalmente imunes. Algumas já estão até frutificando”. Com o envolvimento dos agricultores, os técnicos da Embrapa pretendem contribuir para reverter uma realidade adversa encontrada, desde a baixa produtividade pela falta de manejo cultural básico até a ocorrência severa da vassoura-de-bruxa na região. Na condução da instalação das Unidades de Referência, foi utilizado calendário diferenciado de manejo para cada área, exceto para recuperação da fertilidade dos plantios, através da adubação química, considerando que nenhuma das propriedades possuem irrigação e por isso é necessário conciliar a prática com o período chuvoso da região.

Cultivares de bananas resistentes a Sigatoka negra

Três Unidades de Referência Tecnológicas (URTs) de banana foram instaladas no município de Porto Grande, onde está a maior concentração de produtores desenvolvendo a fruticultura no estado do Amapá. A equipe do projeto TecFruti viabilizou o plantio de mudas das cultivares resistentes a doença Sigatoka negra (BRS Pacovan Ken, BRS Pacoua) e de cultivares moderadamente resistentes (BRS Japira, BRS conquista e Galil18). Esta iniciativa atende a determinados objetivos do projeto, que é difundir os materiais genéticos de banana com qualidade superior, dentro dos requisitos do mercado e de resistência e tolerância às principais doenças que ocorrem em bananais na região amazônica, assim como promover o intercâmbio de conhecimento e tecnologias, e contribuir com a introdução de novas técnicas de manejo da cultura da bananeira e formação de agentes multiplicadores. Desta forma, está introduzindo na região materiais genéticos oriundos da Embrapa Mandioca Fruticultura (Cruz das Almas /BA) para viabilizar, em médio prazo, opções de cultivos de banana tipo prata e tipo nanica.

Experimento de abacaxi no Instituto Federal do Amapá

Por meio do projeto TecFruti também começaram a funcionar duas Unidades Demonstrativas de abacaxi, com procedimentos tecnológicos tradicionais e técnicas agrícolas aplicadas visando melhorar os indicadores de produtividade, sustentabilidade ambiental e retorno econômico aos produtores. Uma Unidade Demonstrativa foi instalada no município de Ferreira Gomes, na área do agricultor Antonio Alves da comunidade de Terra Preta; e outra foi instalada no município de Porto Grande, na área do Instituto Federal do Amapá (IFAP). Uma das metas da equipe do projeto é instalar uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) de cultivo de abacaxizeiros utilizando filme plástico (Mulching), a fim de posicionar os agricultores locais no uso deste insumo que oferece vantagens no manejo e na redução dos custos de produção.

Antonio Claudio lembra que, embora as duas Unidades Demonstrativas tenham como objetivo a multiplicação de material genético de qualidade superior, a área instalada na propriedade da agricultora visa a familiarização de pequenos produtores da comunidade com novas técnicas de produção, enquanto a Unidade instalada no IFAP visa, além de formar agentes multiplicadores, disseminar material genético de qualidade superior (cultivares Imperial, Vitória, Ajubá e IAC Fantástico) e servir como apoio didático aos alunos da área de ciências agrárias, muitos deles de famílias de produtores familiares da região.

Cultivo de açaí em terra firme

No segmento de cultivo de açaizeiros em terra firme, o projeto TecFruti possibilitou em 2019 uma capacitação composta de minicurso em diferentes áreas do conhecimento, ministrado por pesquisadores da Embrapa (Amapá e Embrapa Amazônia Oriental, do Pará) e da Universidade Federal do Acre, com participação de quase 50 pessoas entre produtores e extensionistas; além de um Dia de Campo onde foram demonstrados resultados dos experimentos de cultivo de açaizeiros em áreas de terra firme instalados há quase quatro anos no Campo do Cerrado, unidade da Embrapa Amapá localizada no KM 45 da BR-156.

“Este Dia de Campo contou com a presença de quase 250 participantes, entre extensionistas, produtores, técnicos, estudantes e professores e gestores de instituições de fomento do setor agrário do Amapá”, observou Antonio Claudio.

O Dia de Campo marcou a instalação da Unidade de Referência Tecnológica (URT´s) do cultivo do açaí em terra firme, em ecossistema de cerrado. A área total é de 3,3 hectares, onde são desenvolvidos estudos para a indicação de adubação, espaçamento e irrigação de açaizeiro em terra firme.

De acordo com Antonio Claudio, “os resultados obtidos até o momento são importantes para atender as principais demandas recebidas pela Embrapa Amapá no que se refere ao cultivo do açaí”.

Outra capacitação realizada no âmbito do cultivo de açaí em terra firme, através do TecFrut, foi a apresentação dos resultados da URT do Amapá durante a VII Semana Acadêmica da Faculdade Ulbra, na cidade de Santarém (oeste do Pará), onde o pesquisador da Embrapa Amapá Nagib Melém, ministrou um minicurso sobre cultivo de açaizeiro em terra firme abordando tratos culturais, adubação e irrigação; seguida de palestra sobre o mesmo tema no distrito de Monte Alegre, município de Almeirim (Pará) a convite do Ideflor-Bio.

Cultivo Consorciado com espécies frutíferas

O sistema de cultivo de açaí em terra firme, consorciado com outras espécies frutíferas, está sendo testado no âmbito do Projeto TecFruti no Amapá, como alternativa para produtores de baixo poder aquisitivo que encontram-se na linha de dificuldade de acesso a esta tecnologia. “É uma opção de sistema de produção com menor impacto, a princípio com significativa redução do insumo água para fins de irrigação que sistema de cultivo “solteiro” exige, além de energia elétrica e mão-de-obra”, explicou o pesquisador Antonio Claudio Almeida de Carvalho.

Já foram instaladas duas Unidades de Referência Tecnológicas em áreas de produtores, no ramal do Vicente, distrito do Paredão, município de Ferreira Gomes; e na Linha B da Colônia Agrícola do Matapi, no município de Porto Grande. As URT’s dessas áreas estão demarcadas e prontas para receber os plantios no início do período chuvoso. Além de instalação das URT’s com a demonstração do cultivo do açaí consorciado, está sendo realizado um estudo sobre a situação atual, no estado do Amapá, dos cultivos de açaizais instados pela Embrapa, tanto solteiros quanto consorciados.

Fonte: Embrapa



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