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PRODUTOS ORGÂNICOS

O Brasil precisa tirar o atraso dos últimos 10 anos. Temos que reatar tratativas de acordos comerciais com os blocos europeu e americano e formalizar a equivalência de certificação com o Chile

O mercado global de produtos orgânicos é território fértil para inovação e novos empreendimentos, já que os consumidores buscam alimentos nutritivos, limpos e saudáveis para suas famílias e para o meio ambiente. Além disso, estão dispostos a pagar mais pela credibilidade resultante do comprimento das regulamentações feitas para garantir qualidade e segurança.

Os orgânicos são produzidos em mais de 180 países, mas apenas 87 têm regulamentação própria. O dado é da IFOAM (Internacional Federation of the Organic Agriculture Movement), que ainda revela: 1,2% das terras agriculturáveis do planeta – algo em torno de 58 milhões de hectares – são ocupadas por cerca de 2,7 milhões de produtores orgânicos.

Nos Estados Unidos, pesquisa de perfil do consumidor feita pela Organic Trade Association detectou que o comércio de produtos orgânicos é maior entre a geração Milênio (18-35 anos). 25% dos que consomem orgânicos são novos pais. Daqui a 10 anos, 80% desses jovens já serão pais e impulsionarão ainda mais o mercado.

O negócio mundial de orgânicos, que fatura cerca de 90 bilhões de dólares, estará reunido neste mês de fevereiro na maior feira mundial do setor: a Biofach em Nurenberg, na Alemanha, que promove o encontro de 2.900 expositores com mais de 50 mil compradores de 134 países. O Brasil estará presente.

Mas qual é a posição do Brasil neste contexto? Os Estados Unidos representam quase a metade do mercado mundial, seguidos por Alemanha, França, China e Canadá. Por aqui, o segmento dos orgânicos ainda é um nicho se compararmos seus números aos do agronegócio, mas pela grande variedade de produtos e lançamentos já pode ser considerado como mainstream. Nosso varejo investe para formar cadeias de fornecedores mais seguras, ampliar a rastreabilidade informando de onde vêm os produtos. O objetivo é fidelizar o consumidor.

Os Estados Unidos representam quase a metade do mercado mundial, seguidos por Alemanha, França, China e Canadá”

Após 15 anos de regulamentação, os dados sobre o segmento ainda são limitados. O cadastro dos produtores do Ministério da Agricultura diz que há pouco mais de 18 mil unidades produtivas. Mas em 2011 elas eram cerca de 4 mil. O faturamento do setor em 2018 será de R$ 4 bilhões. Segundo o Programa Organics Brasil, teremos um aumento de 10% nas exportações, atingindo perto de US$ 130 milhões de dólares. Todo este crescimento se revela também no número de expositores da principal feira do setor no Brasil: a Bio Brazil Fair/Biofach América Latina, que espera crescer pelo menos 20%.

Uma pesquisa do Organis apontou que cerca de 15% da nossa população tem o hábito de consumir orgânicos. Revelou também uma importante janela de oportunidade para os empreendedores: 84% deles ainda não fixaram na mente uma marca de orgânicos. Outro fato relevante: três empresas multinacionais compraram as três principais marcas de produtos saudáveis e orgânicos, originárias de empresas locais e familiares. O consumidor está fazendo pressão por novos produtos.

Se queremos crescer internamente, não podemos ignorar as ações externas, achando que sozinhos desenvolveremos o nosso mercado de orgânicos”

O Brasil precisa tirar o atraso dos últimos 10 anos. Temos que reatar tratativas de acordos comerciais com os blocos europeu e americano e formalizar a equivalência de certificação com o Chile. Se queremos crescer internamente, não podemos ignorar as ações externas, achando que sozinhos desenvolveremos o nosso mercado de orgânicos.

Isso não é abrir a porteira, nem é perder a soberania! Significa conviver com um mercado que hoje é complexo, biodiverso e sustentável.

Fonte: Globo Rural



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