Gado e Carrapato

PRODUTORES RURAIS BUSCAM SOLUÇÃO PARA OS CARRAPATOS

Em uma das regiões da Campanha com grande problema de infestação de bovinos pelo carrapato, as Palmas em Bagé/RS, está a Associação para Grandeza e União das Palmas (AGrUPA), que, como tantas outras, enfrenta o desafio do controle deste parasita em suas propriedades. Para enfrentar este desafio, salienta a pesquisadora Claudia Gomes da Embrapa Pecuária Sul, é preciso ter estratégia. A capacitação de técnicos e o esclarecimento de produtores é parte essencial para a resolução deste e outros desafios da cadeia produtiva. Dentro dessa lógica, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (Comder) do município de Bagé, presidido pela pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul, Renata Suñé, buscou parceria com os técnicos locais da Emater para atender 26 pequenos e médios produtores rurais, que de forma gratuita receberão orientação neste e outros temas.

No dia 28 de novembro, foi realizada a primeira ação do grupo que reuniu pecuaristas na sede da Associação em atendimento a uma demanda direta dos produtores rurais para ouvir dicas sobre como enfrentar o problema do controle do carrapato, conta Suñé. Renata ressalta que essas ações estão totalmente alinhadas ao objetivo do Conselho que é de estabelecer prioridades para as políticas de desenvolvimento rural através de ações e parcerias entre entidades ligadas ao agronegócio para o desenvolvimento rural da região. O Comder é formado por representantes da Embrapa, Secretaria de Desenvolvimento Rural, Emater/RS, Sindicato e Associação Rural, IFSul, Unipampa, Urcamp, Secretaria de Agricultura do Estado, IRGA e Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

O próximo passo do Conselho para 2020, nas Palmas, destaca Renata, é capacitar os técnicos da Emater para, junto aos produtores, realizar coletas de carrapato para monitoramento do grau de resistência aos carrapaticidas nas propriedades, o primeiro passo para o planejamento de uma estratégia de controle eficiente. Também há o planejamento de ampliar a ação para outras regiões do Estado.

Biocarrapaticidograma

Biocarrapaticidograma é o nome do teste laboratorial que estima a sensibilidade do carrapato aos produtos químicos usados no seu controle.

“Ao menos uma vez por ano é importante que o produtor faça o teste de sensibilidade aos carrapaticidas”, sugere a pesquisadora Claudia.

Durante os testes, conseguimos detectar qual acaricida os carrapatos daquela propriedade já estão tolerantes, explica Cláudia. E, ainda, com o resultado podemos indicar qual a base química que poderá ser usada em substituição, para que a troca do produto seja feita com a segurança de que o tratamento será eficaz. O resultado do teste fica pronto em torno de 40 dias. Este tempo é necessário para avaliar o efeito do carrapaticida sobre as fêmeas adultas do carrapato e sobre os ovos que ela produz.

O animal infestado com carrapato pode ter anemia, perda de peso, lesões no couro, e aumentar em até quatro vezes a frequência de bicheiras, além da transmissão da Tristeza Parasitária Bovina (TPB).

Atualmente, não existem produtos novos no mercado e o carrapato já pode estar resistente aos existentes, salienta Claudia. As raças europeias são as mais propensas ao parasitismo. O clima frio, ao mesmo tempo em que ajuda no controle do carrapato, torna o controle da TPB mais desafiante em nossa região, salienta a pesquisadora, porque a alternância do aumento do carrapato nos meses quentes e a diminuição do período mais frio aumenta o risco de animais sensíveis a esta doença.

O produtor precisa lidar com muitas atividades no seu dia a dia e sempre é recomendável buscar um profissional, um médico veterinário, que irá ajudar nas recomendações de ações do controle do carrapato, no uso da forma correta do carrapaticida, considerando o manejo correto do rebanho e dos campos.

Quando o técnico chega à propriedade, primeiro ele precisa fazer o diagnóstico da situação, levantando informações sobre como está o estado nutricional do rebanho, pois um animal que não está se alimentando adequadamente fica mais sensível à infestação. Ele precisa saber também qual raça que é criada, o tipo de sistema de produção, como se dá a venda e a aquisição de animais etc. Tudo isso, salienta Claudia, influencia no grau de infestação dos campos pelo carrapato e deve ser levado em conta. O profissional também avalia o histórico de como o produtor faz o controle do carrapato e se já teve ou tem problemas com a TPB, visando estimar possível risco de surtos. É importante fazer o teste de sensibilidade dos carrapaticidas comerciais para ele ter o apoio de um exame que mostre qual o carrapaticida aquela população desse parasita é sensível. Este exame pode ser feito gratuitamente, tanto na Embrapa Pecuária Sul quanto pela Secretaria da Agricultura (SEAPDR)/IPVDF. “O controle deve ser visto pelos produtores como um investimento”, finaliza Claudia Gomes.

Fonte: Embrapa



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