Heloisa Collins herdou o sítio da família: três hectares de terra escondidos em meio às montanhas da Serra da Mantiqueira, em Joanópolis, São Paulo. A ex-diretora do departamento de inglês da PUC-SP viu neste cenário uma opção de vida para depois da aposentadoria.
Para quem viajou mundo afora e fez doutorado na Inglaterra, criar cabras e fazer queijos podia parecer uma atividade simples, mas dona Heloisa decidiu se especializar e investiu em um rebanho de cabras e reprodutores das raças Toggenburg e Saanem.
Dona Heloisa conhece cada animal e a histórias deles. Já os machos não recebem nome, porque não ficam na criação. Lição aprendida com a experiência.
- O primeiro lote de machos que a gente teve, a gente deu nome para todos. Tinha um que chamava Jesus, porque nasceu na noite de Natal. Daí como você ia mandar Jesus para o abate? – conta a produtora.
Este é um capril diferente. Além da produção de leite, o lugar funciona também como atrativo para turismo rural. A limpeza é fundamental. O esterco é recolhido todos os dias e ensacado uma vez por semana para virar adubo.
As cabras ficam no pasto a maior parte do dia. O sistema é rotacionado com divisão em nove piquetes. Mas para ter um leite de qualidade, a braquiária não pode ser a única fonte de alimentação. O cardápio balanceado é fornecido no cocho com ração e volumoso. As ordenhas são manuais, uma de manhã e outra à tarde.
O capril hoje tem 25 cabras lactantes e uma produção média de 50 litros de leite por dia. Outros 80 litros são cobrados de dois produtores. E tudo vira queijo fino. A queijaria segue todas as normas exigidas para obter o selo de comercialização. Tem paredes de azulejo, câmaras frias separadas para cada categoria e maquinário em inox. São quatro funcionários e dona Heloisa coordena todo o trabalho. A limpeza é rigorosa, porque são usados tipos diferentes de mofo para produzir os queijos. A intenção é evitar a chamada contaminação cruzada, quando os mofos se misturam.
Fonte: G1