A área cultivada com milho no Estado na safra 2015/2016 é a menor em 45 anos, desde o início da série histórica. Conforme a Emater, foram plantados apenas 779,9 mil hectares com o grão, uma queda de quase 10% em relação ao ano passado. Na contramão desse cenário, no entanto, há quem tenha decidido arriscar, ampliando a lavoura, e, agora, pode ser recompensando com bons preços e alta produtividade.
É o caso do agricultor Edenir Rosso, 58 anos, da localidade de Santa Gema, em Passo Fundo, na Região Norte. Ao contrário de seus vizinhos, o produtor aumentou a área cultivada com milho em 30%, chegando a 13 hectares, e manteve 80 hectares destinados à soja. Com o clima colaborando, Rosso, que investiu em adubação e uma variedade resistente do grão, espera colher cerca de 200 sacas por hectare – quase o dobro da média do município, que é de 110 sacas por hectare.
– Trabalho há 40 anos na agricultura, e acho que é uma das melhores safras, pois o clima está ajudando – disse.
O agrônomo da Emater Cláudio Dóro, assistente técnico em Passo Fundo, confirma a impressão do produtor. Segundo ele, se as atuais condições climáticas persistirem pelos próximos 60 dias, a produção gaúcha pode chegar a 5,5 milhões de toneladas, volume muito próximo às 5,6 milhões de toneladas da safra passada.
– Nesta safra, é como se as lavouras contassem com irrigação. O clima para o milho está excelente. Temos três fatores de equilíbrio, que são chuva abundante, temperaturas em elevação e períodos de sol. Se continuar assim, teremos uma das melhores safras em termos de produtividade – avalia.
Cerca de 70% das lavouras no Estado encontram-se nas fases de floração e de enchimento de grão, etapas consideradas mais suscetíveis à falta de umidade. No último levantamento de safra, divulgado em dezembro, a Emater projetou a colheita de 4,4 milhões de toneladas no Estado, com produtividade estimada em 5,6 mil quilos por hectare (o equivalente a cerca de 93 sacas). Esses números, contudo, deverão ser revisados. A produtividade pode chegar a 7 mil quilos, informa Dóro.
– O que compete ao agricultor agora é monitorar a lavoura, atentando principalmente para pragas do final de ciclo, como a lagarta- da-espiga. No mais, é torcer para que o clima continue colaborando – acrescenta o agrônomo.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Milho do RS (Apromilho), Cláudio Luiz de Jesus, o preço baixo na época do planejamento da lavoura, além dos custos de produção maiores que os da soja, foram decisivos para os agricultores diminuírem a área. Segundo ele, como é um ano de El Niño, a maioria dos produtores “perdeu uma bela oportunidade de ganhar dinheiro”. No levantamento de 28/12 a 1/1/2016, de acordo com a Emater, a saca de 60 quilos era negociada, em média, a R$ 30,08, alta de 11,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
– O Brasil está colhendo sua maior safra de milho. O preço teria que ser baixo, mas a demanda mundial está boa. O país passou a ser um grande exportador e o dólar alto está ajudando – explica.
Fonte: Zero Hora