Se fosse uma bolsa de apostas quase todo mundo teria perdido ao acreditar que as lavouras mais tardias de soja, em Mato Grosso, trariam rendimentos significativos para a o ciclo 2015/16. De uma expectativa de recorde por hectare desde a safra 2010/11, o que se tem agora, faltando pouco mais de 100 mil hectares para conclusão da colheita, é um saldo de 47,73 sacas/hectare (sc/ha). Se esse volume se confirmar, ou algo próximo a ele, o resultado será inferior ao observado no ano passado, quando a temporada 2014/15 encerrou com média de 51,91 sc/ha. No entanto, regiões como o norte, podem contabilizar declínio anual de 6,59 sacas por hectare.
Como dizem os produtores ‘no visual’ as lavouras mais tardias estavam bonitas, tinham stand (porte e uniformidade no tamanho) e pareciam que iam dar muitos grãos. Mas de fevereiro para cá, quando o pico de colheita teve início no Estado, o que se verificou foi a queda semanal das médias de produtividade por região, e consequentemente, no Estado. Conforme projeção do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em sua projeção divulgada em agosto do ano passado, esperava-se naquele momento uma produtividade um pouco acima da safra 2014/15, com estimativa de 52,6 sacas por hectare. “Se esta expectativa se consolidar, a produtividade da safra 2015/16 tende a ser a maior desde a safra 2010/11 quando a média do Estado atingiu 53 sc/ha”.
Ontem, em seu Boletim Semanal, os analistas do Imea voltaram a dar destaque à produtividade da soja, que segue declinando. A colheita da safra 2015/16 da soja está nos seus momentos finais, com 98,9% do total da área de Mato Grosso já fora do campo, dos mais 9,2 milhões de hectares semeados. “Durante a colheita da safra atual a diferença entre as produtividades semanais máximas e mínimas registradas, apresentou diferença de 4,9 sc/ha na média de Mato Grosso, contra a diferença de 1,7 sc/ha, nesta mesma relação da safra passada. Devido à grande heterogeneidade nesta safra, em algumas regiões, a diferença é ainda maior, como é o caso das regiões sudeste, nordeste e oeste do Estado que registraram desigualdade superior a 7 sc/ha”. Ainda como pontuam os analistas, os trabalhos no campo entraram na 14ª consecutiva.
Depois de enfrentar um clima atípico, caracterizado pelo forte El Niño que predomina sobre o atual ciclo, marcado por tempo seco e calor intenso – especialmente entre setembro e dezembro de 2015, quando a safra mato-grossense começava a ser semeada – as lavouras vão mostrando o resultado e o principal deles é a queda no rendimento por hectare, o que para o produtor significa perdas em cifras, é um investimento que foi feito e que ficou sem o retorno esperado. A estimativa de produtores ouvidos pelo Diário é que de o custo de produção para cada hectare de soja desta safra tenha custado o equivalente a 42/43 sacas. Quem perdeu produtividade, perdeu dinheiro, porque terá menos soja para comercializar.
Regiões
Conforme o Boletim da Soja, divulgado ontem pelo Imea, a região norte é a mais afetada na safra 2015/16. De uma média de 53 sc/ha em igual momento do ano passado, agora apresenta saldo de 46,41 sacas, perda de 6,59 sc/ha, a maior registrada em Mato Grosso Em seguida vem a região médio norte recuo de 6,04 sc/ha, ao passar de 52,74 sacas da safra passada para uma média atual de 46,69. No nordeste do Estado, as perdas anuais somam 5,29 sacas, saldo atual de 44,50 sc/ha ante 49,79 sacas na safra passada. No oeste, as perdas são de 1,11 sc/ha, a menor apontada pelo Imea.
Fonte: Diário de Cuiabá
Fonte: Canal do Produtor