As tarifas propostas pela China sobre a soja e outras commodities americanas foram projetadas para atingir o cinturão das fazendas dos EUA, principalmente no Meio-Oeste norte-americano. Cerca de um quarto da soja cultivada nos EUA é atualmente exportada para a China, onde as lavouras são transformadas em óleo e a sobra de farelo de soja é largamente usada como ração para fazendas de suínos, frangos, gado e peixes.
A China, por sua vez, é o maior importador mundial de soja. No ano passado, importou 95,5 milhões de toneladas, ou cerca de US$ 40 bilhões, da commodity. Cerca de um terço da soja veio dos EUA. Na tarde desta quarta-feira na Ásia, pouco depois do anúncio da China, os futuros de soja na Bolsa de Chicago caíram mais de 4% para US$ 9,845 por bushel, o nível mais baixo desde o início de fevereiro.
“É lamentável que isso tenha acontecido”, disse Xiaoping Zhang, diretor da China para o Conselho de Exportação de Soja dos EUA, referindo-se ao plano tarifário do país asiático. A organização representa produtores norte-americanos de soja e outros atores na cadeia de suprimento agrícola, e se opôs ao movimento.
Sem a soja dos EUA, analistas dizem que o fornecimento global da safra seria insuficiente para atender às demandas de longo prazo da China. E se as tarifas forem implementadas, a soja dos EUA pode ter de ser vendida com desconto em relação às culturas da América do Sul.
“Claramente, isso significará que os preços na China serão elevados para soja e óleo de soja, enquanto os preços nos Estados Unidos estarão cada vez mais sob pressão”, disse Stefan Vogel, diretor da Agri Commodity Markets no Rabobank.
Ele observou que as tarifas provavelmente também elevarão os preços do gado e da carne na China, porque produtores vão ter de lidar com rações mais caras.
Fonte: Estadão Conteúdo