O plantio de oliveiras no Rio Grande do Sul deverá ser fortalecido nos próximos anos com o treinamento de técnicos extensionistas, liberação de crédito para investimento e registro de produtos químicos. As ações integram o Programa Estadual de Olivicultura, lançado em julho deste ano. A proposta é consolidar a produção no Estado como uma alternativa de renda no meio rural.
Em novembro, 35 técnicos da Emater foram treinados para disseminar conhecimento nos municípios produtores. A projeção é de que, em três anos, seja possível praticamente duplicar a área cultivada, superando 3 mil hectares.
— É uma cultura nova que precisa muito de assistência técnica e pesquisa — aponta Paulo Lipp João, coordenador da Câmara Setorial das Oliveiras da Secretaria Estadual da Agricultura. Em conjunto com a Embrapa Clima Temperado, de Pelotas, o governo busca também o registro de produtos químicos para uso na cultura e a regulamentação de normas e padrões para produção de mudas de oliveiras.
Conforme Lipp, a proposta deve ser finalizada ainda neste ano para ser encaminhada ao Ministério da Agricultura no começo de 2016.
— Sem nenhum produto químico registrado para a cultura, o produtor corre o risco de posteriormente ter o seu azeite questionado em análises laboratoriais — explica o pesquisador Enilton Fick Coutinho, coordenador de pesquisas com olivicultura da Embrapa Clima Temperado.
Falta incentivo para azeitonas de mesa
Há dois anos, a unidade de pesquisa em Pelotas faz avaliações físicas, químicas e sensoriais de azeites produzidos no Estado.
— Nosso produto é de excelente qualidade, foi inclusive citado em avaliações na Espanha — destaca Coutinho, da Embrapa.
O Rio Grande do Sul é também a única região na América do Sul a ter um zoneamento edafoclimático (condições de solo e clima) para a cultura. O estudo, concluído em 2012, identificou as regiões mais promissoras para a produção de oliveiras. A área preferencialmente indicada é a fronteira com o Uruguai, entre os municípios de Piratini e Quaraí, devido ao relevo com menor declive e o clima com estiagem acentuada. Também são indicadas a Serra, a Campanha e o centro do Estado.
Apesar de reconhecer os avanços nos últimos anos, o presidente da Associação Rio-Grandense de Olivicultores (Argos), Guajará de Jesus Oliveira, lamenta que a maioria dos incentivos esteja voltada para a produção de azeite de oliva.
— É preciso introduzir novas variedades, como azeitonas de mesa, hoje 100% importadas. A atividade é ainda a segunda ou terceira opção de renda do produtor — avalia o presidente da entidade, formada por agricultores, empresários, médicos, pesquisadores e chefs de cozinha.
Para Oliveira, é necessário ampliar o leque de possibilidades na atividade e desenvolver a cultura da forma mais técnica possível.
— Somente dessa forma teremos uma produção sustentável, com vida longa — conclui.
Dicas para quem se interessa pela atividade
– Procure um técnico na área nas prefeituras ou escritórios da Emater
– É preciso avaliar as condições de clima e do solo da propriedade
– As oliveiras precisam de solos drenados, não toleram umidade excessiva no solo
– Consulte o zoneamento agroclimático para a cultura, que indica as regiões da Fronteira-Sul, Serra gaúcha, Campanha e Centro como as mais propícias.
Onde buscar informações técnicas
Programa Estadual de Olivicultura
(51) 3288-6200
Embrapa Clima Temperado
(51) 53 3275-8142
Emater
(51) 2125-3144
Fonte: Zero Hora