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PRODUÇÃO DE COURO

A oferta reduzida de gado em 2015 prejudicou diversos setores da pecuária. Entretanto, os curtumes não foram atingidos porque a baixa demanda mundial por peles coincidiu com a redução de abates. A China, principal comprador de couro brasileiro, reduziu drasticaente as importações do produto neste ano.

Isso não significa que não houve um esforço maior para conseguir matéria-prima. Segundo Elton Bergmann, diretor de compras do curtume A.Bühler, sediado em Ivoti (RS), a busca foi mais difícil, mas possível graças ao bom relacionamento com fornecedores.

- Tive que procurar mais. Deu certo porque temos um grande número de fornecedores espalhados por todo o país. Se não fosse isso, estaríamos perdidos, pois não dá para abastecer só com o volume da região – conta.

O empresário Joel Krummenauer, do curtume Krumenauer, concorda. Ele compra couros tipo wet blue e crust dos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, e estabeleceu uma rede de fornecedores fixos.

- Se for mais longe não compensa. O valor do frete da pele vinda da região Norte, como o Pará, equivale ao mesmo preço de enviar dez containers de navio para a China. É muito caro – diz o empresário.

Mesmo com a demanda por couros menor em todo o mundo, os curtumes consultados por GLOBO RURAL comemoram as vendas este ano. No A.Bühler, as encomendas cresceram tanto que eles tiveram de contratar cerca de 50 novos funcionários para produzir dez mil metros quadrados por dia. Bergmann credita os resultados à tradição da empresa, que em 2015 completa 70 anos.

- Em tempos incertos, o cliente confia em quem vai entregar o pedido conforme o contrato. Muitos curtumes têm transparecido insegurança, o que deixa os compradores com o pé atrás – afirmou.

A única queda registrada no ano – e que já era esperada – foi entre uma coleção e outra. A diferença foi que esse hiato se estendeu um mais do que nos outros anos.

O curtume Kromenauer, que exporta 95% da produção, acha que as feiras internacionais de couro que a empresa participa também abrem espaço para novas negociações, especialmente de couro acabado, que representa 50% da sua produção.

- Produzindo com valor agregado conseguimos ganhar mais dinheiro – diz Joel.

O ano não foi tão ruim também porque, com a alta do dólar, o couro brasileiro ficou mais competitivo. Segundo Eduardo Bello, presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), para que seja vantajoso,

- Nosso produto pode custar, no máximo, 60% do valor pago pelo couro norte-americano, que é superior em qualidade. Atualmente, essa porcentagem está na casa dos 40% – afirmou.

Para o curtume Courovale, que há três anos mirou nas exportações, a valorização da moeda estrangeira ajudou a equilibrar o faturamento de 2015.

- Em 2011, conseguimos o protocolo LWG, o mais importante do couro mundial. Conseguimos fechar negócio com marcas importantes, que consequentemente puxaram outros clientes. Daí decidimos tentar exportar mais, especialmente com a queda de demanda nacional – explica Verônica Meuer, uma das sócias. – Sorte que vimos isso antes. Hoje, há diversos curtumes sofrendo sem trabalho – completa ela.

Porém, os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam para quedas no volume exportado e faturamento. De janeiro a outubro de 2015, o setor exportou 368,3 mil toneladas, 12,9% a menos que 2014, que registrou 422,7 mil toneladas no igual período. Já em valores, a queda foi ainda mais acentuada, de 22,6%. No acumulado deste ano, a soma atinge até o momento US$ 1,9 bilhões, contra US$ 2,4 bilhões nos mesmos meses de 2014.

Fonte: Globo Rural



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